segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Jazz, Japão e Estóicos: Lew Tabackin e Toshiko Akiyoshi, no blog Jazz/Bossas/Baratos



documentário sobre Toshiko Akiyosha, por Renee Cho
Talvez pareça um pouco estranha esta aproximação: Jazz, Estóicos e o Japão... Marco Aurélio, na bela estátua equestre, em Roma, na Praça do Quirinal

Deixo-vos o que diz o meu amigo do blog Bossas/Jazz/Baratos, a propósito do estoicismo, do jazz e de dois jazzistas, que eu desconhecia: uma jazzwoman japonesa, Toshiko Akiyoshi;
e um jazzman americano de Filadélfia, Lew Tabackin...
Lew Tabackin

Com a frase seguinte estou plenamente de acordo:

Muito breve e agitada é a vida daqueles que esquecem o passado, negligenciam o presente e temem o futuro. Quando chegam ao fim, os coitados entendem, muito tarde, que estiveram ocupados a fazer nada.” (dixit Séneca)

Séneca, num desenho de Rubens

“O estoicismo é uma importante corrente filosófica, surgida na Grécia por volta do ano 300 a. C. e que prega que a verdadeira finalidade do homem não reside na busca da felicidade, do prazer ou dos bens materiais e sim na prática da virtude, como uma decorrência lógica do uso da razão.

Criado por um discípulo de Crates de Tebas chamado Zenão de Cítio, o estoicismo se opunha a outras doutrinas filosóficas da época por rejeitar o prazer inconseqüente e por defender uma postura serena diante dos acontecimentos da vida, sejam eles bons ou ruins.O nome dessa corrente advém de “stoa”, que em grego significa pórtico. Trata-se de uma estrutura arquitetônica na qual diversas colunas enfileiradas formavam um corredor, geralmente aberto ao público.
Quase tão comuns nas cidades gregas quanto as ágoras, as “stoae” serviam de palco para cerimônias religiosas ou apresentações artísticas.

Ali, enquanto os mercadores vendiam seus produtos, muitos filósofos costumavam discutir suas teses e idéias, sendo Zenão de Cítio um dos seus mais habituais freqüentadores.
Os estóicos procuravam manter a dignidade mesmo nas situações mais adversas e seus ensinamentos chegaram a Roma, onde foram acolhidos com entusiasmo por pensadores como o imperador Marco Aurélio e Sêneca.

Muitos dos pensamentos deste ilustre filósofo romano encontram-se sintetizados em uma coletânea de textos intitulada “Sobre a brevidade da vida”.

Ali, é possível ler-se:

Muito breve e agitada é a vida daqueles que esquecem o passado, negligenciam o presente e temem o futuro. Quando chegam ao fim, os coitados entendem, muito tarde, que estiveram ocupados fazendo nada.”

O jazz é recheado de estóicos, ainda que alguns deles sequer saibam disso. É o caso de Lew Tabackin.

Provavelmente, seu nome desperta pouca atenção no ouvinte de jazz menos atento, ao contrário do que acontece com a sua esposa, a pianista, compositora, arranjadora e bandleader Toshiko Akiyoshi, bem mais conhecida. Seu nome, inclusive, sequer consta como verbete do colossal “Penguin Guide To Jazz Recordings” (8ª Ed.), um dos guias mais completo do mercado.
Mas esse flautista e saxofonista é um verdadeiro artesão de sons, sempre pronto a surpreender e eletrizar o amante da boa música.

É certo que seus álbuns não provocam estrépito nas lojas de disco – aliás, ainda existem lojas de disco? – e nem causam furor nas paradas de sucesso.

Mas, como dizem os americanos: “Who cares”? Lew quer mais é se divertir e encantar o ouvinte, fazendo a sua música sem se preocupar com o mercado ou com as gravadoras. Se junto com isso vierem alguns dólares, euros ou ienes, melhor ainda!

Ele nasceu no dia 26 de março de 1940, em Filadélfia, onde, ainda na infância, demonstrou grande interesse pela música, em especial pelo jazz.

Embora sua família não tivesse maior ligação com a música, a mãe do garoto costumava levá-lo para assistir às apresentações de orquestras como as de Cab Calloway e Lionel Hampton, que freqüentemente se apresentavam no palco do Earl Theater."


http://www.youtube.com/watch?v=YtjzVThkiFs

E aqui está como Lew descobriu a sua vocação!

No CD referido, "I'll be seeing you", é talvez mais influenciado por Don Byas e Ben Webster.

E o repertório, nalguns casos, é relativamente pouco conhecido, como "Wise One" de John Coltrane ou "In Walked Bud" de Thelonious Monk.

Interessei-me e fui ouvir Lew. Já conhecia Lionel Hampton e, claro, o grande Cab Calloway.

http://www.youtube.com/watch?v=Amug2YDZGAc

http://www.youtube.com/watch?v=8mq4UT4VnbE

Faltava-me conhecer Lew Tabackin e Toshiko Akiyoshi...

Sobre ele,viram o que vem escrito acima no referido blog
(http://ericocordeiro.blogspot.com/).

Sobre a outra, "apurei" o seguinte:

É uma jazzista, pianista, compositora e “bandleader”, nipónico-americana. Uma de entre as pouquíssimas jazzwomen, da sua geração e, além disso, é reconhecida como uma das maiores figuras de compositores de jazz.

Akiyoshi nasceu em 12 Dezembro, 1929, em Liaoyang, na Manchúria e começou a estudar piano aos sete anos.

Liaoyang, em gravura do séc XVI

Aos 16, arranjou trabalho a tocar numa banda num club, em Beppu.

Uma personalidade local, ligada ao jazz, introduziu Akiyoshi no gosto pelo jazz pondo- a a ouvir um disco de Teddy Wilson, a tocar "Sweet Lorraine".

Teddy Wilson, o grande pianista de jazz


Akiyoshi "apaixona-se" imediatamente a pelo tipo de som, e começou a estudar jazz.
Em 1952, durante uma tournée ao Japão, o pianista Oscar Peterson descobriu Akiyoshi num club de Ginza. Ginza, no Japão

O grande músico Oscar Peterson ficou impressionado, e convenceu Norman Granz a fazer uma gravação com ela.


Assim, em 1953, sob a direcção de Granz, Akiyoshi gravou o primeiro álbum com a "rhythm section" de Peterson:
Herb Ellis na guitarra, Ray Brown baixo, e J. C. Heard na bateria.

O álbum vai-se intitular
Toshiko's Piano.

Mais tarde, em 1973, Toshiko encontra Lew -ou vice-versa- e formam, em Los Angeles, o grupo "The Toshiko Akiyoshi – Lew Tabackin Big Band" -uma banda de 16 elementos.

Em 1982, as duas figuras principais mudam-se para New York e re-formam o grupo, com novos membros, sob o nome de "The Toshiko Akiyoshi Jazz Orchestra", apresentando Lew Tabackin.

Em 1984, sai "Jazz is my Native Language: A Portrait of Toshiko Akiyoshi", um documentário realizado, por Renee Cho, sobre a pianista, compositora e big band leader Toshiko Akiyoshi.

In 1996, publica a sua autobiografia, Life With Jazz and e, em 2007, ganha um NEA Jazz Master.

Como diz Érico Cordeiro, Lew passa um pouco na sombra da sua famosa mulher, no entanto, estoicamente, continua a tocar a sua música, tirando dela um prazer puro e pensando, se calhar, pensando -como dizem os americanos- “Who cares”?

Lew quer é divertir e encantar o ouvinte, fazendo a sua música sem se preocupar com fama, gravações, hits, ou mesmo...com o sucesso da mulher!

Ouvir Lew Tabackin
http://www.youtube.com/watch?v=djIchjvR4Pg


Ouvir Toshiko Akiyoshi
http://www.youtube.com/watch?v=Mu3NrWwLLqo


*****

Nota 1


O ESTOICISMO E SÉNECA

"Séneca ocupava-se da forma correcta de viver a vida, ou seja, da ética, física e da lógica.
Via o sereno
estoicismo como a maior virtude, o que lhe permitiu praticar a imperturbabilidade da alma, denominada ataraxia (termo utilizado a primeira vez por Demócrito em 400 AC.).

Juntamente com Marco Aurélio e Cícero, conta-se entre os mais importantes representantes da intelectualidade romana.

Séneca via no cumprimento do dever um serviço à humanidade. Procurava aplicar a sua filosofia à prática. Deste modo, apesar de ser rico, vivia modestamente: bebia apenas água, comia pouco, dormia sobre um colchão duro. Séneca não viu nenhuma contradição entre a sua filosofia, estóica, e a sua riqueza material: dizia que o sábio não estava obrigado à pobreza, desde que o seu dinheiro tivesse sido ganho de forma honesta. No entanto, devia ser capaz de abdicar dele.
Séneca via-se como um sábio imperfeito: "Eu elogio a vida, não a que levo, mas aquela que sei dever ser vivida."

Os afectos (como relutância, vontade, cobiça, receio) devem ser ultrapassados. O objectivo não é a perda de sentimentos, mas a superação dos afectos. Os bens podem ser adquiridos, à condição de não deixarmos que se estabeleça uma dependência deles.

Para Séneca, o destino é uma realidade. O homem pode apenas aceitá-lo ou rejeitá-lo. Se o aceitar de livre vontade, goza de liberdade. A morte é um dado natural. O suicídio não é categoricamente excluído por Séneca."

(wikipedia)

domingo, 30 de janeiro de 2011

Tadd Dameron & Miles Davis Quintet in Paris 1949, no blog "Borboletas de Jade"

bela imagem de abertura do blog "borboletas de jade"

Miles Davis e a sua trompete...
Tadd e o seu piano (foto retirada do blog acima indicado)

Mary Lou Williams canta: http://www.youtube.com/watch?v=F3NBLwdQd6U


MILES DAVIS & TADD DAMERON

mais uma borboleta, não de jade, azul, no blog Trepadeira

Miles Davis e o famoso "Festival Internacional de Jazz em Paris", em 1949, no blog “Borboletas de Jade”

“Durante toda sua carreira profissional, duradoura de 50 anos, Miles Davis tocou seu trompete em um lírico introspectivo e estilo melódico muitas vezes empregando um silenciar de fazer o seu som mais pessoal e intimista.

Mas se sua abordagem ao seu instrumento foi constante, sua abordagem ao jazz foi protéica.

Para analisar sua carreira é preciso analisar a história do jazz a partir de meados dos '40 para o início dos anos 90, uma vez que ele estava na espessura de quase todas as inovações e desenvolvimento estilísticos da música em si esse período.

De facto, levou muitas vezes ao caminho nessas mudanças, tanto com suas próprias performances e gravações ou por sidemen e colaborador nas forjas das novas direções.

Pode-se dizer que até mesmo o jazz parou de evoluir quando Davis não estava lá para lhe empurrar para a frente dizem alguns, e com mérito.

E isso tem origem tanto familiar como no levante de uma nova direção.
Davis era o segundo de três irmãos -Dorathy, Miles e Vernon- filhos de um cirurgião dentista, o Dr. Miles Dewey Davis Jr. -a quem Miles não quis copiar na profissão- e da professora Cleota Mae (Henry) Davis, uma modesta mãe que ajudava no orçamento da família administrando aulas de música pra quem pudesse pagar.

Miles nasceu em Alton - Illinois mas cresceu no leste de St. Louis em uma família de classe média negra onde foi tomando interessado na música durante sua infância até a idade de 12 anos quando começou a ter aulas trompete.
Embora ainda no ensino médio, ele começou a tocar para obter empregos em bares locais e, aos 16 anos, foi tocar em shows fora da cidade nos fins de semana.

Esse registo histórico é um daqueles álbuns do começo da carreira do grande músico em sua asserção nas trilhas do jazz.
foto tirada do mesmo blog: Tadd, Gillespie, Mary Lou

É o esplêndido "With Tadd Dameron in Paris Festival International de Jazz" de 1949 pelo selo CBS/ Columbia que revela um Miles ainda encadinhado nas notas do trompete, mostrando que Davis era tão capaz de tocar hard como construir bebop na linha de vanguarda como a maioria de seus contemporâneos.
Gravado ao vivos nos dias 08 e 15 de maio de 1949, e retirado de um emissora de rádio francesa, apresenta enormes desafios e os resultados limitados pela dinâmica de freqüência e transmissão AM no original, bem como a má colocação de microfone e acústica.

Em 2008 o eng. Andrew Rose restaurou e “re-masterizou” esse trabalho dando uma performance melhorada”.
Outros videos relacionados:

Miles Davis Quintet, 1953

Miles Davis

Tadd & Coltrane
Tadd & Coltrane

Tadd & Fast Navarro

sábado, 29 de janeiro de 2011

Mary Lou Williams - It Ain't Necessarily So

A revolução do Jasmim: artigo de Jean Daniel sobre a questão tunisina

A chamada "Revolução do Jasmim", na Tunísia, continua...


Diz, entre outras coisas, Jean Daniel:

"O papel decisivo do chefe de Estado-Maior Rachid Ammar lembrou-nos a insurreição dos oficiais portugueses rebeldes, pouco antes da revolução dos Cravos, em 1974."

Deixo-vos um artigo muito interessante ( em versão original...) do jornalista do "Nouvel Observateur", retirado do blog "sobre o risco".

Cartago -Túnis- nos dias de hoje...

Imagem da "velha" Cartago...

As conquistas dos Cartagineses...

Golfo da Túnis (imagem da NASA)

Serge Gainsbourg - La Javanaise (inédit)

O grande Serge Gainsbourg e "REQUIEM POUR UN CON" e a violência: citando o blog "Quanto tempo tem o tempo"

A violência física ou a brutalidade da indiferença


Deixo-vos para ler este "desabafo". Limito-me a "ilustrá-lo" com imagens.
Leiam...Até o "iconoclasta" Gainsbourg se indignaria!
"O que queres ser quando fores grande?"

Uma pergunta que nada teria de extraordinário, não fossem dois ou três "pirralhos" de 7/8 anos responderem à sua professora que gostariam de ser ladrões!!

Uma insólita e descabida resposta que eu jamais imaginaria ouvir ao fim de alguns anos a lidar com gente pequena. Uma resposta que me transportaria, mais uma vez, até aos meus habituais monológos interiores sobre o tudo e o nada.
O que leva estes miúdos a dizerem isto? Será que ouvem isto na televisão? Será que seguem o exemplo de alguém? Serão os comentários dos pais, lá por casa? Será que isto está assim tão mau que não restam alternativas de futuro, mais honestas e mais inteligentes?...

Tentei encontrar explicações e comecei por deitar as culpas para cima da sociedade em geral.
No topo, aparecem os grandes, os poderosos que roubam de uma forma sofisticada, disfarçada e sem violência física.

Têm a faca e o queijo na mão mas nada fazem para melhorar as condições de vida dos outros.

Pelo meio, aparece possivelmente, a grande maioria de "nós". Nós, que também temos a faca e o queijo na mão para mudar o rumo da história do país e nada fazemos para isso.
Parecemos um povo de espectadores, de consumidores, de cidadãos acéfalos, masoquista, prazeroso com o mal e a desgraça dos outros.
Estranhamente alheio ao essencial e preso ao acessório, eis o retrato do povo português; um povo que continua mal educado, mal informado, inculto, egoísta quando chega a hora da verdade (os últimos resultados eleitorais e o relato da pessoa que se segue, são as provas daquilo que acabo de escrever).

Num patamar mais abaixo, aparecem os desgraçados sem meios de subsistência conhecidos, os marginais e outros que tais.

Fazem precisamente o mesmo dos que se encontram no topo, porém, fazem-no de uma forma descarada, sem rodeios e com recurso à violência física q.b.
Por coincidência, no dia em que esta reflexão voltou aos meus pensamentos, tomei conhecimento da violenta agressão que vitimou Manuel Rocha (um dos músicos da
Brigada Victor Jara que mencionara casualmente, por aqui, uns dias antes), junto à estação ferroviária, na cidade de Coimbra.

A notícia surpreendeu-me por três razões:

1º - Porque aconteceu à pessoa que foi mas, podia ter acontecido a qualquer um de nós ou a qualquer um dos nossos;

2º - Tudo aquilo de que falava atrás sobre a brandura de um povo, não é mais do que uma treta e uma falsidade sem igual. Depois de ler sobre o que aconteceu a este cidadão, senti vergonha de ser portuguesa e de pertencer à espécie humana, juro;

3º- Pensava que cenas destas, na cidade de Coimbra, só aconteciam nos livros de ficção.

Mas finalmente, lugares seguros, já não existem.

Apesar de conhecer apenas de vista, a pessoa em causa, o requinte de malvadez com que brutalizaram Manuel Rocha, não tem uma explicação racional, pelo menos para mim. Jamais compreenderei o motivo de tanta violência, bater sem dó nem piedade ou matar, a troco de nada, quando muito, apenas, para ficar com um mísero e execrável telemóvel.

Nesta história real, fica registado um segundo capítulo, tanto ou mais, grave que o anterior.

Refiro-me à aparente indiferença e apatia de quem estava por perto e nada fez para auxiliar ou socorrer a vítima.

Afinal, um povo que se solidariza com tudo e mais alguma coisa, que padece com o infortúnio alheio e depois na hora H, não é capaz de demonstrar quanto vale, é um povo de medricas e de velhacos.
Estaria alguém, nesse dia, a essa hora, à espera de alguma recompensa, ou, porventura, estaria alguém à espera de alguma câmara de filmar para obter uns minutos de fama, numa qualquer estação rasca de televisão?!...

O terceiro capítulo desta história, terminou com fracturas e escoriações, e, quiçá, marcas psicológicas que o Tempo se encarregará de "apagar".

Parece que Portugal está cada vez mais parecido com o pior que tem a sociedade americana, nesta matéria.

Apesar dos cenários não serem os mais animadores, acredito piamente que só teremos cidadãos cumpridores nos seus deveres cívicos, cidadãos activos, participativos e Solidários, se houver investimento pessoal e político na Educação e na Formação do povo.
Neste caso, EDUCAR e FORMAR, PRIMEIRO, OS ADULTOS para que estes, possam depois, EDUCAR e FORMAR os MAIS PEQUENOS.

Quem sabe se assim, um dia, eu não tenha que ouvir mais uma resposta disparatada como aquela que ouvi duas vezes, este ano.
Já agora e, dado que a "Gainsbougomania" me tem afectado nos últimos tempos,
dedico este "REQUIEM POUR UN CON" (*) a TODOS os brutamontes, ladrões e apáticos cidadãos deste país.Termino com o texto publicado na página do Facebook de Manuel Rocha."
Estou de acordo com tudo o que diz "relógio de corda" sobre a estupidez, violência e a horrível indiferença dos nossos dias.
Sinto-me solidária com Manuel Rocha.
Podem ler toda esta triste "história" de violência e indiferença, no link:
http://quantotempotemotempo.blogspot.com/2011/01/violencia-fisica-ou-brutalidade-da.html

(*) sobre Serge Gainsbourg, in wikipedia:

Nota 1:

"Serge Gainsbourg (nome real: Lucien Ginzburg) (nasce em 2 de Abril de 1928, em Paris e morre em 2 de Março de 1991, também em Paris) foi um músico, cantor e compositor francês.

Gainsbourg escreveu canções para diversos intérpretes, dentre os quais destacam-se Juliette Gréco, Françoise Hardy, France Gall, Brigitte Bardot, Jacques Dutronc, Catherine Deneuve, Alain Chamfort, Alain Bashung, Anna Karina, Isabelle Adjani, Vanessa Paradis e para a mulher, Jane Birkin, mãe da sua filha Charlotte Gainsbourg.

Nasceu em Paris, filho de judeus russos que haviam emigrado para a França, fugindo da revolução de 1917.

O pai era pianista e tocava em clubes da cidade.
A mudança de Lucien Ginzburg para Serge Gainsbourg aconteceu no final da década de 50.
Estreou em vinil em 1958 com Du Chant à la Une! A sua carreira arrancou, em 1966, em meio da loucura dos Ye-Ye".

Nota 2:

Gainsbourg está enterrado no cemitério de Montparnasse, onde se encontram também Sartre, Simone de Bauvoir, Marguerite Duras, Beckett, Guy de Maupassant, Baudelaire e outros escritores e artistas.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

"Aquele ano maravilhoso!", no blog "ainda é de dia"

As maravilhosas descobertas da infância...

Hoje comovi-me ao ler uma história, tão forte a emoção que me transmitiu, e a força mágica da recordação que fez viver!
Vi uma criança a saltitar pela sua aldeia, a entrar e sair de cada casa, a comer aqui e ali, onde gostava, onde lhe apetecia, em perfeita liberdade.

Almoçava muitas vezes em casa da sra. Olinda, a do forno, viúva com seis filhos e um burro que praticamente vivia com eles e era como da família” , conta.

Porque os adultos estavam demasiado entretidos a olhar para outras coisas?
Ou porque ela era um animalzinho livre que se escapava pela porta para ir espreitar lá fora a vida?

Curiosa, cheia de amor pela natureza que nem sabia bem o que era, nem por que razão lhe aparecia tão diversa, tão rica de coisas novas, de sensações de todos os tipos !
Aquele ano maravilhoso!
Descobrir as flores, as borboletas, as ervas simples, as searas e as papoilas, as galinhas, as alfazemas perfumadas...

Chegar a casa suja, cheia de terra nas mãos...
Ouvir ralhar da mãe, por causa disso...
Mas havia alguém que a recebia sempre de braços abertos e a apertava com força ao peito, o pai.

Por fin regresaba al hogar, con el pelo húmedo del relente, muy negro y muy lacio, las rodillas necesitando más mercromina en las costras de siempre y las manitas sucias y rasposas; abría la puerta que estaba solo entornada, subía las escaleras, cruzaba el largo pasillo y me encontraba en la sala de estar con mi madre y mi hermana la mayor que nunca pisó la calle y siempre estuvo donde tenía que estar, con su enorme lazo en su enorme cabellera.Es curioso, lo único que recuerdo de ella en "la casa vieja", son sus rutilantes lazos.

Lo que nunca olvidé fué que mi padre siempre me abrazaba muy fuerte al llegar, aunque me pillase fea y sucia. “

Encontrei este belíssimo texto no blog “ainda é de dia” de que já vos falei e que vos aconselho uma vez mais.

Portuguesa do norte do país, a sua autora vive há 40 anos em Espanha, onde casou, teve filhos, tem a sua vida.

Onde “sente” tudo duplamente, ama duas terras, dois mundos, duas línguas...

Mas tal como dizia o bilhetinho que Antonio Machado trazia no bolso, amarrotado, quando foi morto, e ela refere (1):

Este cielo azul e este sol de la infância".
Esse é sempre o mesmo. Único...


(1) “ Cuando murió António Machado — al otro lado de la frontera, huido y castigado con todas los males de perdedor de una guerra civil brutal y despiedada, echado de un país, el suyo, que empezaba a lamerse las heridas y a recorrer un camino que sería muy largo y muy duro, de revanchas y ajustes de cuentas, de miedo y miseria — encontraron en el bolsillo de su chaqueta un papel arrugado que ponía simplemente: “este cielo azul y este sol de la infancia."


Eu poderia ter...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Lester Young & Teddy Wilson - All of Me


Os dois grandes: Pres (de "President"), Lester Young e Teddy - Teddy Wilson

O regresso de Obama e da esperança! E nós?

Barack Obama, chegada a Tucson, depois da tragédia

o último discurso de Obama, ontem no Congresso


Barack Obama voltou “ligar-se” com os americanos e no último discurso assinalou-lhes um caminho de esperança, se bem que penoso, para o futuro", refere o El país.

"O presidente falou da transição entre um país que sai debilitado de uma aguda crise económica e outro que se dispõe a encarar um tempo novo, decidido a competir, a dotar-se de instrumentos que permitam fazê-lo nas condições adequadas.”

Esta é a nação de Edison e dos irmãos Wright, de Google e de Facebook; a inovação não é para nós apenas um meio de mudar a nossa vida, é a nossa forma de viver", disse o presidente.

"Somos capazes de fazer grandes coisas", repetiu várias vezes.

Fiquei a pensar nisso.
Penso que é importante que os dirigentes falem às pessoas, com verdade, mas sem "cortar" completamente a esperança no futuro!
Nós também somos capazes de grandes coisas! Mas ninguém nos "empurra" para elas!
Ninguém ajuda a "encarar" o que aí vem.
Com realismo, mas com esperança!
Chocam-me os discursos negacionistas e vazios, de resignação na desgraça, em que nada é sugerido "para mudar", nenhuma solução é dada, nada é explicado.
Não somos um país com as potencialidades da América, nem com a capacidade inventiva que eles têm.
Provavelmente, não...
Mas por que razão tanta gente jovem e menos jovem "foge" daqui do país, quando depois, noutros locais, se lhes reconhece "qualidade"?
Quem diz que -aqui- também não seremos capazes?
Com outros meios?
Impressiona-me, magoa-me o desabafar das minhas colegas professoras: a mágoa, a raiva, a vontade que vacila, a dúvida. Porque são os professores que poderão "ajudar" na mudança!
No entanto... As contínuas depressões e tratamentos são o que há de mais comum, na classe...
Escreve-me uma grande amiga, que foi minha aluna em tempos que já lá vão.
Desabafa, longa e amargamente:
Estou muito zangada com a vida que levo e sinto uma grande revolta que me torna amarga.

Não sei se o defeito é do medicamento que tomo contra a depressão, ou se é ele que me “permite” ver melhor, e indignar-me contra a vida que tenho levado nestes últimos tempos.
Sou uma escrava de trabalho e para quê????
Não me respeitam...
Cada vez a minha profissão tem menos dignidade, não progrido na carreira desde 2003 e ainda me roubaram 150 euros no ordenado...
Para quê todo o esforço, falta de tempos livres, de fins de semana, para quê???
Ou seja sinto-me cada vez mais zangada com a vida e não sei se isto é bom se é mau!
O que acha? ”
Como a compreendo!
"Foi isto que nós escolhemos fazer? Papelada? Ficheiros? Reuniões que se eternizam? Acções de formação que ocupam sábados inteiros, domingos em que nem há paciência para falar com os filhos ou maridos? Colegas que se degladiam para subir, que "escondem" dos outro colega o trabalho que prepararam?" interrogam-se alguns.
"O que escolhemos não foi, antes, ensinar, proporcionar conhecimentos, ajudar, abrir caminhos? Criar, com os alunos, um "conhecimento"? Participar com os outros professores na criação do sistema melhor, no que resultasse realmente?"
Ver este desorientamento, perturba-me. Não sou já professora, mas serei sempre professora e vivo tudo isto com raiva também.
Por isso quando leio que alguém há que "anima", "confia" nos outros, que se"entusiasma" e acredita, eu digo: Bravo, presidente Obama!

"Todo o discurso foi um grito de vitalidade e de entusiasmo, de confiança nas forças deste povo e de alento para o demonstrar", continua o jornalista, que refere o cometário do analista político da CBS Slate John Dickerson:
"O discurso foi um programa de 12 pontos sobre como prender os americanos ao sonho que manteve vivo este país desde o seu nascimento".

(tirado do jornal El país, edição online)

Não batam mais nos professores! Deixem-nos ajudar a "mudar" o que deve ser mudado!

A serem eles um ponto positivo na crise...
O Sonho não é contraditório com Realismo. O caminho para o nosso futuro vai ser difícil, mas não nos tirem o Sonho!

Não nos tirem a Esperança!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Louis Armstrong - "Basin Street Blues" e uma velha entrevista de um brasileiro...


Num chalé em Las Vegas, Estados Unidos, (em 1956) Darwin Brandão e Armando Rozário -dois brasileiros- ouviram, fotografaram e entrevistaram o mais famoso pistonista do mundo.

No seu blog "O Rebate", conta Armando Rozário:

"Louis Armstrong é o mais famoso músico e cantor de jazz de todo o mundo. Pertencente ao que se pode chamar de "velha guarda", "Satchmo" (boca de saco), é vedette internacional.

Seus "shows" são caríssimos e quando êle se exibe em teatros e "boîtes" de Paris, Londres, Roma às vezes é necessário a intervenção da polícia, dado a entusiasmo dos fãs do famoso trompetista.


Mas êle é um homem sereno, simpático e dono de uma risada volumosa e sôlta. Quanri seus dentes brancos se mostram todos contra a cara preta, larga e sempre lustrosa.

Armstrong se confessa um homem rico. Quando lhe perguntei se poderia deixar de tocar piston naquele instante, êle me disse:

- Não posso dizer que seja um homem rico, um milionário como querem muitos. Mas posso agora, nesse instante, deixar de lado meu instrumento e passar o resto da vida sem maiores dificuldades. Posso parar de tocar, sim. Mas não quero.

Essa sua declaração pode ser juntada a outra: a resposta que Louis deu ao empresário brasileiro que o foi contratar para uma temporada no Brasil:


-Eu só sei tocar piston. É a única coisa que sei fazer e não quero realmente fazer mais nada. Vivo para minha música e para meu instrumento.

Quando os entrevistadores lhe propõem ir tocar ao Brasil, responde:


- Gostaria imenso de ir ao Brasil e agradeço bastante seu convite, mas você terá que falar com meu agente, em Nova Iorque. Ele é que trata de meus negócios: Louis toca aqui, Louis toca ali. Eu toco. Nada me dá mais prazer do que tocar piston. Mas não me envolvo com negócios, contratos e dinheiro.

Amstrong é considerado pelos historiadores do jazz como o homem que mais tem contribuído para manter o verdadeiro jazz em sua pureza.


Hoje ouvi encantada esta música! Cantava Ella Fitzgerald & Louis... Uma pequena maravilha. Ouçam!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A VOZ DAS AMIGAS OU DOS AMIGOS ...

pintura de G.

Borisov-Musatov, pintor russo, "duas amigas"

As amigas, os amigos -os tais que estão sempre connosco, quer chova quer faça sol, terão sempre uma sombrinha para nos abrigar...

Auguste Renoir, "les parapluies"
Que brincam, que nos aceitam, ouvem, participam do bom e do mau da nossa existência, dos momentos felizes, dos mais tristes, na luta e no repouso...

Que existem de Norte a Sul do país, vivem em casas de granito ou caiadas de cal branca e rodapé azul;
rua no Sabugal
dunas, em Porto Côvo
Que se espalham de Oriente a Ocidente, pelo mundo fora, são judeus ou árabes, brancos ou negros, e nos ajudam a continuar a acreditar na vida e na Amizade!

Que vivem no campo ou na cidade, perto dos desertos os dos terrenos pedregosos das montanhas, nas costas do mar, ou na tundra e na savana... Amigos que nos apoiam e nos ensinam, onde quer que estejam e estejamos...
Os amigos podem ser virtuais, nem por isso são menos amigos...
Há coisas que não se podem perder, muito pelo contrário: devem partilhar-se. Assim, hoje venho trazer-vos uma receita que uma amiga me enviou!

A minha amiga Maria do blog "ainda é de dia", portuguesa mas que vive em Espanha há 40 anos, tem todas as qualidades para pensar em "paellas" e em resposta ao meu post do Sabugal em que falo da compra do tacho de barro, na Feira da terra...

E em resposta à minha arroz-mania , mandou-me uma receita que me parece fabulosa!
"Aí vai (é muito simples, vais gostar): Num recipiente de barro deitas um pouquito de azeite e muitos dentes de alho (ao gosto) picado.

Quando começa a dourar, deitas o bacalhau aos bocadinhos e bastante salsa picada; remexes e deitas o arroz, voltas a remexer, para que se empape e, como sempre, sumo de limão para que o arroz fique solto. Em continuação deitas a água (duas chávenas para uma de arroz)e um bom punhado de grão cozido, eu deito também azafrão porque em Espanha o arroz tem que estar amarelo...

Está 5 minutos ao fogo e 15 no forno.

Se não tens um tacho de barro que aguente em cima do lume, podes fazê-lo num de metal que possa ir ao forno.
Também podes pôr por cima uma batata nova às rodelas muito finas e pimentão doce, e acender o grill nos últimos 5 minutos para ficar tostadito.
Voilà!

Se gostas de arroz, em Espanha há maravilhas. Algum dia trataremos o assunto mais a fundo. Beijinhos"
Também me fala da Adega do Sr. António Gato, nos Arcos:

"Muito curiosa a adega do Sr. António. Esses recipientes usavam-se desde a Antiguidade para transportar vinho e azeite. A prova de que são antigos é esse remendo que tu mostras, feito com grapas de ferro!
Também só bebo água, colega, apesar de viver numa terra de bom vinho.

Aqui há umas adegas ("bodegas") lindas e famosas, muito visitadas — de Osborne, Terry, Gonzalez Byass, Croft..."

A minha amiga Anna do blog in(Cultura) -cheio de cultura e sensibilidade- escreve-me:

"Os potes e o silêncio do jardim onde despontam as flores do limoeiro mostram a pujança do Alentejo!
prato de barro, do Redondo (em casa de amiga)
Não bebo regularmente mas sou apreciadora de bom vinho e os alentejanos, especialmente de Portalegre, são excelentes."

(Claro que, aqui, já há um certo "facciosismo" da minha parte em citar: "especialmente de Portalegre...")


De mais longe, as minhas 5 amigas da "Cozinha dos Vurdóns" (Brasil) - blog vivíssimo e cheio de interesse-, dedicaram-me umas "batatas"! Óptimas!

AS BATATAS DE MJ FALCÃO

Escreviam elas nesse dia:
"Nos juntámos no dia primeiro de 2011 para mais uma de nossas reuniões. O que fazer? Como fazer? Tentar avançar num assunto tão delicado. Formar um elo de conexão a muito subjugado, desconhecido e controverso.
Aí abrimos o blog e nos deparamos com que nossa recente e velha amiga escreveu sobre nós. Quando nos demos contas estávamos brindando pela sua prosperidade e por todas as mulheres que tem coragem de achar, pensar e fazer. Sem querer estamos aí, felizes pelas novas descobertas, pelos novos olhares.
Essa receita será foi feita especialmente para você, MJ Falcão e aonde quer que a façamos a partir de hoje, será feita em seu nome.

Essa é a forma de agradecermos e isso não significa que um monumento tenha sido erguido, significa que encontramos mais uma mulher que é capaz de seguir em frente, pensando, rezando, sonhando e cozinhando, sem que mancha negra do EU ocupe um espaço maior, que a impeça de sonhar e escrever, respirar e enxergar." (blog Cozinha dos Vurdóns)

“Para que servem as estrelas se não quisermos enxergá
-las...”

E acrescentam, com a ironia que nunca perdem:

"Faça como nós, tome com um belo vinho Português (Confraria dos Enófilos do Alentejo 2007) – segundo Galileu Galilei, “ o vinho é composto de humor líquido e luz” e sinta-se abraçada pela Cozinha dos Vurdóns, onde toda mulher, seja ela negra, branca, morena, índígena, ruiva, será sempre bem vinda a nossa cozinha.

O que divide os povos não são as fronteiras terrestres, nem a diversidade da língua, nem a cor. O que nos divide é o medo de sermos uma só, é o medo de nós mesmas. Obrigada por não temer."

Sobre a Adega do Sr. Gato escrevem:

"Essa matéria foi pra nós um presente, AMAMOS VINHO ... Já os vinhos Portugueses sempre nos rondando, seja no dia a dia, seja em uma de nossas festas. Precisamos conhecer de perto.

E os limoeiros da Sicília - prego bella, troppo buono!"

Hoje, essas mesmas amigas, acrescentaram no seu blog uma mensagem de amizade e de solidariedade, de anti-xenofobia, apelando a que as "acções" sigam as boas intenções pelo mundo inteiro. Que acho muito importante!

"Há alguns anos atrás um grupo de mulheres resolveu arregaçar as mangas, puxar as saia e escolher entre fazer algo ou seguir normalmente a vida, como tantas da nossa idade e do meio social em que vivemos. Não éramos nós. Não tínhamos idéias do que nossas idéias poderiam causar. Nascemos oficialmente com registros oficiais e tudo o mais a 5 de janeiro de 2009.
(...)
Pequenas ações valem muito, pequenas omissões exterminam uma nação. Ainda não sabemos se ganhamos mais consciência porque estamos envelhecendo ou ao contrário. Não levantamos a bandeira da cultura Rhomá, muitos e mais competentes já o fazem, e bem.
(...)
Na tentativa de construir hoje, uma ponte, uma pinguela que seja para que seres humanos compreendam o absurdo do separatismo e da xenofobia, isso é a nossa missão. Somos assim, claras, negras, ruivas, albinas, morenas e mulatas ...

MULHERES. Saras e Kalís, sem que a história nos copie os pés, vamos andando.

Assim retribuímos o “Prêmio Sunshine Award” com o mesmo carinho que recebemos dessa cara amiga." ( e indicam uma série de blogues muito interssantes, que vou passar a consultar)

Citam a frase de Clarice Lispector:
“Não precisa entender, a vida ultrapassa todo o entendimento - então faça”.
Para os meus amigos e amigas, deixo esta frase que me deixaram as corajosas mulheres dos "vurdóns".

E mais, das minhas amigas:

"O que divide os povos não são as fronteiras terrestres, nem a diversidade da língua, nem a cor. O que nos divide é o medo de sermos uma só, é o medo de nós mesmas. Obrigada por não temer(em)."