Amigos do meu blog...
Sei que
alguns me lêem e me "seguem" e eu agradeço essa atenção. Por isso
aqui estou a contar aquilo que foi para mim, a escrever, uma aventura e, depois, na realização,
uma festa!
No
passado dia 5 de Janeiro, apresentei o meu novo livro, um livro de
histórias da minha infância e adolescência que andava aqui, dentro de mim, com vontade de
ir conhecer o mundo.
Dizia o
meu amigo Inácio Steinhardt, em Telavive, que eu escrevia sempre "à janela"... e
perguntava-me: "Maria João, quando é que vem para a rua e fala de si?"
Pois a verdade é que nestas recordações falo de mim e do que vi num tempo em que se é observador, vibrátil, sensível e tudo nos toca bem no fundo da alma - "seja lá a alma o que for", como diz a minha amiga Luísa Moreira.
Aqui vão umas breves palavras sobre o que escrevi nesse livro Sei que há sempre, nos leitores, uma certa
curiosidade em saberem por que razão alguém decide escrever um livro. "Há tantos
livros a serem publicados - o que vem acrescentar este livro, segundo o autor?", perguntam. Eu própria o pergunto...
Acrescentar,
não creio que acrescente nada. É apenas o desejo de contar uma história vivida, numa "percepção à distância", do que foi a evolução de uma criança, que se vai "formando" a si própria, com a experiência das coisas observadas e sentidas.
São as esperanças, os desafios, os desejos, os entusiasmos e desilusões, tudo o que “ferve” dentro dela
num espaço e num tempo fundamentais da vida: a infância e a adolescência. "Começa uma vida" é o título de uma novela de Irene Lisboa. E é de facto sobre esse "começar" que me debruço.
Só muito mais tarde comecei a levar a sério aquilo que escrevia e pensar em publicar.
Um dia, em São Tomé e Príncipe, proporcionou-se a publicação de Ilhas na Bruma – com o apoio de uma pessoa generosa, a poetisa São Tomense, Alda do Espírito Santo, directora da UNEAS. (*)
Um dia, em São Tomé e Príncipe, proporcionou-se a publicação de Ilhas na Bruma – com o apoio de uma pessoa generosa, a poetisa São Tomense, Alda do Espírito Santo, directora da UNEAS. (*)
Eu participara, com pequenas histórias, na revista cultural “Batê Mom” (Bate mão) de São Tomé e a Alda propôs-me publicar essas crónicas, num livro.
Aceitei
com entusiasmo e o livro saiu, em 2006, com o apoio da Fundação Gulbenkian.
Confesso que houve uma escritora, a inglesa Penelope Fitzgerald, que me “empurrou” para publicar (já não muito jovem) um livro. Ela que, com cerca de 60 anos, publica o seu primeiro livro A Biblioteca – uma obra que me interessou.
Penso também num outro escritor, Giorgio Voghera, triestino e judeu, que começa a escrever tarde: “Não queria deixar de testemunhar sobre o que vi, a gente que conheci e o que aprendi com os outros e com a vida.”
A verdade é que deixou livros muito importantes sobre a realidade e a literatura triestina e sobre as figuras famosas que conheceu. De si próprio praticamente nada falou.
Escrever como
um testemunho do que vivemos, vimos, observámos – pode ser diferente do que outros escreveram pois, como o dizia Bashevis Singer:
“Todos
podemos observar as mesmas coisas, viver vidas semelhantes, ver pessoas aparentemente
iguais, mas a verdade é que todos escreveremos de modo diferente segundo a sensibilidade e capacidade de observação de cada um”.
É como se a realidade, aparentemente idêntica, passasse por um “filtro” pessoal.
Todos temos o nosso “filtro” - diverso do dos outros - o que, no fim e ao cabo, essa afirmação vai dar ao que afirmava Régio: “Cada um vê de modo diferente a mesma realidade, conforme a sua própria sensibilidade”.
Se formos sinceros e autênticos, surgirá no que escrevermos a nossa originalidade.
Todos temos o nosso “filtro” - diverso do dos outros - o que, no fim e ao cabo, essa afirmação vai dar ao que afirmava Régio: “Cada um vê de modo diferente a mesma realidade, conforme a sua própria sensibilidade”.
Se formos sinceros e autênticos, surgirá no que escrevermos a nossa originalidade.
Depois de São Tomé, nos mais tarde, em 2009, a minha filha fez-me uma surpresa quando foi à Índia, publicando, em Mysore, outros dois livrinhos: Histórias da Casa Amarela e Recordações da Ilha.
Por
mim, confesso que senti vontade do que foi o começo da minha aprendizagem de vida.
Evoco, simplesmente, momentos da minha infância e adolescência que me marcaram mais: as
pequenas-grandes conquistas, os desafios e medos, a descoberta do
desconhecido e da natureza, de mim própria e dos outros.
Nessa recordação, quis “reviver” o passado: as imagens indeléveis, e irrepetíveis
de certas figuras que não esqueci, entre a nostalgia e a ironia.
A
vida é uma aventura que se cria todos os dias e a minha vida foi agitada e
aventurosa, de país para país, tão depressa dizendo “olá” - à chegada- e, a seguir, dizer “adeus” - e tudo isso
faz doer.
O Auditório é um espaço muito amplo e nobre e terei que voltar ao Centro para ver tudo melhor um dia.
Porque a verdade é que os que vieram eram amigos mesmo, vieram de longe, tiraram um bom bocado do seu repouso de sábado para me virem fazer companhia.
Luísa e eu, noutra situação de apoio...
As três irmãs
A Mimi que nos viu nascer a todas
a Mónica
Amigos, e familiares crescidos e jovens que não via há anos; as
minhas antigas colegas, professoras da Escola Secundárias de São João do
Estoril e da Escola da Portela de Sintra.
a Conceição, primeiro aluna e depois colega
E as alunas e alunos de vários idades, conforme os diversos períodos de ensino da minha vida.
E, last but not least, tive a bela surpresa de reencontrar, passados tantos e tantos anos, a minha primeira
colega de carteira quando entrei para o Liceu de Portalegre.
O nosso liceu era o belo Palácio dos
Acciaioli, de que falo no livro. Tínhamos
as duas 10 anos mas ela veio para Lisboa e nunca mais nos
vimos.
Maria Helena...
...e eu
Quando
comecei a reunir estes contarelos,
encontrei a história do nosso encontro e do ano que passámos lado a lado.
Perguntava : “o que será feito dela?”
Como
a vida é mais rica do que os romances, um dia - há sempre milagres no Facebook
– recebi um pedido de amizade. Conheci imediatamente o nome que nunca esquecera
e, a partir daí, fomos falando.
Saudades desse ano passado, lado a lado? Sim, muitas! e da nossa ingenuidade, das
histórias divertidas, alguma esquecidas por uma, lembradas pela outra.
Outra maravilha inesperada foi ter os meus filhos, cada um vindo de seu continente, e a hipótese de nos encontramos todos.
Assim foi a minha festa! Para finalizar, as flores que eles me ofereceram. "Sem fotos"!, recomendam sempre.
(Não, não são narcisos - apesar deste post ser bastante narcisista!)
(Não, não são narcisos - apesar deste post ser bastante narcisista!)
Enfim, um momento de felicidade de que todos os presentes, conhecidos ou desconhecidos,
fizeram parte. E que vos trago, amigos, para participarem da festa...
Um belo e comovente post sobre a amizade, a escrita e as memórias de uma vida.
ResponderEliminarIrei ler "Os Figos de Setembro", assim como o livro das crónicas de S.Tomé, que refere na sua crónica:-)
Desejo-lhe as maiores felicidades.
Muito Boa Noite!
Rui Lima
Muitos, muitos parabéns! Vi no FB e já estou a tentar através da Livraria Lumiére conseguir um exemplar
ResponderEliminarum beijinho
Gábi
Que bonito! Tenho imensa pena de não ter podido estar aí, mas a Maria João sabe que agora é muito complicado para mim sair daqui. Mas acompanhei-a em pensamento.
ResponderEliminarMuitos parabéns e que este seja o (re)começo de uma aventura na escrita, que se repita muitas vezes.
Um beijinho :))
Quando damos o nosso melhor
ResponderEliminarsomos felizes com os outros
Registo a sua publicação
desejo que voe em voz alta
Querida Maria João, já a felicitei pela publicação do livro "Os Figos de Setembro", mas mais uma vez e agora aqui, a felicito.
ResponderEliminarSó podia ter sido assim como foi: uma festa, um momento bom, feliz e a não esquecer; onde a família e os amigos marcaram presença!
Apenas duas amigas ingratas faltaram: eu e a Isabel. Imperdoável...
A editora ficou de me enviar alguns exemplares. Aguardo.
Um beijinho saudoso.:)
Votos de muito sucesso! O livro deve ser muito interessante - gosto de livros de memórias. Bom dia e parabéns!
ResponderEliminarMaria João, foi muito bom poder assistir ao lançamento do seu livro. Sinto Portalegre a escorrer nas páginas... Obrigada! Beijinhos e avise quando lançar o próximo
ResponderEliminarObrigada a todos!
ResponderEliminarpara os que possam estar interessados, os livros estão à venda na Livraria Lumière do Porto (está online, FB, etc) e também em Cascais, na RGlivreiros...
quem teria adorado lá estar tb, seria a mamã.....e eu claro.....és o máximo e eu fico toda inchadada por ter na familia pessoas como tu,,,,,, e que te lembras de tudo ao pormenor....adoro....também quero ter esse livro. Beijinhos e parabéns.Ainda bem que foi uma FESTA BONITA....tu mereces
ResponderEliminarTinha sido uma grande alegria para mim e para ela...Quase podia ter sido possível...mas eu vou enviar-lhe o livro já amanhã. Não tenho conseguido...beijinhos queridas
EliminarObrigada Maria João!
ResponderEliminarObrigada Maria João!
ResponderEliminarSó agora cheguei!
ResponderEliminarA demora não aconteceu minimamente por descaso, mas aguardei um tempo de tranquilidade para saborear devidamente a sua simpática carta que me compete também agradecer.
Foi muito agradável saber que o lançamento foi um êxito e verificar como todos se aliaram para a saber feliz.
Sabe que eu também adoro os figos de Setembro, nome que no seu livro, suspeito ter um segundo sentido.
Muitos parabéns, querida Maria João.
Continuação de dias de contentamento e realização.
Beijinhos.
~~~~
Muito e muito obrigada!
EliminarMaria João,
ResponderEliminarGostaria muito de ter partilhado esse momento consigo. Mas a estrada e a vida não deixa fazer tudo o que desejaríamos.
Recebi com gratidão o convite e no dia pensei que maravilhoso dia.
O local foi muito bem escolhido para os "Figos de Setembro". Vou arranjar o mais brevemente possível.
Um beijinho especial e muitos parabéns!:))
Maria, parabéns! Quanta amizade a amorosidade eu vejo e sinto neste teu momento de vida! Emocionante!
ResponderEliminarO nome do livro é belo e poético e sim, sei que a leitura é excelente, porque te sigo e acompanho, conheço.
Um beijo e um forte abraço.