1976-Linguage
Quem é esta poetisa? Bettine Margalit nasceu no
Líbano, em Beirute, e vai para Israel em 1950. Começa a escrever poesia em 1957
e publica na revista Sheket em 1959 os primeiros poemas. Em 163 licencia-se em
Literatura Francesa e Filosofia, na Universidade Bar-Illan de Ramat Gan.
De
1963 a 1964, estuda na Academia de Artes e Pintura e Escultura, em Telavive, dirigida pelo pintor Professor Margoushilsky.
Em 1964, vai trabalhar
para Paris com o pintor Frédéric Delanglade. Em 1966, recebe o Diplome d’Honneur
da Grande Biennale International de Vichy.
Em 1970, algumas obras suas estão
presentes na Exposição “Terre Latine”, no Museu de Arte Moderna de Paris.
Em 1969, casara com o poeta e escritor e tradutor Aharon Amir (*), muito respeitado em Israel e que, em 2003, ganhou o conceituado Prémio Israel.
De 1976 a 1985, Bettine Margalit
Amir ensinou Terapia pela Arte, na Clínica de Saúde Mental do Hospital Carmel, em Ramat Hen, no Departamento de Psiquiatria
de Haïfa.
Fora convidada pelo Ministério da
Saúde para realizar “workshops” profissionais para instrutores em Psiquiatria e
Geriartria, no Hospital Tel Ha-Shomer de Tel Aviv.
Ao longo destes anos tem continuado a pintar, e tem publicado contos e poesias em vários jornais e revistas literárias.
Foi em Telavive que tive o gosto
de conhecer esta figura. Uma mulher bela, inteligente e culta que falava com
simplicidade. Foi através do poeta Amir que a conhecemos.
De facto, Aharon Amir além de escrever os seus livros, dedicava-se a traduzir, para o hebraico, escritores de várias línguas entre as quais o português e o espanhol. Era considerado um tradutor-escritor, com uma linguagem cuidada e adequada.
Aharon Amir
De facto, Aharon Amir além de escrever os seus livros, dedicava-se a traduzir, para o hebraico, escritores de várias línguas entre as quais o português e o espanhol. Era considerado um tradutor-escritor, com uma linguagem cuidada e adequada.
Depois, conhecemos Bettine. Recordo
uma maravilhosa tarde de Primavera de 1999 em que fomos assistir à inauguração de uma exposição sua, de pintura, na Galeria Beit Gavriel, em Tiberíades, no lago Tiberíades. A exposição intitulava-se "Ciclos do Outono".
O lago Tiberíades a que os israelitas chamam “Kinneret” e se traduz como “violino”. Fica no Vale do Jordão. E, de facto, o lago tem o feitio de um violino!
Nessa altura não conhecia a sua poesia, apenas a sua pintura e foi com prazer que, através da internet, pude ler alguns poemas seus. Tentei traduzi-los o melhor que pude (do francês!)sabendo, porém, quão difícil é traduzir e -sobretudo- traduzir poesia.
O lago Tiberíades a que os israelitas chamam “Kinneret” e se traduz como “violino”. Fica no Vale do Jordão. E, de facto, o lago tem o feitio de um violino!
Nessa altura não conhecia a sua poesia, apenas a sua pintura e foi com prazer que, através da internet, pude ler alguns poemas seus. Tentei traduzi-los o melhor que pude (do francês!)sabendo, porém, quão difícil é traduzir e -sobretudo- traduzir poesia.
Emocionou-me o poema "Sobre a linguagem" que dedicou ao marido, que morreu, em 2008.
Lembro que o escritor Boris Pasternak -grande tradutor- dizia que não se deve nunca traduzir "à letra": o que importa é dar, noutra língua, o que o poeta quis comunicar na sua.
Está em preparação o terceiro volume de poesias de Bettine Amir.
Está em preparação o terceiro volume de poesias de Bettine Amir.
Sobre a Linguagem
“…Não digas nada
Vem perto de mim
Dá-me a tua mão
Não fales
Fecha os olhos
Ouve este canto
feliz
Que sobe…
Segue a sua estrada
A voz que te chama
Com todas as suas
cordas
Se une:
Amo-te.”
* * *
Sinfonia de uma
tarde de Outono
“Numa noite de
Outono,
Como por encanto,
A estrela do pastor
Vem deitar-se no
meu piano.
Por instantes,
Presa de vertigem,
Caio no vazio.
Um ar fresco
Acariciava-me o
rosto, os ombros,
Pouco a pouco
ganhava forma
E desenhava por
cima de nuvens
Palavras,
Palavras jorravam
como faíscas.
Teriam um sentido,
Uma mensagem
Uma razão de ser?
O que se passou?
Estremeço ainda,
ontem e hoje,
com as noites de
Outono
de perfumes embriagantes de magnólias.”
* * *
NOTE (*) Aharon Amir nasceu na Lituânia em
1923 e morre em 2008 em Tzifrin, com um cancro.
Em 1933 vai com a família para a Palestina sob o Mandato
Britânico e cresce em Telavive. Estuda Língua e Literatura árabe na
Universidade Hebraica de Jerusalém. Traduziu mais de 300 livros para hebraico
desde os clássicos franceses e ingleses.
Traduz Melville, Dickens, Camus, Conrad
e Hemingway, Steinbeck, Virginia Woolf, Poe e Emily Bronte - entre muitos outros.
Até o general De Gaulle e Winston Churchill!
Fundou e dirigiu a revista "Keshet".
Foi conhecido também em Israel pela canção popular do cantor Meir Ariel que
citava a sua tradução de Ilhas na Corrente de Hemingway.
www.bettineamir.com
www.bettineamir.com
Vale sempre a pena passar por aqui:)
ResponderEliminarObrigado por partilhar estes belos poemas e nos oferecer novos olhares de outras paragens e outros autores, sempre tão pouco divulgados.
Boa Tarde!
Gostei muito dos poemas... lembrei-me de José Régio
ResponderEliminarao defender a obra de Florbela Espanca, afirmou que
era uma «poesia com vida».
Grata pelos excelentes momentos de leitura.
Dias agradáveis e muito felizes.
~~~ Beijinhos, MJ ~~~
Obrigada pelas suas palavras, Majo. De facto, têm que se defender os poetas "com vida": Um beijinho
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