Hoje fui votar. Como sempre, na minha Escola. Onde comecei a ensinar, e se chamava então escola Preparatória António Pereira Coutinho. Mais tarde, foi Liceu. Agora é a Escola Secundária de São João do Estoril.
Tantas coisas me ligam a essas escola, onde cheguei jovenzinha. Onde encontreia alunos e alunas que ficaram amigos para a vida. Onde estive, parti para fora muitos anos, voltei. Parti outra vez e voltei. Em 2003.
E iam aparecendo novos alunos, novos amigos, com novos trabalhos e sonhos!
Alguns alunos tinham desaparecido para sempre. Como o Sérgio, estudante de Artes.
Tantos sonhos ao longo destes anos. Por cá e por lá. Era isto que queríamos no nosso país quando, nessa altura, sonhávamos?
Tinha chegado o 25 de Abril há pouco...
E sonhávamos com um 25 de Abril! Que um dia chegou. Era nele que sonhávamos, quando sonhávamos? Sem dúvida. Mas nada é perfeito e houve fragilidades que se foram 'consolidando' mal. Houve abusos. Houve passos atrás. Seja como for, sem ele hoje não teríamos ido votar em liberdade como hoje fomos!
Crescemos,
trabalhámos, tivemos filhos que cresceram. Os meus alunos têm hoje filhos. E de repente deixaram de ter trabalho, segurança. E tiveram de partir!
As vidas precarizaram-se. Este governo dos últimos 4 anos aconselhou os nossos filhos a partirem! Empurrou-os para fora.
E agudizou as diferenças sociais, falhou as promessas e ia destruindo o país com uma cura de austeridade que deu cabo da classe média e nos tirou a esperança de dias melhores. Enquanto eles durassem.
Hoje fomos votar. Espero os resultados. Espero que o país tenha sabido escolher.
Hoje comovi-me ao ver o meu liceu! Porque o achei bonito neste dia cinzento de Outono. Tinha plantas verdes, espaços amplos, sinais de gente que quer coisas! E lembrei tantos miúdas e miúdos que conheci pequenos, que hoje vejo grandes...
E tinha quadros nas paredes feitos pelos 'nossos' alunos.
E eram bons aqueles trabalhos. Eram bonitos. Lembrei-me do colega de Artes Plásticas, o Man que muito exigia dos seus alunos mas, creio, muito lhes dava de si.
Vi Chagall nas paredes, vi um Dali, um outro que podia ser Munch, Matisses, ou se lá quem, pintores "citados" com muita qualidade.Tive orgulho neles.
Os meus alunos cresceram, partiram muitos deles também. Como explicar-lhes, hoje, se os visse, que para eles não há lugar por cá? Voltei ao Pavilhão A, onde comecei a dar aulas. Ao Pavilhão D, onde acabei de dar aulas.
Tive saudades desses tempos! Dessas gentes que merecem um país de jeito!
Pavilhão A
Pavilhão D
Memórias tão bonitas:)
ResponderEliminarUm beijinho grande:)
"Volver tiene la magia de un ritual.
ResponderEliminar¡ Me reconozco en la costumbre de volver!
A reencontrarme en mí, a valorar después
Las cosas que perdí. La vida que se fue." ( tango)
Uma memória emocionante...
ResponderEliminarVidas que vale a pena viver e recordar.