terça-feira, 7 de julho de 2009

Billie Holiday e Lester Young: já 50 anos!


http://www.youtube.com/watch?v=UJhKoFR7iD8
(ouvir a canção " A sailboat in the moonlight")


Volto hoje a falar da minha cantora preferida de jazz. Reconheço que Ella Fitzerald, Dina Washington, Sara Vaughan, Nina Simone, Diana Crall etc etc são fantásticas, mas ela "comove-me" de uma maneira única. Recordo um ballet em Israel, sobre ela, com as suas canções, maravilhoso, em que toda a sua fragilidade, dor e génio se sentia vibrar na música e no bailado em cena. No dia 17 deste mês passam 50 anos sobre a sua morte.

Billie Holiday (Eleanora Fagan) nasce em 7 de Abril de 1915 e morre no dia 17 de Julho de 1959) era uma cantora de jazz e também escritora das próprias canções.


Lester Young, seu companheiro e leal amigo, chamou-lhe Lady Day, enquanto ela lhe chamava Pres (President) e, assim, ficou Pres, para os amigos). Tinha uma voz especial, um estilo vocal diferente, que diziam ser inspirado pelos próprios instrumentos musicais de jazz e uma identificação profundamente pessoal com tudo o que cantava.
“Billie Holiday era uma cantora especial cuja voz é inesquecível. Nunca nenhuma outra cantora distilou despero naqueles tons", diz Bret Primack em artigo, na revista "Jazz Times".

Billie era, de facto, também, uma grande actriz-nata que exprimia com a voz todos os sentimentos possíveis, indo arrancá-los aos seus próprios sentimentos mais profundos, com uma grande honestidade.
Mais adiante, acrescenta Primack: "como muitos outros dos seus contemporâneos musicais sofreu de doença comum a muitos deles: ser negro naqueles tempos, na América.
Uma vez, em Detroit, fazendo um tour com Count Basie, foi obrigada a pintar a cara de escuro para cantar no famoso Fox Theatre, porque a sua tez era clara de mais e, nesses tempos, não podiam tocar músicos brancos juntamente com negros. Billie aceitou mas, mais tarde, reconheceu: "Tive de escurecer a cara para que o show pudesse ir para a frente. Não há profissão mais inglória do que o show business. Tens que sorrir para não mandares tudo ao ar!”
Na sua breve e dura vida (morre aos 44 anos, em Julho de 1959, portanto vão fazer anos) , Billie definiu um estilo e uma personalidade criando uma música sofisticada sem qualquer treino prévio, com uma dicção soulful e entoações tão especiais e tão intensas que as suas canções e a sua voz são logo reconhecíveis. E amadas... Algumas das canções mais inspiradas encontram-se no conjunto que fez com Lester Young, seu companheiro musical.
Lester Willis Young (nasce em 17 de Agosto de 1909 e morre em 15 de Março de 1959) era um cantor e músico de jazz americano, tocava também saxofone, trompete, violino e tambores. Tem um estilo que dizem sofisticado e cool. Torna-se conhecido quando toca com a banda de Count Basie. Billie entra para o grupo mais tarde.


Juntos, Pres (como ela lhe chamava)e Lady Day criaram obras-primas. Uma das preferidas de Pres era “A Sailboat in the moonlight” nas quais a voz dela e o saxofone se combinam como um só tom. O último espectáculo que deram juntos foi em 1957, com Ben Webster, Coleman Hawkins, Gerry Mulligan e Roy Eldridge –que escreveu para ela a canção “Fine and Mellow”.
Lester Young morre em 1959, poucos meses antes de Billie, já então muito doente. Por sua vez, os últimos anos da curta vida de Billie Holiday foram uma luta dramática e patética contra a dependência da droga –que deu cabo dela- e contra a perseguição da polícia.
As últimas gravações revelam uma voz devastada mas, segundo diz Roy Eldridge –que escreveu para ela a canção “Fine and Mellow” - conservam a sua técnica superior.

É uma pequena homenagem que quero deixar aqui a estas duas inesquecíveis figuras do jazz, tão perto um do outro em tantas coisas. Até na data da morte...




Ilustrações:


1. capa do duplo disco, com uma pequena "banda desenhada", de Claire Braud (Editions Nocturne, colecção "BD Jazz").

2. o saxofone de Lester Young

3. uma página da BD referida

4. Lester Young e o seu saxofone

5. capa do disco "Lady in satin"

6. Billie cantando

7. Billie e a sua banda
8. Count Basie

1 comentário:

  1. Jazz... Hummm, que bom! É, frequentemente, a minha companhia nas noites compridas de Verão solitário, Inverno chuvoso, ou ausências sentidas...

    Beijinhos

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