Falar sim mas para quê? ...Para que sim!
Havia uma poesia de que gostava muito e que ainda hoje sei de cor! Era do poeta Sidónio Muralha (*) e estava num livro que o meu pai nos comprou e se chamava: "Bichos, bichinhos e bicharocos".
A Joaninha da história era tão bonita! Mas tinha medo de voar... Acontece às vezes. A joaninha desta poesia é como muita gente: prática, céptica e sem sonhos.
Às vezes as joaninhas pensam que nada vale nada, ou que tudo é igual, resignam-se e não acreditam que valha a pena voar! Enchem-se de medo, desistem e ficam paradas.
Deixam-se ficar com as patinhas bem fincadas na terra, sem olhar bem as violetas e a poesia que vive à sua volta.
De facto, assentam as patinhas nas folhas, a comer os insectos daninhos, sem querer mais nada. A poesia da minha infância contava duma joaninha assim:
Havia uma poesia de que gostava muito e que ainda hoje sei de cor! Era do poeta Sidónio Muralha (*) e estava num livro que o meu pai nos comprou e se chamava: "Bichos, bichinhos e bicharocos".
A Joaninha da história era tão bonita! Mas tinha medo de voar... Acontece às vezes. A joaninha desta poesia é como muita gente: prática, céptica e sem sonhos.
Às vezes as joaninhas pensam que nada vale nada, ou que tudo é igual, resignam-se e não acreditam que valha a pena voar! Enchem-se de medo, desistem e ficam paradas.
De facto, assentam as patinhas nas folhas, a comer os insectos daninhos, sem querer mais nada. A poesia da minha infância contava duma joaninha assim:
“A
joaninha bonita
Que
mora a meio do caminho
Da
rua das violetas
Tem
um vestido de chita
Todo
ele encarnadinho
E
cheio de bolinhas pretas.
E
quando a gente lhe diz:
‘Joaninha
voa, voa,
Não
me digas que tens medo,
Se
voas, serás feliz
Que
o teu pai está em Lisboa
Foi
lá comprar um brinquedo',
A
Joaninha responde:
‘Se
és amigo verdadeiro
Não
me digas voa, voa.
Voar
sim, mas para onde?
O
meu pai não tem dinheiro
A joaninha bonita
Lá
se fica no caminho
Da
rua das violetas
com
um vestido de chita
Todo
ele encarnadinho
E
cheio de bolinhas pretas."
E eu fico com uma grande vontade de dizer à joaninha: "Joaninha voa, voa ...Tens asas! Mesmo que não saibas para onde, voa!"
(*) Sidónio
Muralha (Pedro Sidónio de Araújo Muralha) foi um poeta e escritor português.
Nasceu em Lisboa –no bairro da Madragoa- em 28 de Julho de 1920 e morreu no
Brasil, em Curitiba, em 8 de Dezembro de 1982.
Muito novo ainda, colaborou em revistas e publicações literárias próximas do movimento que viria a ser o Neo-realismo português. Foi um grande viajante, vivendo no Congo Belga, na Bélgica, em Ostende, em Dakar, em Londres e em Paris.
Em 1960, parte para o Brasil onde fica a viver até
ao fim. Morre em Curitiba.
Muito novo ainda, colaborou em revistas e publicações literárias próximas do movimento que viria a ser o Neo-realismo português. Foi um grande viajante, vivendo no Congo Belga, na Bélgica, em Ostende, em Dakar, em Londres e em Paris.
Brasil , fotografia de Fulvio Reuter
Curitiba
Gostei tanto deste post!
ResponderEliminarComprei o "Bichos, Bichinhos e Bicharocos" numa edição recente, há pouco tempo. Esses livros eram tão bonitos!
Foi giro vê-los aqui, matar saudades!
Um beijinho grande:)
Querida Isabel, foi tão bom rever-te por aqui! Acredita que pensei muito em ti enquanto escrevi este post. Beijinhos
EliminarMuito obrigada, Maria João:)
EliminarTenho vindo ver os seus post, mas não tenho andado com muito ânimo para mais nada. As coisas por aqui andaram difíceis. Mas agora parece que está tudo a voltar ao normal.
Um beijinho grande e desejo-lhe um bom fim-de-semana:)
Sidónio Muralha tem livros muito bonitos e alguns já muito difíceis de aparecerem!
ResponderEliminarGostei imenso desta exposição sobre o autor.
Um beijinho amigo!
Quando chamo Joaninha à minha filha
ResponderEliminarparece que voa
Bj
amor de pai...
EliminarConcordo com a Isabel, este post é uma beleza.Bjsss
ResponderEliminarNuma época em que eram tão raros os livros para leitura infantil! Eu lia e relia os meus...
ResponderEliminarGostei sobremaneira desta terna homenagem...
Beijinhos, MJ.
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Também nunca esqueci estes livrinhos! E sei muitos dos poemas de cor, claro...Boa semana!
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