No Nouvel Obs’
de 24 Dezembro, Jean Daniel, no artigo que escreveu nesse final de ano, “sonhava” com um 2015 melhor. Se
isso fosse possível, claro.
E lamentava que existissem nos nossos dias “tanta familiaridade com a morte, que se
frequenta facilmente e faz parte da
nossa pequena vidinha provinciana (…) com o seu ‘pesadelozinho’ quotidiano, e
tanta indiferença perante as notícias.”
De
facto, sentimos que, pouco a pouco o ser humano começa a “encaixar” o horror e
o crime parece banalizar-se.
Terá
sido sempre assim? Jean Daniel teima em dizer que não, que não foi sempre
assim.
“Não agito nenhuma verdade, não decreto nada.
Se me perguntarem “quem te disse que era melhor antes?” Não sei nada. Talvez
seja, apenas, a necessidade de me lembrar dos livros que foram meus
companheiros”.
E
acrescenta: “Houve um autor muito importante,
Romain Rolland, Prémio Nobel (*) que teve a independência de espírito para ir à
Suíça, país que fez da paz a sua identidade, para condenar a guerra e chamar os
homens à razão (…)”
Romain Rolland, 1915
O final do artigo, era sua “oração” para 2015:
“Para 2015? O que desejo é ver abreviar o sofrimento
que a vida ‘moderna’ impõe e poder lutar em favor das coisas boas que a
modernidade inventa. Como consegui-lo?”, pergunta. A resposta é esta:
"O meu grande amigo François Cheng
escrevia em resposta a todos os pessimistas: ‘Há uma única verdade seja quem
for o seu autor: é a beleza!’
Sim, é o que eu aceito, que consinto e aplaudo, por
toda a parte em todos os domínios, em todos os seres, a beleza.”
Estou de acordo com ele. Não
quero ser pessimista mas reconheço que o início de 2015 foi tremendo: morte, desprezo pelo
humano, indiferença.
Terá
sido sempre assim?, pergunto eu também. Talvez fosse bom irmos buscar outra vez os livros de Romain Rolland!
Dos meus 10 volumes do "Jean Christophe", da colecção Miniatura, alguns já perdidos, encontrei-os na Livraria Lumière.
Dos meus 10 volumes do "Jean Christophe", da colecção Miniatura, alguns já perdidos, encontrei-os na Livraria Lumière.
(*) Romancista, biógrafo e músico francês,
Romain Rolland nasceu em 29 de Janeiro de 1866 e morre em 30 de Dezembro de 1944.
“Doutorou-se
em Arte, em 1895. Foi professor de História de Arte na Ecole Normale de Paris e
professor de História da Música, na Sorbonne. Escreveu a biografia de Beethoven
(1903), por exemplo, e a de Mahatma Gandhi (1924). Ou a "Vie de Tolstoi", escritor que amava.
Escreve um manifesto pacifista, em 1915, intitulado “Au dessus de la mêlée”. Escreveu dois “ciclos romanescos” – romans-fleuve) como costumava dizer: “Jean Christophe” (10 volumes escritos de 1904 a 1912) (cujo herói, segundo o autor, “é Beethoven, no mundo moderno”) e “L’ Âme Enchantée” (sete volumes, de 1922-1934. Em 1915, recebeu o Prémio Nobel de Literatura." (wikipedia)
Escreve um manifesto pacifista, em 1915, intitulado “Au dessus de la mêlée”. Escreveu dois “ciclos romanescos” – romans-fleuve) como costumava dizer: “Jean Christophe” (10 volumes escritos de 1904 a 1912) (cujo herói, segundo o autor, “é Beethoven, no mundo moderno”) e “L’ Âme Enchantée” (sete volumes, de 1922-1934. Em 1915, recebeu o Prémio Nobel de Literatura." (wikipedia)
Muito interessante. Tenho alguns livros dessa colecção que ganhei da minha avó.
ResponderEliminarGostei muito e aplaudo esta oração: "Há uma única verdade seja quem for o seu autor: é a beleza!".
Gostaria de ler este Alvorecer.
Beijinho. :))
Acho que não tenho nenhum livro dele.
ResponderEliminarOxalá 2015 melhore, mas há tanta coisa errada, tanta coisa má por esse mundo fora, aqui em Portugal...é difícil acreditar. Parece que o mundo caminha para uma destruição irreversível. Há dias em que perdemos a fé.
A primeira foto está muito bonita:)
Um beijinho grande:)
Maria João, o ser humano está doente! Não valoriza a vida (dos outros), não se rege pelos valores, pelos princípios... Para mim, a resposta está numa palavra: FAMÍLIA.
ResponderEliminarQuando esta falha... O resultado nunca poide ser muito bom!
Falta amor e serenidde no coração do Homem!
Jean Christophe é uma das obras que quero muito ler, mas... Pode ser que um dia o faça!
Um beijinho.:))
Precisamente li há pouco La Tabla Rasa (The Blank Slate) de Steven Pinker, um dos mais reconhecidos fundadores da psicologia evolutiva, que não deixa dúvidas ao respeito: os nossos antepassadoas foram muito mais violentos que nós, e a nossa forma de vida é muito mais tranquila e pausadfa que no passado.
ResponderEliminarQuero ter a esperança que a humanidade no seu conjunto continue a avançar sempre.
Entretanto mando-te um beijinho cheio de paz e propósitos de felicidade......
Também não sei se seremos mais violentos hoje. Tento ser optimista e pensar que "o que vem" tem de ser melhor do que o que passou... Nem sempre consigo. Mas tenho esperança...
ResponderEliminarO ser humano, Cláudia, está em metamorfose constante, de vez em quando é para bem e de vez em quando para mal. Os menos apoiados afectivamente, mais frágeis por isso, ressentem-se e podem entrar numa espiral violenta. Nem sempre é a família "destruída" que tem culpa...
Beijos a todas!