uma gaivota em Cascais
Mais
um texto magnífico de observação, sensibilidade e descrição tirado do livro de Thomas
Mann, "O Cão e o Dono".
Nos passeios pela floresta, acontece ao dono e ao cão descobrirem novas coisas na natureza, ou novos aspectos dessas coisas...
Nos passeios pela floresta, acontece ao dono e ao cão descobrirem novas coisas na natureza, ou novos aspectos dessas coisas...
patos selvagens, em Hyde Park (Diogo LP)
patos selvagens no rio, em Guildford (MJF)
Gaivotas em Essaouira (MJF)
Via-as, aos bando, no porto de Essaouira, mergulhar rápidas, entre as redes dos pescadores, a apanhar o peixe acabado de chegar. Enquanto três cães contemplam de cima dum armazem o que se passa. Ou sentinelas recortadas no nevoeiro junto à torre da velha fortaleza.
gaivota em Essaouira (MJF)
gaivotas e observadores (MJF)
Há quem contemple o mar enquanto elas passam vigilantes. Em Essaouira acontece de tudo um pouco junto ao maravilhoso porto!
porto de Essaouira (MJF)
As gaivotas vejo-as constantemente em Cascais, atraídas pelo alimento seja ele qual for...
À espera, solitárias sentinelas incansáveis. E sôfregas, vorazes, mas infinitamente belas.
À espera, solitárias sentinelas incansáveis. E sôfregas, vorazes, mas infinitamente belas.
Cascais, à tardinha...
Vejo-as hoje em Cascais, atraídas pelo alimento seja qual for... À espera, solitárias sentinelas incansáveis. E sôfregas, vorazes, mas infinitamente belas.
de sentinela, frente à baía de Cascais
"A
natureza das gaivotas é mais selvagem e estridente; há uma desolada monotonia
no que elas fazem, essas eternas aves de rapina esfomeadas, o dia inteiro à procura da presa, em bandos, no açude, grasnando por cima dos canos de esgoto que
descarregam as águas pardacentas no rio.
Gaivotas isoladas pairam e mergulham
sobre os peixes de quando em quando, o que não lhes satisfaz a voracidade; têm
de a satisfazer com bocados menos apetecíveis extraídos dos esgotos,
arrancando-os às águas, em pleno voo, e levando-os consigo suspensos do bico
recurvo.
Não gostam das margens do rio mas na maré vazia juntam-se, em bandos,
em cima das rochas – e tudo fica branco como os recifes e as rochas dos mares
do norte com os gansos à procura de ninhos. (…) de súbito uma onda de
inquietação percorre o bando, voltam a cabeça, soerguem as asas e, de repente,
todas se levantam nos ares, como uma nuvem branca, lançando o mais fatalista e
lúgubre pio (…)”~
Gaivotas na maré vazia, em Essaouira
gaivotas em bandos (blog perfume de Jacarandá)
"O Cão e o Dono" (tradução de João Gaspar Simões), Editorial Inquérito, p.115
Lindo o que dizes e o texto de Thomas Mann. Aqui passam à tardinha caminho do mar, não sei onde se dirigem tão à pressa, em bandos estridentes, sim, é um ruido indescritível, o grasnar das gaivotas . Ao amanhecer é diferente, voam por terra, pouco acompanhadas, às vezes só em parelha e silenciosas. Pousa uma no cimo do candeeiro da rua a observar o parque, e vem outra e rouba-lhe o sítio.
ResponderEliminarE eu a vê-las desde a cama...
Beijinho
É lindo o voo das gaivotas. E dos pássaros todos, acho. Tens sorte de ver as gaivotas da tua cama.... beijinhos
ResponderEliminarApesar do belo texto, fiquei com uma imagem das gaivotas, que não tinha. Um lado necessário, mas feio: a busca de comida até em esgotos, vi-as, como nunca as tinha visto, como "aves de rapina". Mas quem, apesar deste lado menos simpático, pode deixar de gostar destas aves tão bonitas, quando vê as fotos como aquelas "de sentinela frente à baía de Cascais"? Tão bonitas!
ResponderEliminarAdorei a foto de Cascais ao entardecer e apeteceu-me tanto estar aí sentadinha...
Um beijinho grande e outro para a Maria :)
Pois é, Isabel, também não conhecia esta faceta das gaivotas. Talvez porque as vemos sempre à beira-mar onde não precisam de mais nada...
EliminarAparece, para nos sentarmos ali ao pôr do sol, em Cascais! beijinhos
Ainda não sei quando vou, mas vou aparecer! :)
EliminarUma bela viagem
ResponderEliminarMuito bonito este registo em palavras e imagens.
ResponderEliminarBeijinho. :))
Thomas Mann que li há muitos anos. Imagens para repousar os olhos. No voo das gaivotas há um poema de liberdade.
ResponderEliminarHá dias andei por aqui a pairar num voo de reconhecimento. Deixei umas palavras que temo se tenham perdido nos meandros da fibra ótica. Voltei para lhe dar os parabéns pelo bom gosto com que compõe este espaço.
Obrigada pelas suas palavras, Agostinho!
ResponderEliminarVerifico agora estar aqui o meu comentário. Peço desculpa pelo comentário à mensagem seguinte que enviei há pouco que já não faz sentido.
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