segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Pintura de hoje, em Trieste e Meggi Pepeu

Meggi Pepeu
Trieste é uma cidade de cultura. De várias culturas, aliás, cidade aberta, porto franco durante muitos anos, soube aceitar os outros. 
Encontrei, numa velha agenda em que tomo apontamentos, esta frase de Frank Zappa (quem o não conhece?) e não resisto a pô-la aqui: 
"A mind is like a parachute. It does'nt work if it is not open..."
O que é perigoso, claro."Elementar, meu caro Watson!", diria Sherlock Holmes. Mas nem todos somos Sherlock Holmes, nem Frank Zappa. Alguns não entendem estas coisas de "abertura" do espírito, 'cegos' nas suas convicções, fechados ao outro...
Passeando pela Piazza dell’ Unità, como todas as noites, descobrimos na galeria do Município uma exposição temporária de uma pintora, artista gráfica. Chama-se Megi Pepeu e nasceu em Trieste.
Conhecê-la foi bom porque explicou um pouco do que pensava do mundo e da arte. Falou de viagens e de viajantes e, em especial, de uma sua viagem a Portugal. Falou da cidade, de que gostara muito, Évora, onde, há uns oito anos, fez uma exposição. 
Talvez volte a visitar Portugal, confiou-nos, e seria bom. É uma pessoa que fala a sério do que viveu, que ama os as pessoas venham de onde vierem, que não suporta o racismo: sente-se apenas ‘humana’, de raça apenas ‘humana’ e, a brincar ou a sério, diz-se talvez um pouco ‘canina’. Ama os animais e a tolerância.
A sua pintura é uma pintura suave aparentemente, mas fala de coisas grandes e duras. Um dos quadros que me impressionou foi esta imagem de um azul fortíssimo. O mar azul, de ondas encrespadas, à direita um choque de objectos vários, misturados com arames,  linhas agressivas. E, à esquerda, em baixo do quadro, uma camisola parece flutuar, abandonada. Explicou o que queria dizer, com palavras simples: o mar, os naufrágios modernos, as vítimas, a juventude perdida, morta, abandonada nas águas como aquela camisola frágil, cheia de desenhos coloridos.
Ou a ‘Memória do prado’ e nele, sinais do que o prado viu, ouviu: um primeiro amor, um encontro banal, a vida que passa, fugaz, o passarinho amarelo -brinquedo- que uma criança deixou. E o prado recorda as marcas de cores diversas hoje desaparecidas e que deixaram um 'sinal'. E o mar, sempre o mar, sempre o azul do mar!
Trieste e o Golfo, de Glauco Gambon
Tantos outros quadros onde se perde a memória das coisas; o que passou, e que não volta, o abandono da mulher do ‘Nu amarelo’.
E poesia - tanta poesia!- nos quadrinhos pintados sobre o papel que ela própria cria. Porque Megi Pepeu é, também, uma artista plástica e uma artista gráfica: o papel, a gravura, o material interessam-lhe.Pouco encontrei, na internet, sobre ela. Sei que, no passado ano 2015, em Novembro, inaugurou uma Exposição no Centro Creativo de Marino Sterle, em Trieste.

5 comentários:

  1. As pinturas parecem muito interessantes, mas realmente continua tudo em branco e não se nota o que escreveu:(
    Que pena!

    Espero que consiga resolver depressa esse problema:)

    Um beijinho grande:)

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  2. Talvez estranhem este colorido do texto...foi o que consegui "salva" da mancha branca total! Coisas do "blogger" que nem sei bem o que é! desde que retomei o meu blog há dias, recusou-se a pôr o texto normalmente: aparecia, depois de publicado, só com as imagens mergulhadas num branco agressivo! Depois de várias tentativas, encontrei esta: copiar todo o texto e dar-lhe uma cor. Desta vez foi a verde, ontem foi azul...Paciência! Alguém tem uma ideia????

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  3. Ainda bem que conseguiu uma solução! Pelo menos assim pode ler-se e entretanto pode ser que tudo volte ao normal!

    Gostei de ler. Gosto de conversar com pessoas assim.

    Um beijinho grande:)

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  4. "Há magia nas cores nos quadros em exposição e bem mais que isso, há magia nas cores no dorso da minha mão, num pelo de um gato sem dono, no céu que começa anoitecer. Uma paisagem pintada e as frutas de uma natureza morta podem me emocionar por um momento mas só sou capaz de amar apenas o original de que foram copiados porque temos os nossos olhos para a representação das coisas e somos cegos para a beleza do original a nosso lado" - Mr. Butterfly

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  5. Gostei muito da pintura e do seu texto. Tinha lido ontem, mas só hoje deixo o comentário. Era bom que a pintora viesse a Portugal.
    Espero por mais fotos de Trieste que não conheço.
    Beijinhos.:))

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