E
começa assim o meu 'carnet' da viagem a Trieste:
“24 de Outubro de 2016,
A viagem de avião foi rápida -quase nem dei por ela! Vou já a
caminho de Trieste, no comboio das 14 e 15. Chego daqui a duas horas e tal. O comboio partiu de Veneza há pouco e vejo
desenrolar-se a paisagem da laguna.”
Um
bocado pomposo o título, mas a verdade é que fui tomando notas, num caderno, "carnet", pelo caminho. Caderno novo, caneta nova, preparo-me para olhar e escrever…
Hoje, de regresso, reabri-o.
A meio, meteram-se as eleições americanas e acabo por me indignar com o
resultado, quando apenas queria abstrair-me de tudo! Ouvia:
“tanto faz um como o outro’ ou ‘ganhe quem ganhar, são os dois piores
candidatos de sempre’ ou ‘vai ganhar o menos mau’ – o que não era verdade.
Houve tanta expectativa! "Enfim, enfim, dôtôrra", diria a Milita, minha cozinheira em São Tomé.
Arturo Nathan, pintor triestino, A espera
Que erro! Porque nem eram iguais porque não tinham o mesmo programa – partindo já da
ideia de que Trump nem programa tinha, a não ser querer ‘assustar’ os futuros
eleitores, descontentes, com o espantalho dos ‘outros que vêm de fora’, o 'outsider', o estrangeiro. Limita-se a falar da insegurança e etc e
tal. E da 'sua' segurança.
A verdade é que tudo é diferente no programa dos dois. Pouco
importa, não quero prender-me aos resultados, vim para rever Trieste e pensar
noutras coisas, mas vou reflectindo no quão perigoso é o medo das pessoas.
e os índios?
O medo do
futuro -com os novos migrantes (mas não foram os americanos, antes de todos, os
primeiros ‘migrantes’ na América? O que teriam a dizer disto os índios das
reservas?)- a violência que os mais ignorantes associam aos negros - tudo leva
os inseguros a votar no engano do ‘populismo’, nacionalismo’, ‘proteccionismo’ do candidato Trump – o que não corresponde a
nada, nem à verdade. Promessas, ameaças, insultos.
O
pior candidato foi o eleito. Ambicioso, inculto, pouco sabedor, a não ser de
finanças (dele). Rodeados de perigos: erguer muros, cortar liberdades
adquiridas, de tudo se fala nos jornais italianos.
"Como deixar a sala dos
‘botões’ à mão dum ser incontrolável politicamente?"
O
candidato dos ‘desperados’? Sim. Dos que, no fim da picada, desesperançados, se deixam levar
pela voz da sereia que tudo promete. Talvez nada esperem da vida e pensem que,
já agora, tanto faz este ou aquele candidato.
Hillary Clinton arrancou já ‘ferida de asa’, com uma série de ‘casos’ não resolvidos, de doença, de
ameaças que iam aparecendo “au fure et à mesure” que Trump precisava deles.
Casos antigos, emails, acusações lembrados e lançados para a mesa como balas. O último vai revelar-se fatal: os emails trazidos (em boa hora para Trump) pelo FBI. Demasiado -e propositadamente- tarde chegou o
desmentido "afinal não era nada...". Bastou e foi o golpe de misericórdia para Hillary.
Hoje, a frio, penso que um dos handicaps de Hillary foi ser mulher e querer ser homem e fazer um trabalho de homem. Talvez ainda não tenha nascido o dia de ‘ver’ uma mulher
Presidente, na sociedade super-machista que é a dos nos USA.
Imenso o número de homens que ‘concordava’
com os disparates misóginos de Trump! Penso que nem as próprias mulheres americanas
estão preparadas para isso, ou têm medo: basta ver o número das que aplaudiam,
irreflectidamente, cada asneira e atitude de Trump.
Hillary
tinha um programa que seria bom ter sido discutido e ver realizar: maiores oportunidades
para as mulheres, bolsas de estudo para os universitários pobres. No final, lúcida,
percebeu que a sua metáfora ainda não era realizável: uma mulher não pode rebentar
o tecto de cristal do local onde decorria a sua campanha final!
Era
a candidata ideal? Não era. Corajosa e competente, fragilizada, porém. Mas
bateu-se como uma leoa pelo programa em que acreditava.
Fala-se
do rottweiler, Rodolfo Giuliani, o
antigo sheriff de New York da
‘tolerância zero’. Em 1990, a “law and order” que “limpou a cidade” como nos filmes, à força de discriminação
racial.
Giuliani o que defendeu Donald Trump, como um cão, durante a campanha, mordendo à esquerda e à direita.
Giuliani o que defendeu Donald Trump, como um cão, durante a campanha, mordendo à esquerda e à direita.
Talvez não haja outro cão na Casa Branca igual ao de
Obama. "Donald e Melanie ficam-se por este rottweiler", diz-se a brincar.
Juncker,
ironicamente, diz que "vão ser precisos dois anos para “ele” começar a aprender
alguma coisa sobre a EU".
E outros dois para ‘aplicar’ o que sabe...
E Giuliani, Rudolfo, que quer substituir John Kerry - quer? Sabe? Não. ‘não sabe nada de política estrangeira nem de democracia”, dizem os jornais italianos (La Stampa).
Está sol hoje, mas disseram que via chover!
E outros dois para ‘aplicar’ o que sabe...
E Giuliani, Rudolfo, que quer substituir John Kerry - quer? Sabe? Não. ‘não sabe nada de política estrangeira nem de democracia”, dizem os jornais italianos (La Stampa).
Está sol hoje, mas disseram que via chover!
E que importa tudo isto?, pensei de repente. Vou desligar! “Estou em férias ou não estou? Não vou
pensar mais neles”.
Prometo voltar depressa com as histórias do meu 'carnet' de viagem!
Um dia falaremos de gente séria
ResponderEliminarO Natal vai começar?
E isso...E, além do mais, é sempre natal! Já começou!
ResponderEliminarPara quem não saiba, não não era Hillary a minha candidata. Era Bernie Saunders -mas nem ele chegou ao fim, nem eu podia votar nunca, pois não sou americana. Por isso, Hillary pareceu-me muito melhor do que o outro. Sim, teria votado por ela se pudesse votar...
EliminarNão sei como é que pessoas normais podem escolher para seu presidente um homem como Trump...
ResponderEliminarEnfim, se calhar têm o presidente que merecem.
Beijinhos:)
Maria João,
ResponderEliminarEla seria a menos má e seria a 1ª mulher presidente mas... o mundo está louco. Fiquei surpreendida com os resultados.
Ache graça meter na sua viagem as notícias internacionais.:))
Beijinhos.:))
Penso que foi um choque para todo o mundo civilizado...
ResponderEliminarAdmiro HC pela imensa força que demonstrou na campanha,
relacionando-a com a sua idade...
Peço desculpa aos bons americanos, mas a grande massa
populacional raciocina como os antigos ''cow-boys''...
Que modelo sórdido de praticar eleições!
Lamento que este triste episódio tenha perturbado a
sua apreciação de Trieste...
~~~ Beijinhos, MJ ~~~
À luz da razão, toda a ansiedade se alivia. Epicuro
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