O poema de Baudelaire:"Sarah"
Esta é a parte do poema que Reggiani escolhe para ler no
disco. O poema é muito mais completo.
"Si vous la rencontrez, bizarrement parée,
Traînant dans le ruisseau un talon deschaussé
Et la tête et l'oeil bas comme un pigeon blessé,
Messieurs, ne crachez pas de jurons ni d'ordure
Au visage fardé de cette pauvre impure
Que déesse Famine a par un soir d'hiver,
Contrainte à relever ses jupons en plein air.
Cette bohème-là, c'est mon bien, ma richesse,
Ma perle, mon bijou, ma reine, ma duchesse..."
Charles Baudelaire
É sempre um grande prazer Ouvir Serge Reggiani cantar recitar
o poema "Sarah" e, a seguir ouvir a bela canção cuja letra
Moustaki escreveu inspirado no poema de Baudelaire, musicando-
a de um modo único de doçura e melancolia, que intitulou: "La
femme qui est dans mon lit...
“La femme qui est dans mon lit
n'a plus vingt ans depuis longtemps.
Les yeux cernés par les années,
Par les amours au jour le jour,
La bouche usée par les baisers,
Trop souvent mais trop mal donnés,
Le teint blafard malgré le fard,
Plus pâle qu'une tache de lune.
La femme qui est dans mon lit
n'a plus vingt ans depuis longtemps.
Les seins trop lourds de trop d'amours
Ne portent pás le nom d'appâts,
le corps lassé trop caressé,
Trop souvent mais trop mal aimé.
Le dos voûté semble porter
Les souvenir qu'elle a dû fuir.
La femme qui est dans mon lit
n'a plus vingt ans depuis longtemps.
Ne riez pas. N'y touchez pas.
Gardez vos larmes et vos sarcasmes.
Lorsque la nuit nous réunit,
Son corps, ses mains s'offrent aux miens
Et c'est son cœur couvert de pleurs
Et de blessures qui me rassure.”
“Ao contrário do que se poderia julgar, esta poesia de Charles Baudelaire não
faz parte das primeiras edições de “Fleurs du Mal” – apesar de certos editores
a terem acrescentado depois.
Foi publicada pela primeira vez e a título póstumo, em 1875, com o título de “Poésies diverses”. Sarah foi uma figura que teve muita influência sobre Baudelaire ainda jovem.
Encontramo-la em muitos dos seus primeiros poemas. Parece que ao contrário do que possa parecer ela era - segundo contavam- muito bonita.
O poeta sente-se próximo dela e, sobretudo mais para o fim da vida, reconhece-se nela - como “âme soeur” ou “femme damnée” que se ama, ou “albatroz” perseguido ou, mesmo, “poeta maldito” – outro dos temas 'baudelaireanos'.
Baudelaire ama-a, precisa dela como se fosse a “menina dos seus olhos” – se ousarmos dizê-lo...”
Sobre "Les Fleurs du Mal" escreveu o poeta fancês Paul Valéry:
«As 'Flores do Mal' não contêm poemas nem lendas nem nada que tenha que ver com uma forma narrativa. Não há nelas nenhum discurso filosófico. A política está ausente por completo. As descrições, escassas, são sempre densas de significado. Mas no livro tudo é fascinação, música, sensualidade abstracta e poderosa.»
Sobre o este seu livro, escreveu Baudelaire, numa carta:
«Neste livro atroz, pus todo o
meu pensamento, todo o meu coração, toda a minha religião (travestida), todo o
meu ódio.»