quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Ainda o problema índio e o Ratinho...



Tenho falado dos amigos Ratinho e Ouricinho, a Gatinha japonesa a o amigo índio Zah Peterson, que se chama assim por causa de uma figura importante dos índios de hoje - um apache que defende os direitos dos Apaches e se chama Peterson Zah, de quem já aqui falei.
O Ratinho continua a perguntar mais coisas, mas o índio Peterson fechou-se num silêncio e fica horas a olhar pela janela. Suponho que tem saudades de San Francisco e da Califórnia.
  San Diego, na Califórnia

Para contentar a vontade de saber do Ratinho e a curiosidade infinita do Ouricinho, tenho andado à procura de documentação sobre esses tempos passados. Entristece-me sempre descobrir como o homem é - e foi sempre - um lobo para o outro homem. 

Toda a terra foi lugar de conquistas, de assaltos, de luta pelo poder. Há dias passaram os 447 anos da descoberta da Califórnia e vi o nome do seu descobridor, João Pereira Cabrilho, português que participou na expedição de Hernán Cortez .
Queria também falar em coisas que encontrei há uns tempos,  por acaso ou sorte,  num jornal francês (Le Monde, dias 9 de Agosto e 10 de Agosto), dois artigos que me ensinaram coisas muito interessantes.
***
A vida, nos moldes antigos dos índios da Califórnia, dos "navajos", dos "yurok", dos "kiowa, ou dos "crow" continua. Com aspectos curiosos e de modernidade: assim, no Tribunal tribal de Klamath, o Juíz principal é uma Juíza. 
Abby Abinanti, no Tribunal
Chama-se Abby Abinanti, pertence à tribo dos "yurok", e foi a primeira índia ameríndia a ser admitida como advogada, em 1974. Hoje está no Tribunal de Klamath (Califórnia) onde são julgados os casos referentes aos índios, em que a seja necessário encontrar uma solução própria. 

E é interessante ver como as medidas tomadas são, geralmente, no sentido de não usar a prisão como castigo mas sim "tarefas" que obriguem os culpados a contactar com a vida do dia a dia, a saber pescar o salmão e a servir a comunidade. 
As multas são pagas em bens da terra. E onde a pena dos réus pode ser irem trabalhar para oficinas técnicas, de formação profissional, ou "oficinas de língua" onde aprendem ou aperfeiçoam a língua yurok - para que nunca se perca.
Também o Dr. Phillip Smith, navajo, médico do Centro de Saúde Utah Navajo, tem as suas ideias sobre a medicina tradicional dos seus antepassados navajos. 

"Depois da lei da autodeterminação de 1975, as tribos obtiveram o direito de abrir as próprias Clínicas." - explica.
Curioso também falar do Dr. Joseph Medicine Crow, chefe da tribo dos "Crow" que Obama homenageou.  Morreu em 2016, muito considerado. 
Tudo isto me interessou por causa do "índio" amigo do Ratinho e Ouricinho que eles descobriram em San Francisco, "criado" pela artista navajo  Jane Tapaha.

4 comentários:

  1. sempre interessantes, sempre a aprender contigo. um beijo

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  2. Bonito o que contas. A história do povo índio deve ser apaixonante, cheia de episódios tremendos que nunca se saberão, como acontece com tanta coisa. A realidade supera a ficção, e não conhecemos nem a décima parte do que aconteceu e continua a acontecer realmente. Bom finde!

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  3. Muito interessante. Em tudo, acredito que as pessoas podem e devem ir progredindo mantendo as suas tradições, mas apenas as que fazem sentido e não prejudicam os outros. Penso nisso a nível de todos os povos. Podemos evoluir sem perder a nossa identidade. Claro que sempre no respeito uns pelos outros. Há lugar para todos no mundo.

    Beijinhos e bom domingo:))

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  4. Foi uma leitura deliciosa.
    A minha relação com índios vem do tempo da infância
    de meu irmão que adorava livros de quadrinhos. É hoje
    um grande leitor.
    Agradeço o conhecimento do seu destino na atualidade.
    Beijinhos, MJ
    ~~~~

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