Hanoch Levine
Interessei-me
por Hanoch Levine durante o meu período de vida em Israel. Era um poeta
conhecido e amado e um dramaturgo de sucesso. Um dos mais importantes do seu
tempo.
Nasceu
em 18 de Dezembro de 1943, em Telavive – onde estudou Literatura e Filosofia na
Universidade. Morreu em Ramat Gan, em 18 de Agosto de 1999.
Eu
estava lá e lembro-me disso. E lembro-me de ter lido na altura, na edição inglesa do jornal Ha'aretz, um poema que
muito me impressionou: “Lives of Dead”.
O poema copiei-o do jornal: traduzi um bocado e guardei-o para usar como epígrafe no que iria escrever – e escrevi - sobre o meu cão Zac, que morreu em 1999, pouco antes de Levine.
Hanoch
Levine começou por ser poeta, depois aproximou-se da linguagem teatral e concentrou-se
nas peças de teatro. Ligado ao Teatro Cameri, também trabalhou no Teatro
Nacional de Telavive, o famoso Habima.
Habima Theatre
Escreveu cerca de 50 peças, 35 das quais
representadas. A sua obra teatral inclui comédias, tragédias, textos de cabaret satíricos, peças essas montadas,
a maior parte deles, por ele próprio.
Escreveu
cinco livros de novelas e poemas e uma história para crianças. Recebeu Prémios
não só em Israel, como no estrangeiro – no Festival de Edinburgh, por exemplo.
Foi representado pelo mundo inteiro e teve em Israel o Prémio Bialik, em 1994.
o poeta Hayym Nahman Bialik, em 1923
Considerado
um dos mais originais e inovadores escritores da sua geração, o realizador e
dramaturgo Hanoch Levin, apesar de muito conhecido em Israel, a verdade é que não
existem muitas traduções dele, fora do país.
Em
2003, surge em Inglaterra a tradução do livro:“The Labor of life”.
Recordo-me
que aparecia, por vezes, o nome dele nos cartazes do Teatro Cameri, um pequeno
e confortável teatro moderno.
O teatro ficava muito perto da nossa casa, e fomos ver alguns espectáculos ali. As peças eram faladas em hebraico, e os sub-títulos em inglês (neste caso sobre-títulos), corriam numa faixa por cima do palco e dos actores.
Nas suas peças "disseca a sociedade contemporânea, descreve em pormenor a “crueldade, insensibilidade, violência, opressão, intolerância e crueldade”.
O egoísmo, o esquecimento, a indiferença são constantes: na sua obra, como na vida que vivemos. Já o dizia Tchekhov: “Senhores, como viveis mal!”
O teatro ficava muito perto da nossa casa, e fomos ver alguns espectáculos ali. As peças eram faladas em hebraico, e os sub-títulos em inglês (neste caso sobre-títulos), corriam numa faixa por cima do palco e dos actores.
Nas suas peças "disseca a sociedade contemporânea, descreve em pormenor a “crueldade, insensibilidade, violência, opressão, intolerância e crueldade”.
O egoísmo, o esquecimento, a indiferença são constantes: na sua obra, como na vida que vivemos. Já o dizia Tchekhov: “Senhores, como viveis mal!”
“Lives of the Dead: poema épico” fala da vida dos mortos e do seu possível
sofrimento.
Lembro a canção de Léo Ferré, com versos de Baudelaire: “les morts, les pauvres morts, ont de grandes douleurs.” As
promessas dos vivos e a realidade do esquecimento dos mortos...
Escreve Hanoch Levine:
Escreve Hanoch Levine:
“Pensei que connosco fosse
diferente.
Quando os médicos disseram ‘Está
morto’,
tu desataste num grande choro
e depois foi o silêncio,
não te ergueste num protesto,
não te revoltaste,
significava que tinhas aceitado,
queria dizer: ‘eu vou por aqui,
tu vais por aí’…”
Onde, as promessas? Chora-se durante um tempo, sofre-se
profundamente – e depois? O esquecimento vem. “Nevermore”, dizia o corvo de E. A. Poe…
Sim,
claro: “eu vou por aqui, tu vais por aí’…
Por necessidade de sobreviver, compreensível, por incapacidade de suportar o sofrimento e a solidão.
Por necessidade de sobreviver, compreensível, por incapacidade de suportar o sofrimento e a solidão.
Baudelaire,
em Les fleurs du mal, cantava o
abandono a que são votados os mortos e as dores ignoradas,
o frio, a solidão - como muito bem refere no terrível poema: “La servante au grand coeur”.
Teatro Cameri
E
recordo que a propósito do poema de Baudelaire, disse André Suarez: “os 'pobres mortos' somos nós os vivos. Como sofremos nós que estamos vivos!”
Sobre a obra de Levine, escreveu o crítico teatral Michael Handelzats, em “All About Jewish
Theater”:
"Stage anima"
“As suas primeiras obras
satíricas e dramáticas causaram profunda impressão na sociedade israelita. ” Porque falava dos defeitos de uma sociedade esquecida da companhia, ignorando e afastando os outros, centrada no próprio "eu".
Sentimos um
gosto amargo e doce ao ouvir falar da luta desesperada e cruel, de amor e de ódio, entre
os seres humanos.
Hanoch Levine, dirigindo os actores
Que
infelizmente existe por aqui, por ali: em todo o mundo, nas as relações humanas: “a crueldade, a insensibilidade, a violência, o afastamento das pessoas, a opressão, a intolerância e crueldade”.
Léo
Ferré
Gostei de ler o post. Achei muito interessante.
ResponderEliminarBeijinhos e continuação de boa semana:)
Tudo muito certo, é um tema inesgotável. Permito-me acrescentar esta visão optimista da artista Matilde Pérez:"La muerte es un instante. Hasta ese instante todo lo demás es vida".
ResponderEliminarE depois o silêncio definitivo...
Aproveitemos a vida pois.
Bjs
Querida Maria, gosto do que escreves porque mostra que estás numa posição de optimismo que me agrada. Penso isso mesmo, como tu, mas nem sempre é fácil...beijinhos
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