segunda-feira, 17 de julho de 2023

Leonard Cohen - da canção "Famous Blue Raincoat" à canção "Halleluja" - tanto mar! tanta vida e tanta luta!

 

Leonard Cohen o insatisfeito - o caminhante da vida, o viajante à procura de um sentido para caminhar, o homem que espera um chamamento de algures. 

Que não desiste de um absoluto terreno. Antes do outro "absoluto" - incerto esse – que pode nunca chegar. 

 Caminhante das várias estradas da vida. Sabia que é na vida que tudo se joga. Leonard Cohen era um judeu e um homem religioso à procura de uma resposta - um lutador sempre.

Dividido entre a crença e a dúvida e a procura de um sentido para viver. Na sua conversa com o seu Deus bíblico e as suas poesias nas quais, inspirado nos Salmos do Rei David, se queixava a Deus e protestava com ele.

 Livro dos Salmos do Rei David

Homem que amou, amou, amou... Com raiva e ódio, sim também. As canções de amor e de revolta mostram muito mais do que julgamos saber.

 Cohen que um dia se retira no mosteiro budista do Mount Baldy Zen Center perto de Los Angeles, onde vive cinco anos. 

Sazaki Roshi e Leonard Cohen

Trabalha, ouve, medita e cozinha para o seu Mestre e amigo, Sazaki Roshi, de quem vai ser cozinheiro e motorista.

Mosteiro budista (foto de Marisa Volonterio)
 
 A influência do Mestre Roshi estendeu-se à obra – Leonardo põe de lado o humor sarcástico de certas canções do álbum “New Skin for Old Cerimony” (1974) e afasta-se ou ousadia equívoca de “Death of a Ladies Man” (1977).”
 
fotógrafo vietnamita Lê Thanh Tû

Talvez no isolamento e no silêncio do mosteiro budista tenha encontrado alguma forma de paz ou de aceitação. Recuperou pelo menos confiança e a vontade de criar música, de escrever poesia e de desenhar. São dele as ilustrações do livro de poesias The Book of Longing que sai em 2001.

Depois desse retiro, numa entrevista à revista Rolling Stones diz:

“Este mundo está cheio de conflitos, está cheio de coisas que não podem ser reconciliadas mas há momentos em que podemos transcender o 'sistema dualista', reconciliar e abraçar toda a desordem - e é isto que eu quero dizer na canção Hallelujah."

https://youtu.be/YrLk4vdY28Q

E explicava: "O momento em que podemos viver com certa tranquilidade, nestes conflitos absolutamente irreconciliáveis, é quando decidimos abraçar tudo e dizer “olha, não entendo nada desta merda – Hallelujah!” Esse é o único momento em que vivemos aqui plenamente como seres humanos.”

Depois da sua morte Daniel Benavides escreve no blogue que dessa experiência de monge zenista  "resultou um livro de poemas e desenhos, e também um novo disco, "Ten New Songs" que vai sair em 200. Música meio 'soul', meio 'gospel', o disco foi gravado na garagem e escrito em parceria com uma das suas “backing vocals”, Sharon Robinson."

Duas canções "Famous Blue Raincoat" - uma das suas mais belas canções- e "Halleluja" - a canção com esperança.

***

Daniel Benavides, blog  "olhar budista" :

https://olharbudista.com/2016/12/07/leonard-cohen-um-artista-zen-budista/

2 comentários:

  1. Foi uma pessoa interessantíssima, pensador empedernido, escritor, poeta, músico, cantor...Recebeu entre outros o prestigioso Prémio Príncipe de Astúrias das Letras. E "amador",como bem dizes (teve 5 mulheres). E morreu velhinho e tranquilamente, sem ter encontrado o sentido à vida, que não o tem nem terá nunca. Um beijinho para ti.

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  2. Maria João,
    Ouço com frequência Leonard Cohen!
    Gosto imenso!
    Um beijinho. 🌼🍀

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