quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A Libertação de Paris e a participação da "brigada espanhola"...

Soldados republicanos jurando bandeira, durante a Guerra de Espanha: os mesmos que, perseguidos e exilados em França, entraram nas "brigadas mistas" e participaram na libertação de Paris.
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Recebi um comentário, ao último "post", de uma leitora portuguesa (que vive há 40 anos em Espanha), que transcrevo abaixo, com muito gosto, até porque é mais do que justo que se diga como foi!

Diz o comentário:

"O primeiro blindado aliado que entrou em Paris foi o "Guadalajara", pilotado inteiramente por soldados espanhóis, ignorados em todas as Histórias oficiais até que, com sessenta anos de atraso, a França lhes fez uma homenagem.

Imagem da tomada da Bastilha
À frente da Nona Divisão, formada por tanques espanhóis, estava o capitão Dronne, que escreveu nas suas Memórias:

"Eram homens muito valentes. Difíceis de mandar, orgulhosos, intrépidos, com uma experiência imediata de guerra. Atravessavam uma crise moral grave, como consequência da guerra civil espanhola. Desterrados e perseguidos, não duvidaram em pôr-se em primeira linha de combate, para combater o nazismo".

De facto, quando as tropas aliadas se aproximaram da zona de Paris, a Resistência Francesa desencadeia uma insurreição armada, em 19 de Agosto de 1944. Dessa insurreição fazem parte as brigadas espanholas.
A Libertação de Paris faz-se, em 25 de Agosto, com a entrada pela Porte d'Orléans da 2ª DB do General Leclerc, comandada pelo jovem capitão Raymond Dronne que atravessa as linhas inimigas, com a sua Nona Companhia (Régiment de Marche du Tchad).
Participaram da ofensiva as brigadas constituídas por combatentes espanhóis fugidos da Espanha fascista do General Franco.


Como muito bem diz Raymond Dronne sobre as brigadas republicanas: "homens valentes, humilhados e orgulhosos, desterrados e perseguidos não hesitaram em pegar nas armas para defender a liberdade!"


É altura de se lhes fazer justiça!

Nota

"Nesta batalha participaram activamente espanhóis republicanos exilados e sobretudo anarquistas, tanto nas filas da Resistência (1) como entre as tropas da 2ª Divisão Blindada francesa, em papéis destacados, ao ponto de as primeiras unidades militares aliadas que entraram em Paris serem compostas por antigos membros do Exército Popular Republicano.
Achava-se à frente das mesmas Amado Granell, que era, então, tenente do Exército francês, sendo igualmente antigo major de Milícias do Exército Popular Republicano, onde tinha comandado uma Brigada mista (2)."

(1) "A Resistência compreende por um lado a Resistência exterior que se organiza em torno do general de Gaulle a partir de Junho de 1940 e que engloba às Forças Francesas Livres e por outro lado aos movimentos de Resistência interior, conhecida como a Resistência, (em idioma (em francês: Résistance intérieure française ou Résistance apenas)"

(2) "Durante a Guerra de Espanha, as democracias ocidentais, França, o Reino Unido e Estados Unidos, decidiram manter-se à margem: uns em linha com sua política de não-confrontação com a Alemanha, outros porque pareciam preferir a vitória dos sublevados (as tropas fascistas do General Francisco Franco).

Não obstante, o caso da França foi especial, já que estava governada, nesses anos, tal como a Espanha, por uma Frente Popular. Muitos franceses participaram na Guerra de Espanha do lado das forças da República Espanhola, nas brigadas mistas, ou "brigadas internacionais. "

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