A escritora Batya
Gur nasceu, em Telavive, no dia 1 de Setembro de 1947, um ano antes da criação do
estado de Israel. Originariamente Batya Mann, é filha de pais sobreviventes ao
Holocausto. O apelido vem-lhe do marido.
A certa altura dos estudos, muda-se para Jerusalém onde se licencia, na Universidade Hebraica de Jerusalém, e apresenta um doutoramento em “Literatura Hebraica”. Fica a viver na cidade santa até ao fim dos seus dias.
A certa altura dos estudos, muda-se para Jerusalém onde se licencia, na Universidade Hebraica de Jerusalém, e apresenta um doutoramento em “Literatura Hebraica”. Fica a viver na cidade santa até ao fim dos seus dias.
Morreu
cedo, com um cancro, no dia 19 de Maio de 2005, deixando escritos apenas seis
livros.
Penso
que foi uma perda para a literatura policial como também para a cultura em
geral. O que teria continuado a escrever Batya Gur?
Foi
professora de Literatura na Escola e na Universidade e era colaboradora do
prestigioso jornal Haaretz, onde fez
crítica literária.
Batya
Gur situava-se politicamente próxima do Partido Trabalhista de Israel - e
defendia um estado aberto onde fosse possível viverem dois povos, através de
negociações e mútuas cedências. Num diálogo procurado com os vizinhos inimigos.
Li-a,
no final dos anos 90 em Telavive, onde vivi cinco anos, e fiquei a apreciá-la. Conhecia
a realidade de que ela falava. Para a escritora, mais importante do que a
intriga policial é a criação de ambientes e de “pessoas”. A análise psicológica
das suas figuras interessa-lhe e a mim interessava-me ler o que escrevia.
Escreve
sobre ambientes e submundos fechados sobre si próprios, mas tão reais quanto as
inimizades e conflitos que neles se geram.
Os
seus romances focam-se em realidades e grupos diferentes, sejam eles o Círculo
de Psicanalistas; o Campus Universitário; uma Orquestra e os músicos; um
“kibbutz”; uma comunidade étnica, a iemenita; ou, no último livro, o mundo dos “media”, da
televisão.
Os seus livros reflectem o que o país vive: os equilíbrios instáveis, causados pela insegurança, as
frustrações de esperanças passadas, os ódios e ressentimentos, as invejas - que podem, num 'momento' de desconforto ou desequilíbrio mental, despoletar, numa mente frágil, um impulso mortífero e levar ao
assassínio.
O
seu herói, o inspector Michäel Ohayson, judeu sefardita, é aparentemente um duro
mas como o fruto “sabra” – que é o nosso figo da India- por dentro é “doce e sensível”. Os israelitas já
nascidos em Israel são chamados “sabras”. Com picos por fora, na defensiva, mas cheios de
doçura, quando confiam e se abrem.
Viver em Israel não é fácil, país de tantos paradoxos e controvérsias, à beira dum abismo, em luta pela sobrevivência – os “picos” fazem falta....
Viver em Israel não é fácil, país de tantos paradoxos e controvérsias, à beira dum abismo, em luta pela sobrevivência – os “picos” fazem falta....
A
literatura da autora transcende a mera intriga policial - para se “abrir” a
outras questões como a situação de Israel no mapa político do Médio Oriente ou
os problemas universais do ser humano, as coisas da vida.
O
seu primeiro livro chamava-se “O Assassínio de sábado de manha" (Saturday
Morning Murder, 1988) e tem como
subtítulo “Um Caso Psicanalítico”. Está
traduzido em português, na editora Relógio d’ Água (1).
Teve
sucesso imediato entre o público israelita porque no fundo se baseia em figuras
reais – transformadas em personagens de ficção, “de papel”. O livro foi, inclusivamente, adaptado para uma mini-série na televisão israelita - onde teve o mesmo êxito.
Trabalho de equipa com o realizador Ram Loevy e com a assistente Assaf Tzipora na escrita e na revisão do guião.
Trabalho de equipa com o realizador Ram Loevy e com a assistente Assaf Tzipora na escrita e na revisão do guião.
A
história é a seguinte: numa manhã de sábado,
silenciosa e tranquila, surge um acontecimento estranho: Eva Neidorf,
psicanalista e professora muito respeitada, é encontrada morta, com um tiro na
cabeça, na sede da Sociedade Psicanalítica de Jerusalém.
Nessa
tarde, deveria proferir uma conferência em que se referiria aos “casos de consciência e problemas éticos” na Psicanálise.
Conferência aguardada com grande curiosidade e alguma inveja e desconfiança por
parte de alguns. De notar que a morte da professora poderia tornar-se oportuna
para vários colegas.
Qual
a razão daquela morte? Nos livros de Batya Gur os crimes são geralmente
causados por problemas e reacções psicológicas, impulsos incontroláveis.
Raramente são premeditados.
É
o primeiro “thriller” da romancista e, para resolver o caso, é chamado Michäel
Ohayson, Inspector da Polícia de Jerusalém e protagonista de todos os seis
romances da autora.
É a sua primeira aparição. Por isso, ela descreve-o com pormenores: Ficamos a saber que tem 39 anos, é de origem sefardita, foi casado mas está divorciado há oito anos, tem um filho adolescente que ficou a viver com a mãe e com o qual tem uma relação difícil.
É a sua primeira aparição. Por isso, ela descreve-o com pormenores: Ficamos a saber que tem 39 anos, é de origem sefardita, foi casado mas está divorciado há oito anos, tem um filho adolescente que ficou a viver com a mãe e com o qual tem uma relação difícil.
É
um solitário, um taciturno que “se formou
a si próprio” até encontrar o seu lugar.
Nesses aspectos da sua vida, parece-se com a sua criadora – segundo ela escreve: “Eu sou Michäel Ohayson num corpo de mulher.” e grande apreciador de música, que se sente bem em casa, a ler e a ouvir música clássica, sem nunca se aborrecer.
Nesses aspectos da sua vida, parece-se com a sua criadora – segundo ela escreve: “Eu sou Michäel Ohayson num corpo de mulher.” e grande apreciador de música, que se sente bem em casa, a ler e a ouvir música clássica, sem nunca se aborrecer.
No
trabalho é respeitado porque é um perfeccionista simpático.
Fumador
inveterado, detesta jornalistas e meios de comunicação e bebe cafés sobre
cafés, sempre com açúcar. Guia um pequeno Renault
da Polícia e é incapaz de não fazer a barba todos os dias. Segundo dizem os
colegas, tem uma “memória fantástica” sobretudo para nomes.
Tem
um sonho: doutorar-se em Cambridge um dia. Licenciara-se em História e Literatura nessa Universidade e arrasta consigo inacabada uma "dissertação" para a Tese.
Entrar
na elite do “mundo misterioso e
desconhecido” do Instituto de Psicanálise para resolver um assassínio não é
fácil. Resolver o caso também não.
O
segundo livro, “A Litterary Murder: a
critical case” (1999) passa-se no mundo universitário e relata o
assassinato de um famoso poeta e, quase a seguir, o de um professor da
academia. Terão relação entre si? Ohayson vê-se, de novo, a investigar um mundo
fechado– o da Literatura. Fechado e
cheio de guerras: ódios, invejas,
ofensas. Ohayson vai ter de agir com imenso tacto. Terá de pôr em jogo as suas
qualidades.
O
terceiro romance intitula-se “Murder on
the kibbutz: a comunal murder” (1992). E desta vez deparamos com um
ambiente quase secreto, e assassínios
provocados, por um movimento interior.
O
kibbutz é um mundo fechado
fisicamente, é um agrupamento, uma propriedade comunitária. (3). A autora abre-nos uma porta sobre esse mundo.
Como diz o articulista do jornal Le Monde (de 23 de Maio de 2005) a que me referi:
“Batya Gur descreve, com grande realismo e pormenores - dando elucidações importantes para o leitor - certas realidades políticas de Israel.”
Como diz o articulista do jornal Le Monde (de 23 de Maio de 2005) a que me referi:
“Batya Gur descreve, com grande realismo e pormenores - dando elucidações importantes para o leitor - certas realidades políticas de Israel.”
O
mundo do kibbutz foi criado pelos
judeus askhenazi, vindos da Europa do
Norte e da Rússia, chegados à Palestina sob Mandato Britânico, ao porto de
Jaffa, imbuídos dos ideais socialistas do “sionismo”. Para eles, era necessário
manter a cultura trazida de tão longe.
Procuram
uma forma de socialismo comunitário, justo, igualitário, com regras muito
rígidas.
O
que se julgou ser “duro” mas cristalino, na esperança e na Utopia, na construção de um país próprio, onde viver seguros -
nem tudo correu como tinham pensado.
O
ideal continuou mas o que era “cristalino” ofuscou-se. Foram feitas coisas que
não esperavam fazer, lutas que não tinham esperado lutar. Matar. Morrer. Para
sobreviver naquela terra agreste, rodeado de inimigos.
Ao
longo dos anos, alguns kibbutz foram
desaparecendo. Foram-se esvaziando de gente nova: o modo de vida tinha mudado
nas cidades ali perto, e atraíam-nos.
Segue-se
o romance “Murder Duet: a musical murder”
(1996. Uma intriga policial no ambiente de uma Orquestra, depois do assassínio
brutal de dois membros da orquestra: dois violinistas.
Encontramos
a figura simpática e generosa da vizinha de Michäel, Nita. O livro começa com
uma história inesperada: um bebé é abandonado à porta do Inspector, dentro de
um caixote. Ele recolhe-o. Para isso, pede ajuda a Nita que tinha já um filho.
Fingem, então, terem uma relação.
História
triste, humana, em que se pode “descobrir” o que há dentro do coração do
“sabra”: a humanidade e a compaixão, a protecção ao abandonado, ao “outro”.
Dois
anos passaram desde que o detective deixara a sua equipa. Estivera fora da sua unidade
para estudar Direito.
Os
tempos e os acontecimentos que a escritora refere são mais recentes, passam-se depois da
segunda “Intifada” (6) lançada pelo Palestinos, em 2002.
São
muitos e complexos os problemas de Israel e paradoxal a sua situação.
Segundo
escreve Ari Shavit, “Israel é, por um
lado, a única nação ocidental que ocupa o território de um outro
povo para sobreviver; por outro lado, é o único Estado ocidental cuja
existência é ameaçada e que tem de atacar para se defender (...)”. (7)
Temos
a sensação de que Batya Gur começa a referir-se mais directamente à situação do
país, a revelar uma preocupação política e a querer ter uma maior vontade de
intervenção e coragem em afrontar certos problemas políticos.
Até
por isso, o facto de Batya Gur ter escolhido um herói sefardita – ela, de origem asquenazita
- tem um significado importante e revela uma atitude inesperada e corajosa.
Segundo
afirma Ziva Avran, professora de Hebraico e Literatura na Universidade francesa de Lille III : “escolher um herói
sefardita era, para ela, um meio de valorizar essa população, durante muito
tempo ignorada pelas classes dirigentes. Sabia revelar as fracturas da
sociedade, mas sentia-se sempre nela o amor que tinha pelo seu país.” (8)
No romance, a vítima é uma jovem e bela iemenita, Zahara, que é encontrada morta no
terraço de um prédio em reconstrução.
Completamente
desfigurada, sem rosto, sem a carteira e sem qualquer documento, torna-se
complicado identificá-la.
Neste
preciso caso, a autora refere o conflito entre os iemenitas, os mizraki, que preparam uma festa na Sinagoga “à
maneira tradicional iemenita”, e os askhenazi
que não aceitam que, no coração da Cidade Santa, possa existir uma comemoração
dos judeus orientais. Os asquenazitas tiveram sempre um complexo de superioridade em relação aos outros judeus.
O
caso do assassínio que acontecera na periferia da cidade desloca-se para Jerusalém - porque a morta, Zahara Bashari, vivia numa casa no centro de Jerusalém e era
ela quem estava a organizar a festa na Sinagoga.
Na
continuação, vêm à superfície as relações turvas entre os palestinos que vivem
na Cisjordânia e os judeus.
Nota-se
isto no modo como são tratados por alguns agentes da Polícia, durante os
interrogatórios, em que a presunção de culpa parece formada desde o início. O primeiro
suspeito a ser levado para a esquadra é um
árabe.
Ohayson
encontra-se muitas vezes em desacordo com as práticas “selectivas” e discriminatórias
do inspector Danny Bality ou do sargento Eli Bashar. Ele tem um bom relacionamento
com os árabes.
Uma
das personagens presentes à descoberta do corpo de Zahara, a jornalista Orly
Sushan, antiga namorada de Michäel, protesta contra a atitude do inspector Bality.
A
escritora consegue um equilíbrio extraordinário ao falar destes assuntos
melindrosos. Aborda de modo claro os assuntos complicados e controversos da
sociedade israelita.
Fala
livremente dos casos graves que se escondem nos mundos fechados ou com características
muito diversas, sempre isolados.
Falta
referir o último livro de Batya Gur, “Murder in Jerusalem” (2006). “Crime em
directo” foi o nome que escolheram algumas traduções - mas Batya Gur
intitulou-o “Murder in Jerusalem: a
mystery of Michäel Ohayson”.
Uma
vez mais, alia a trama policial com a análise psicológica. A acção passa-se na
sede da Televisão de estado de Israel, o Channel One, em Jerusalém. E descobrimos na dedicatória o nome de Ram Loevy e Assaf Tzipora, a quem dedica o livro, referindo-se à experiência vivida com eles tantos anos antes na realização da mini série para a Televisão.
Por
que motivo é assassinada a encenadora Tizrah Rubin, mulher um pouco misteriosa e
uma das personalidades importantes para a realização do filme?
O filme foi tirado do livro de S. J. Agnon, “Iddo e Eynam”, que é considerado um dos livros mais complexos e indecifráveis do escritor israelita que ganhou o Nobel em 1966. (9)
O filme foi tirado do livro de S. J. Agnon, “Iddo e Eynam”, que é considerado um dos livros mais complexos e indecifráveis do escritor israelita que ganhou o Nobel em 1966. (9)
As filmagens estão a ser preparadas na sede da
Televisão quando Tizrah aparece no “set” das filmagens, morta, debaixo de uma
coluna de mármore que, aparentemente, lhe caíra em cima.
Acidente
ou crime? Os acontecimentos que se seguem vão chamar Ohayson ao cenário de um novo crime, no mesmo lugar, a Televisão.
Tal como a sua criadora, Ohayson procura um entendimento das pessoas, as causas, o “porquê” destas acções, destas mortes. Gostaria de um mundo melhor? Com certeza.
Gostaria de consertar o mundo? Não é simples de fazer - mesmo que se tenha uma alma de “escuteiro”. Ela tinha-a. E o seu detective também.
Tal como a sua criadora, Ohayson procura um entendimento das pessoas, as causas, o “porquê” destas acções, destas mortes. Gostaria de um mundo melhor? Com certeza.
Gostaria de consertar o mundo? Não é simples de fazer - mesmo que se tenha uma alma de “escuteiro”. Ela tinha-a. E o seu detective também.
Escreve
Batya Gur (citada num artigo do Haaretz,
saído a 23 de Maio, poucos dias depois da sua morte) “Nunca pensei que fosse o sal da terra, mas nasci aqui e fui membro do
movimento dos escuteiros.”
Michäel
Ohayson entrega-se à sua missão, talvez uma das mais complicadas – pelas
personalidades públicas que estão implicadas.
Deixo-vos
estas “pistas”mais, para continuarem a procurar Batya Gur e a ler os seus livros.
Estão traduzidos em muitas as línguas!
Em
português, existe só o primeiro livro dela, saído na editora Relógio d’Água, em
2002, com o título “O assassínio de sábado
de manha”. Mas a Espanha, a França e outros países publicaram toda a obra.
NOTAS
(1)Le
Monde de 23 de Maio de 2005, no artigo sobre a morte de
Batya Gur
(2)kibbutz
significa, em hebraico, “agrupamento” e é uma aldeia colectiva, uma estrutura
comunitária, fundada na abolição da propriedade privada e da comunhão das
necessidades, do trabalho, da produção agrícola, cultura e educação.
(3)Ari Shavit, jornalista
do Haaretz e ensaísta, escreveu My Promised Land (que li na tradução
italiana, “La mia Terra Promessa”,
editada por Sperling & Kupfer, 2014)
(4)“A
segunda “Intifada” começa em 2000. A Intifada foi um período de violência
intensificada entre Palestinos e israelitas. Começa em Setembro de 2000 quando
Ariel Sharon faz uma visita ao Temple Mount considerada ofensiva pelos
palestinos. Estes começaram a atacar com pedras os polícias; o Exército
Israelita veio e dispersou-os com gás lacrimogéneo”.
Daí resultaram muitos atentados suicidas com bombas por parte dos palestinos, em Cafés, Centros comerciais, em dias de festas de crianças, como no Purim, espécie de Carnaval.
E uma noite na discoteca Dolfinarium que fica no areal da praia de Telavive, na Promenade perto de Jaffa. Ficava perto da minha casa e ouvi o ruído da bomba, a explosão do kamikaze, depois um silêncio inexplicável para mim. E imediatamente, as ambulâncias a aparecerem de todos os lados. Nesse ataque morreram 20 jovens russas e os feridos foram dezenas.
Daí resultaram muitos atentados suicidas com bombas por parte dos palestinos, em Cafés, Centros comerciais, em dias de festas de crianças, como no Purim, espécie de Carnaval.
E uma noite na discoteca Dolfinarium que fica no areal da praia de Telavive, na Promenade perto de Jaffa. Ficava perto da minha casa e ouvi o ruído da bomba, a explosão do kamikaze, depois um silêncio inexplicável para mim. E imediatamente, as ambulâncias a aparecerem de todos os lados. Nesse ataque morreram 20 jovens russas e os feridos foram dezenas.
(5) os Judeus sefarditas são oriundos da Península
Ibérica, foram expulsos de Espanha, em 1492, e de Portugal, em 1497. Espalharam-se
pela Europa Ocidental, pela África do Norte, Turquia, Macedónia e Grécia até
aos Balcãs. Os askhenazi (asquenazitas)
oriundos da França do Norte e da Alemanha e, mais tarde, da Rússia e da Europa
de Leste. Os Mizrahi, são os judeus
vindos do Oriente: do Iémen, da Etiópia (os falashah)
e do Iraque.
(7)Ziva Avran é uma
especialista de Literatura Israelita, no Departamento Hebraico da Universidade
de Lille-III (França)
(8)O escritor S. J.
Agnon (1887-1970) é um dos mais importantes escritores de Israel. Recebeu o
Prémio Nobel em 1966, dividido com a poetisa israelita Nelly Sachs
(9)No “Haaretz” de 29 de
Maio de 2005, artigo de Shiri Lev-Ari intitulado “Warm and Wise writer Batya Gur dies”
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