segunda-feira, 16 de março de 2015

JOSÉ DURO, Poeta da minha terra...


fotografia de Lê Thanh Tù (Vietname)

Em busca

Ponho os olhos em mim, como se olhasse um estranho,
E choro de me ver tão outro, tão mudado…
Sem desvendar a causa, o íntimo cuidado
Que sofro do meu mal – o mal de que provenho.

Já não sou aquele Eu do tempo que é passado,
Pastor das ilusões perdi o meu rebanho,
Não sei do meu amor, saúde não na tenho,
E a vida sem saúde é um sofrer dobrado.

A minh’alma rasgou-ma o trágico Desgosto
Nas silvas do abandono, à hora do sol-posto,
Quando o azul começa a diluir-se em astros…

E à beira do caminho, até lá muito longe,
Como um mendigo só, como um sombrio monge,
Anda o meu coração em busca dos seus rastros…

(in Antologia de Poetas Alentejanos)


Sobre José Duro:

5 comentários:

  1. Muito bonito o poema, embora muito triste. E gostei da foto.
    Um beijinho:)

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  2. Gosto da sensibilidade profunda de José Duro, compreendo o seu sofrer, e para a época acho-o com um estilo bastante avançado. Também a flor é linda! Bjnho

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  3. Maria João, José Duro e o seu livro FEL, continuam a ter procura...
    Bonito poema!

    Um beijinho.:))

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  4. ~ Fiquei comovida quando li o poema, porém, pensei tratar-se de um idoso.
    ~ Sensível e digna lembrança recordar o poeta e dar-lhe vida no seu blogue.
    ~ Demasiado triste, uma morte tão precoce.

    ~ ~ Apreciei muito esta apresentação. ~ ~
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