Li
uma entrevista interessante que falava do ‘tempo dos ignorantes’. Eu diria dos
‘ignorantes voluntários”.
Diz Stephane Bern, jornalista e escritor e
historiador, na entrevista a que me refiro: “Vivemos uma época de incultura descomplexionada, de intolerância
descomplexionada.”
Ignorância descomplexionada também. Aprender, saber deixou de importar. Pode-se falar de tudo sem saber e sem complexos!
Na editorial do Monde de 3 de Janeiro, leio ainda:
Ignorância descomplexionada também. Aprender, saber deixou de importar. Pode-se falar de tudo sem saber e sem complexos!
Esperança, de George Frederick Watts
Na editorial do Monde de 3 de Janeiro, leio ainda:
"O
saber é relativizado, os meios de informação são demasiados, há muitas ‘informações’
impossíveis de verificar e, assim, criam-se ‘falsas bolhas cognitivas’ onde cada
um se fecha nas próprias convicções."
Cada um quer ter a sua verdade sem se preocupar com factos ou fontes. Fala-se da era da pós-verdade...
Cada um quer ter a sua verdade sem se preocupar com factos ou fontes. Fala-se da era da pós-verdade...
"Na
base do trabalho dos ‘media’ estão os factos que eles deveriam referir e, em
seguida, comentar. Os factos concorrem a estabelecer a verdade. Muitas vezes
relatam-se factos errados. Em princípio, são erros involuntários e deveriam ser
corrigidos.”
Na era da pós-verdade ou
dos pós-factos acontece que os factos
não são fundamentais. Certas personalidades públicas mais ou menos desonestas podem hoje anunciar falsas
notícias e tirar benefício disso.
A mais famosa foi a 'informação' (refere a 'editorial') que há alguns anos Donald Trump 'trouxe': segundo a qual, Obama não era americano, pois teria nascido no Kenya como o seu pai. Que fosse publicado o certificado de nascimento de Barack Obama provando que nascera nos USA, não serviu de nada, pois muita gente acreditou nisso até ao momento em que o Trump, no final da campanha, desmentiu a notícia. Sem se desculpar sequer.
A mais famosa foi a 'informação' (refere a 'editorial') que há alguns anos Donald Trump 'trouxe': segundo a qual, Obama não era americano, pois teria nascido no Kenya como o seu pai. Que fosse publicado o certificado de nascimento de Barack Obama provando que nascera nos USA, não serviu de nada, pois muita gente acreditou nisso até ao momento em que o Trump, no final da campanha, desmentiu a notícia. Sem se desculpar sequer.
É
mais fácil deixarmo-nos levar pela voz que "diz" o que queremos "ouvir" –as tais
‘falsas bolhas cognitivas’ em que nos reconhecemos. No entanto, ser exigente,
querer saber as causas, conhecer os factos, procurar escolher – isso faz parte
da liberdade do homem, da qualidade de se ser ‘gente’.
Muito
do ‘futuro’ que aí vem depende de nós. Sabendo que nunca mais nada vai ser igual.
"Passaram os 60 anos de "paz" entre social-democracia e liberalismo. Mais igualdade, mais garantias para os trabalhadores. Trabalho assegurado. (...) Hoje não vai ser assim: o trabalho é precário quando há; o futuro é uma ameaça angustiante."
Tudo tem de ser reconstruído, "reconquistado", mas no ponto em que estamos. Sabendo que a resposta está à frente e não no passado.
Novas lutas. Novos desafios. Do que quisermos e do que fizermos e do que deixarmos que os outros façam. Porque o nosso olhar sobre as coisas tem uma força decisiva. Para nós. Para os que nos quiserem ouvir. Para os que exigem a verdade. E a justiça.
"Passaram os 60 anos de "paz" entre social-democracia e liberalismo. Mais igualdade, mais garantias para os trabalhadores. Trabalho assegurado. (...) Hoje não vai ser assim: o trabalho é precário quando há; o futuro é uma ameaça angustiante."
Tudo tem de ser reconstruído, "reconquistado", mas no ponto em que estamos. Sabendo que a resposta está à frente e não no passado.
Novas lutas. Novos desafios. Do que quisermos e do que fizermos e do que deixarmos que os outros façam. Porque o nosso olhar sobre as coisas tem uma força decisiva. Para nós. Para os que nos quiserem ouvir. Para os que exigem a verdade. E a justiça.
Para
mudar alguma coisa -por muito pouco que se mude- é essencial fazer um esforço para isso!
Não digam que não vale a pena esperar nada de bom do novo ano, porque
o mundo foi – e será - sempre assim! Indigna-me aceitar
esta ideia-feita que implica desistência, logo à partida.
O nosso pasmo e a indiferença
permitem que as coisas que não queremos aconteçam. Falar,
gritar, protestar é bom. Mas com o coração perto!
Uma
voz que fala hoje, alto e bom som, neste mundo demitido da esperança, e
em que todos parecem deixar-se levar para o abismo, é o Papa Francesco.
“Devemos construir pontes que
abatam os muros. Os homens devem aproximar-se e não separar-se. Devemos fazer
diminuir as desigualdades e que aumentem sim a liberdade e os direitos dos
homens”, diz Papa
Francesco numa entrevista de Eugenio Scalfari, no jornal italiano La Reppubblica.
Magritte, Condição Humana
A
vida é curta, tão curta! Por que não tentar encontrar a raiz comum em vez de
nos agredirmos constantemente? Deixar o espírito solto e a alma aberta ao que
vier. Para saber mais. Para aprender mais. Para criar as pontes e não os muros…
Tentemos acreditar, tentemos a esperança. Deixemos para trás os ódios, os ressentimentos, as desconfianças que destroem apenas quem os tem dentro.
Escreveu o espanhol Gustavo A. Bécquer:
Tentemos acreditar, tentemos a esperança. Deixemos para trás os ódios, os ressentimentos, as desconfianças que destroem apenas quem os tem dentro.
Escreveu o espanhol Gustavo A. Bécquer:
“Ao brilhar o relâmpago nascemos,
e ainda dura o seu fulgor quando
morremos:
Tão curto é o tempo de viver.”
Exactamente porque é pouco o tempo de viver devemos aceitar o outro. E indignar-nos com o que é injusto para o outro tal como para nós. Sem desespero nem angústias. Fazendo o que estiver ao alcance da nossa mão, com esperança.
Dizia o Rabbi Nahman de Breslau, sempre sábio e tolerante:
“Mais vale crerem que somos loucos porque acreditamos, do que sermos os cépticos que não acreditam em nada, nem na verdade.”
Quem sabe o que vem depois? O silêncio da eternidade?
Um
BOM ANO 2017!
Uma bela, necessária e urgente reflexão!
ResponderEliminarVivemos no tempo dos "achistas" e dos "tudólogos" - tempo perigoso, este...E as redes sociais, às vezes, mais parecem as praças onde se realizavam os autos-de-fé...Num instante, se difama e "queima" alguém, em julgamentos sumários e carregados de ódio...
Bom ano para si e o Manuel, Maria João!
Beijinho amigo.
Muito obrigada pelas suas palavras! Agradecemos os votos. Um Bom Ano para si, no seu presépio junto ao canal...!
EliminarGostei muito, quer do texto, quer das fotografias, quer da apresentação. Os meus parabéns!
ResponderEliminarMuito obrigada!
EliminarA canalha anda à solta
ResponderEliminar" divida soberana " ?
Prefiro um pão em liberdade.
Sempre bom viajar pelo seu espaço
Bj