domingo, 8 de fevereiro de 2015

"COWBOYS E ÍNDIOS"…MEMÓRIAS E RETRATOS DE UMA EXPOSIÇÃO



Cowboys e índios? Ah, tantos anos a conviver com estas personagens! Livros, filmes, banda desenhada(as velhas “histórias aos quadradinhos”)e os desenhos que eu própria fazia de índios e cowboys...
Ontem, à procura de outras coisas, descobri, nos papéis do Manuel, estes postais que (sabe-se lá como ali foram parar?) falam de índios e cowboys, em Londres!
Vinham de uma Exposição de 1914, realizada em Londres. A mostra intitulava-se: "Anglo-American Exposition" e consistia numa série de acontecimentos 'americanos': do "novo mundo".  
Os quatro postais, muito provavelmente feitos pelos Correios ingleses, revelam  a participação das fotografias nela. 
Os cowboys eram os bons e os índios eram maus? Nem sempre: para nós creio que era igual: eram as aventuras deles que nos enchiam a cabeça de ideias de outros sítios, de  outras gentes.
Cowboy ou índio? Muitas vezes eu era o cowboy, outras era o índio. Ao longo dos anos, os filmes foram passando - e nós a vê-los. Em miúda, não me escapava um: o cowboy Roy Rogers e sei lá que outros que no cinema eram todos “bons” e justiceiros. 
Roy Rogers, a garota e o cavalo Triggers...

Por que pensava eu tanto no sofrimento dos índios, se eles ali faziam tantas maldades? Tinha a mania da justiça, acho, e, assim, uma pontinha de mim interessava-se pelos índios, já que mais não fosse pelo meu espírito de contradição.


Um dia, mais pelos anos 70, apareceram os filmes (politicamente correctos?) em que os índios eram gente humana, com as suas "razões" de queixa. E em que os 'cara-pálidas' maus lhes vendiam álcool para os enfraquecer - e armas  e em que o governo americano os pôs em Reservas - inumanas para quem tivera a terra toda para si e cavalgava quase desde nascer, à caça.  


Lembro Soldier Blue, 1970, de Ralph Nelson que conta o massacre de índios – mulheres e crianças- feito pelo Exército, em 1864, em Sand Creek.

http://youtu.be/IXh1x9cRyNw
E também The man named Horse também de 1970 de Elliot Silverstein: O  Homem chamado cavalo -que mostrava a realidade "índia" de outro modo.

Tudo passa e tudo fica igual, às vezes. Para mim, os filmes de cowboys e índios continuam a ser os melhores... 
Cowboys Display
Si, estes quatro quatro postais vêm da Exposição Anglo-Americana. No verso têm algumas indicações, entre elas que se pode escrever apenas a direcção da pessoa a quem se mandam, sem mais nada.

Cowboys gallop

Leio na wikipedia: 
"A Exposição Anglo- Americana de 1914 realizou-se em Shepherd Bush, em Londres, no espaço conhecido por Great White City, mais tarde White City. 
Shepherd Bush Green
No local onde se encontra hoje a BBC White City. (…) Entre várias atracções, vieram bandas musicais como por ex. a 'American Picaninny Band' do orfanato de Charleston.

Sabe-se que veio também uma maquette do Grand Cannyon  e outra da cidade de Nova Iorque com os seus arranha-céus. 
"Outra "atracção" muito popular foi a apresentação do espectáculo do '101 Ranch Wild West Show', trazida de barco desde Oklahoma. 
Foi a primeira vez que os cowboys Miller Brothers, cowboys e cowgirls, se apresentavam fora da América."
Nos finais do século  XIX, tudo o que se referia ao "wild west" era espectáculo na América, desde as "representações" de Pawnee Bill, ae de Bufallo Bill, e de grupos de índios das "reservas". 
Pawnee Bill Shows (1903)
Buffalo Bill e o próprio Sitting Bull, chefe dos Sioux, acabaram por vir até à Europa. Recordo uma fotografia deles no belo Caffè Greco, em Roma, por onde andaram.
Caffè Greco
Caffè Greco
Bufallo Bill's Wild Show

No verso dos postais apenas se podia escrever a direcção da pessoa a quem eram dirigidos. 
E têm escrito, num canto: Printed and Published by Gale and Polden Ltda. London, Aldershot and Portsmouth.

Como não pensar que a vida é mais rica do que sonhamos? Bem dizia Hamlet: “Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha a tua vã filosofia.” Já explico...
Londres
Por que me lembrei disto? Bem, porque – por coincidência?- o meu filho viveu em Londres, vive hoje em Aldershot, perto de Guildford, e já nos levou a passear várias vezes a Portsmouth.
Sim: "There are more things in heaven and earth, Horatio, than are dreamt of in your philosophy”...


Guildford
Guildford

Portsmouth

Las brujas? Pêro que las hay, dizem os entendidos. Ou então a vida é o país das maravilhas...
Guildford
Alice no País das Maravilhas, e o coelhinho, em Guildford

NOTA: "Picaninny" - a palavra poderia ter vindo através de "pequenino" (sim, do português) e referia-se sempre a uma criança, de cor negra e ingénuo ou inconsciente...

7 comentários:

  1. Este post transportou-me até à infância, aos montes de filmes que vi e tal como a Maria João, aos muitos livros de quadradinhos que li!

    Gostei muito das fotos de Guildford, tão bonito!

    Um beijinho grande e uma boa semana:)

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    1. Claro, Isabel, imagino-te a ver estes filmes, encantada, na tua adolescência, menina aventurosa! beijinhos

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  2. Eu não vi tantos, alguns eram demasiado parecidos, mas muitos dos que vi ficaram para a história, A deligência, O Combóio Apitou Tres Vezes, O Homem que Matou a Liberty Valence, Rio Bravo, etc. etc. Esse John Wayne, esse John Ford, esse Gary Cooper, esse Clint Eastwood e tantos outros!!!!
    Um tema inesgotável. Fizeste bem em recordá-lo, é sempre um prazer voltar a vista atrás para certas coisas.
    Beijinho

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    1. Filmes inesquecíveis, Maria, esses do John Ford, ou do Hathaway...Eu não perdia um. Nem agora perco... Tenho uma série de DVDs que vejo e revejo! Beijinhos

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    2. Algum dia tens de me explicar como o tempo te dá para tanto!!
      Feliz quarta feira

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  3. Belo como sempre

    Não matem a criatividade

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  4. Fiz um "filme" da adolescência e juventude onde esta temática estava muito presente.
    Até me recordo de estar no meu quarto a estudar com um daqueles livrinhos de banda desenhada, dissimulado dentro dum compêndio, e não ter sido suficientemente rápido para enganar o meu pai, que entrara sem eu me aperceber...

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