"Alma,
que fica por fazer desd’ hoje
Na
vida mais? Se a vã minha esperança
Que
sempre sigo, que me sempre foge,
Já
quanto a vista alcança a não alcança?
Fortuna
que fará? Roube, despoje,
Prometa
doutra parte em abastança:
Que
tem com que m’alegre, ou com que anoje?
Tanto
tempo há que dei mão à balança.
Chorei
dias e noites, chorei anos,
E
fui ouvido ao longe, pelo escuro
Gritando,
acrescentar muito em meus danos.
Agora
que farei? Por amor juro
De
tornar a cantar fora d’engano,
E
por muito do mal, posto em seguro.”
É um texto triste...
ResponderEliminarGostei da pintura:)
Um beijinho grande e um bom dia:)
O grande Sá de Miranda! Já ele bem dizia aquilo de " Homem dum só parecer,/Dum só rosto e duma fé,/ Dantes quebrar que torcer,/ Outra coisa pode ser/ Mas de Corte homem não é"...
ResponderEliminarAi a Corte, sempre a Corte! E a Fortuna, tão caprichosa...
É, para mim, um dos sonetos emblemáticos de Sá de Miranda. A versão que escolheu (opção de Rodrigues Lapa, nos "Clássicos Sá da Costa", também) segue a edição de 1614. Que a de 1595 propõe outra:
ResponderEliminar"Alma que fica por fazerdes hoje..."
Permita-me não gostar do quadro que associou ao magnífico soneto mirandino. E espero que me desculpe, democraticamente.