A pintura de Freitascruz impressionou-me.
Paisagem? Nesta cor azul, vejo a onda forte de um mar encapelado, fios verdes que me parecem algas, destacando-se no céu que imagino branco-acinzentado. Paisagem, recordação, ou sonho? Algo que me lembra o espírito de Hokusai de que tanto gosto?
landscapes from nirgendowland #019
Este - abaixo- é um dos quadros dele que prefiro. Intitula-se landscapes from nirgendowland. (nowhereland? a terra de aqui e agora?)
landscapes from nirgendowland #018, 2012
No fundo, a obra de arte -depois de criada e publicada- escapa ao seu autor. Como explicar um poema? Como entender um quadro? Nada é igual. Nunca é idêntico o sentimento de uns e de outros. E (possivelmente) nada é como o autor pensou que fosse. A obra ganhou vida, "libertou-se" e cada um que a vê (ou lê) ... imagina-a, transforma-a com a própria sensibilidade, na sua própria emoção estética. (E lembro, nisto tudo, o que dizia Régio sobre a obra de Arte e muito nos ensina...)
Capa do catálogo-livro [parenthéses]
entre parenthèses #003 noeud
Tive conhecimento do pintor, há pouco tempo, no Verão passado. Gostei das suas
pinturas que revelam sensibilidade; gostei das cores matizadas, do seu delicado contorno, que lembra (sendo completamente diferente) o traço de certos pintores japoneses, nas atmosferas, nos ambientes, na suavidade...
landscapes from nirgendowland #016
O que não admira, pois, no fim e ao cabo, Freitascruz conheceu
essas paragens e é um viajante do Oriente ainda hoje. Vive actualmente no Laos.
landscapes from nirgendowland #018
Filho de diplomata, nasceu em Paris, em 1965. Viajou, "perdeu países" e ganhou outros. Estudou Direito e Ciências Políticas, mas era a Arte que lhe interessava. De facto, desde 1976 que começara a pintar.
Escolheu a sua vocação, pois, e desde então pinta, cria...
É um viajante, sem terra e sem raízes, que, ao mesmo tempo, sente que pertence a todas as terras, porque em todas está em casa.
Na introdução ao livrinho-catálogo, da última exposição em Osaka, em Dezembro de 2012, leio:
Filho de diplomata, nasceu em Paris, em 1965. Viajou, "perdeu países" e ganhou outros. Estudou Direito e Ciências Políticas, mas era a Arte que lhe interessava. De facto, desde 1976 que começara a pintar.
Escolheu a sua vocação, pois, e desde então pinta, cria...
É um viajante, sem terra e sem raízes, que, ao mesmo tempo, sente que pertence a todas as terras, porque em todas está em casa.
kokoro no uta/poetry of soul (gallery mssohkan, kobe, japan)
Na introdução ao livrinho-catálogo, da última exposição em Osaka, em Dezembro de 2012, leio:
landscapes from nirgendowland #002
"este livro apresenta uma selecção de pinturas e instalações realizadas
entre 2005 e 2012 período correspondente a um breve regresso a portugal e aos
anos que vivi no japão. os primeiros trabalhos, no entanto, são ainda
reminiscências do borneo e dos quatro anos que lá vivi antes –a chuva, o calor dos
trópicos. as pinturas da série “entre parenthèses” foram feitas em portugal e
acabadas no japão. a ideia das “landscapes from nowhereland" é a noção de que a
minha vida se realiza na terra nowhere (terraagoraaqui). não tenho laços ou
ligações sólidas a um lugar fixo e sinto-me em casa em toda a parte. "now.here."
O pintor deu-nos uma pista para as suas obras. Penso que o mais honesto é deixar-vos as imagens. Cada um, por si, terá o entendimento que souber, ou sentir...
imagem da net
O pintor deu-nos uma pista para as suas obras. Penso que o mais honesto é deixar-vos as imagens. Cada um, por si, terá o entendimento que souber, ou sentir...
somewhere, elsewhere, now.here, 2009
landscapes from nirgendowland #015
beyond batik -jalan jalan
landscapes from nirgendowland #003
landscapes from nirgendowland #013
the long sea, 2012
zipangu/ acrylic and m.media on wood, 2012
foreground: longboat/barca -kokoro no uta, 2012
dentro, uma pintura (zipangu), e fora, uma instalação
beyond batik - monsoon, 2006
Lamento que as fotografias nem sempre dêem a realidade das imagens. E, sobretudo, das cores... Algumas fotografei-as eu, para lhes dar uma certa inclinação. Espero que o autor me perdoe.
Gostei muito das pinturas!
ResponderEliminarÀs vezes, gostava de ter oportunidade de saber o que os artistas queriam dizer com o que pintaram ou escreveram. Realmente cada um de nós interpreta a obra de maneira diferente e se calhar completamente diversa do que o autor quis expressar.
Talvez por isso o seu valor: porque toca cada um de maneira particular.
Mas às vezes tenho mesmo pena de não poder falar com o autor...
Gostei muito do post!
Um beijinho grande :)
O principal, querida Isabel, é olhar! Sentir o que te "fala" aquela obra. Claro que cada um tem de sentir de modo diferente, tens toda a razão. Possivelmente os artistas é que podem não gostar de como vemos o que eles quiseram dizer...
EliminarMaria João,
ResponderEliminarGostei muito. Não conhecia. Obrigada por esta partilha que entrelaça o ocidente com o oriente.
Tudo perfeito.
Beijinho.:))
Querida Maria João, deixo aqui o meu sentido agradecimento por esta surpresa tão agradável que me facultou o poder ver e ler o meu próprio trabalho com um distanciamento e uma objectividade que há muito não me eram oferecidos e que tanto alento me dá para descortinar os passos que ainda tenho que dar.
ResponderEliminarUm beijinho com amizade
Ainda bem! É difícil aceitar o que dizem sobre nós, mas vi que gostaste e fico contente! Beijinho também
EliminarGostei muito, coisa rara em mim, pois tenho pouca sensibilidade ( ou conhecimento !) para a pintura abstracta.
ResponderEliminarAdmiro as pessoas que são cidadãs do mundo, deve ser muito enriquecedor.
Feliz semana, beijinhos
estranhos e belos em simultaneo...adorei...obrigada.Mané
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