Quem leu toda a vida, e amou os livros, sabe quais são os benefícios da leitura. A nível de humor, boa disposição, companhia, aprendizagem, capacidade de simpatia para com personagens estranhos, diferentes, a quem no entanto nos afeiçoamos de modo a compreendê-los nos piores momentos.
Quem não se identificou com -ou 'perdoou' mesmo- os personagens de Dostoievsky? Quem não chorou com os contos de Tchekhov? Ou riu com A Morgadinha dos Canaviais?
Quem não se identificou com -ou 'perdoou' mesmo- os personagens de Dostoievsky? Quem não chorou com os contos de Tchekhov? Ou riu com A Morgadinha dos Canaviais?
Hoje tive a alegria de ver que, também a nível científico, se comprovam esses benefícios.
No diário espanhol, El País (*), um artigo muito bem feito 'explica' que esse trabalho de leitura tem vários requisitos e utilidades que nunca sonhámos: até a vantagem de desenvolver a inteligência.
Lê-se pouco, lê-se muito? O jornal refere que a leitura 'baixou' e que, no ano de 2015, em Espanha, 40% das pessoas não tinham lido um só livro! (Não tenho dados sobre o ano 2016). Daí, a necessidade de se ter de organizar um Plano de Leitura Nacional.
No diário espanhol, El País (*), um artigo muito bem feito 'explica' que esse trabalho de leitura tem vários requisitos e utilidades que nunca sonhámos: até a vantagem de desenvolver a inteligência.
Lê-se pouco, lê-se muito? O jornal refere que a leitura 'baixou' e que, no ano de 2015, em Espanha, 40% das pessoas não tinham lido um só livro! (Não tenho dados sobre o ano 2016). Daí, a necessidade de se ter de organizar um Plano de Leitura Nacional.
A
leitura, efectivamente, inunda de actividade o conjunto do cérebro e reforça
também as habilidades sociais e a empatia, além de reduzir o nível de stress do
leitor.
"Outro dos aspectos importantes a destacar é a função de relacionamento que tem a literatura de ficção que é a simulação de nós próprios, em interacção."
"Outro dos aspectos importantes a destacar é a função de relacionamento que tem a literatura de ficção que é a simulação de nós próprios, em interacção."
Chagall, O Poeta a descansar
O artigo de Ignacio Morgado Bernal põe em relevo o trabalho feito pelo novelista e psicólogo Keith Oatley da
Universidade de Toronto (Canadá), recentemente publicado na revista científica
CellPress, intitulado: “Ficção: Simulação de mundos sociais.”
Keith Oatley
“Através
de uma cuidadosa revisão de dados e de considerações sobre Psicologia do
Conhecimento, Oatley (…) conclui que esse tipo de literatura , ao ser –como é-
uma exploração de mentes alheias e diferentes faz com que quem lê melhora a sua
empatia e compreensão dos outros, algo de que estamos muito necessitados. Fala da importância das emoções associadas à obra de arte, neste caso à literatura de ficção.
"Somos feitos da matéria dos sonhos", dizia Shakespeare. Talvez a ficção, os sonhos dos livros, sejam mais uma fonte de emoções e de sonhos.
Acrescenta, ainda, o artigo: "Essa conclusão é além do mais confirmada por neuro-imagens, quer dizer, por dados científicos que exploram a actividade cerebral relacionada com esse tipo de emoções. A ficção que inclui personagens e situações complexas pode ter efeitos especialmente benéficos.”
Verifica-se,
pois, que os livros -e outra qualquer leitura comparável- "são assim uma forma de “ginásio”, fácil e barato, para exercitar a mente, que proporciona uma melhor relação custo/benefício
em todas as idades da vida, por isso deveria incluir-se na Educação desde a
idade mais tenra e manter-se durante toda a vida.”
O exercício mental da leitura 'ginastica' o cérebro, abre-o, estimula-o. Para mim são boas notícias.
Nos seus trabalhos, Oatley cita a neuro-cientista Annie Murphy Paul que, em 2012, (no New York Times) fala da “emoção que as palavras poéticas, as metáforas evocativas, as descrições de paisagens e certos diálogos emocionantes podem despertar o cérebro, e estimular o ‘cortex’ cerebral”.
Qual a natureza, por exemplo, da amizade e qual a natureza da nossa relação com os livros e com os escritores?
Oatley
afirma, ainda, que a leitura de obras de ficção causa uma viva simulação da realidade
que actua no cérebro dos leitores tal como certas simulações actuam nos
computadores. Afirmações muito interessantes para quem, como nós, ama a literatura de ficção!
Por isso, aqui vos deixo algumas 'pistas'!
O exercício mental da leitura 'ginastica' o cérebro, abre-o, estimula-o. Para mim são boas notícias.
Nos seus trabalhos, Oatley cita a neuro-cientista Annie Murphy Paul que, em 2012, (no New York Times) fala da “emoção que as palavras poéticas, as metáforas evocativas, as descrições de paisagens e certos diálogos emocionantes podem despertar o cérebro, e estimular o ‘cortex’ cerebral”.
Qual a natureza, por exemplo, da amizade e qual a natureza da nossa relação com os livros e com os escritores?
John Ruskin
Num
dos artigos que li, sobre Oatley falava-se de John Ruskin, escritor, pintor e crítico do século
XIX que, pelo seu interesse e amor à Arte, ajudou, a
revelar -e a tornar populares- muitos pintores ingleses como o grande J.M.W. Turner e os
Pré-Rafaelitas.
A
principal ligação de Ruskin à Psicologia da ficção é feita através de Marcel Proust
que começou a ler Ruskin em 1897. "A leitura é uma amizade", dizia Proust.
Traduziu para francês obras dele e publicou-as. Confessava que não
conhecia muito bem a língua inglesa mas que conhecia bem Ruskin.
Escreveu inclusive "Sur la lecture" que desenvolve a ideia de John Ruskin de que os livros são amigos.
Escreveu inclusive "Sur la lecture" que desenvolve a ideia de John Ruskin de que os livros são amigos.
Por isso, aqui vos deixo algumas 'pistas'!
(*) El País, 16 Janeiro, artigo de Ignacio
Morgado Bernal, "Razões científicas para lermos mais do que lemos”
http://elpais.com/elpais/2017/01/11/ciencia/1484155657_662258.html?id_externo_rsoc=FB_CC
http://elpais.com/elpais/2017/01/11/ciencia/1484155657_662258.html?id_externo_rsoc=FB_CC
(**)
Keith Oatley é professor emérito de 'Psicologia do Conhecimento', da Universidade
de Toronto; é investigador em Psicologia da Ficção e autor de três romances.
Porque preferimos certas histórias?
Os
livros são como amigos?
A emoção que as palavras poéticas despertam no cérebro:
Boa partilha como sempre
ResponderEliminarBj
Ler um bom livro é um prazer de deuses, com a vantagem de que quantos mais se leem, mais vamos sabendo de qualidades. Passa igual com a música, a pintura e quase todas as coisas, afinal. Com o tempo somos um bocadinho mais sábios como tu...
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