segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Um Ano Novo à russa!


Este ano fizemos um Ano Novo diferente: à russa! De facto, pela hora de Moscovo, o Ano 2013 começou mais cedo. 



Convidados para uma celebração  russa, com um jantar russo, de salada russa com arenques e beterraba, sopa de cogumelos selvagens e, para terminar, "pelmeni" com "smetana" (as natas ácidas que se usam na comida russa.




Bem, até vodka bebi! Parece que é água, aliás foi isso que, nos mosteiros russos, os monges descobriram há muitos séculos: Vodá é água e vodka é a água que cura... A alma, claro!


No final, veio o chá de menta... Bem precisava!

Bom Ano! Vou esperar pelas doze badaladas do ano novo de cá!

Billie Holiday - Me, Myself And I

BOM ANO NOVO! e IDEIAS NOVAS! Por isso volto à maravilhosa Billie Holiday ! E DECISÕES "DECIDIDAS"..." Love Me or Leave Me" (1941)





Não esquecer:

Metade do que "aí vem" no próximo ano, depende da nossa vontade!

O passado passou, o futuro ...quem sabe como virá? ou, mesmo, se virá...

A vida deve viver-se em função do dia que passa, da "criação" de pequenas (e grandes) coisas!

Mas...sem esquecer os outros!

http://youtu.be/cMrS9_4XyYI

BOM ANO "2013", AMIGOS, COM A VOZ "MAIS COMOVENTE" DO JAZZ!


domingo, 30 de dezembro de 2012

Antes que o ano se acabe...




...Sim, neste final de 2012, quero falar de Camilo Castelo Branco!

Durante o ano que vai acabar amanhã,  “festejaram-se” (?) os 150 anos da publicação do “Amor de Perdição”.

"Falar dele, para quê?", perguntarão alguns. "Já tudo foi dito... É um dos maiores romancistas portugueses! Basta isso..."


Pois é, há quem diga "o maior", há  quem diga “talvez”, eu cá acho que não vale a pena discussões do tipo “derby”: Camilo ou Eça? Tolstoi ou Dostoievski? Etc, etc.

O que interessa é a grandeza deles e não custa nada admirar todos, desde que sejam de facto “superiores”! E são-no mesmo - todos eles...

"Amor de Perdição" é um romance incontornável da nossa literatura. Um romance jovem.

Muitos o ignoram - tantos que o não leram!- , porque já nem sequer faz parte das “leituras” dos programas de Português, ou de Literatura Portuguesa

Mas quanta gente o amou! Quantas edições e reedições se publicaram, quantos volumes e voluminhos andaram de mão em mão...

Romance "romântico"?, que importa? É, sim, o "romance" por excelência, quando por romance se quiser significar "sentimentos": paixão, emoção, esperança e desespero, sofrimento e lágrimas!
Há lá isso tudo...


Por curiosidade, conto-vos a “minha história” do "Amor de Perdição". 

Eu,  em Roma, a ensinar Camilo e a preparar alunos para um exame de Português - correspondente ao nosso 12º ano -,  para fazerem a prova escrita na St. George’s English School of Rome!



St George's School - foto de 2012

Não havia professor de Português no Colégio e estes alunos precisavam do A  Level de Português...

Assim, sucessivamente, fui-os preparando eu, à medida que iam avançando nos estudos e chegavam aos  exames finais...


Ensino “pessoalíssimo”, individual: dois deles eram a minha filha - a primeira aluna!- e o meu filho anos depois. E, no ano a seguir, a filha de um amigo.

Alunos muito diferentes, claro, e com interesses diversos. No entanto reagiram bem ao grande Camilo.

Lembro-me que o programa era interessante. Muita Poesia de vários períodos, que dava uma certa “ideia” da nossa Literatura para “estrangeiros”.


  E incluía “Amor de Perdição”.

O mais “renitente” a começar a leitura foi o meu filho Diogo... Tinha tantas outras coisas para fezer!

No entanto, romântico como sempre foi, ao acabar o romance, disse-me  que era uma bela história.


Alunos do St.George's School

Creio que ainda hoje o não esqueceu. Mas não me atrevo a perguntar-lho... Ele cresceu!

Para quem quiser ler Camilo "digitalizado":

Morreu uma grande Mulher, a cientista italiana Rita Levi Montalcini





Nascida em 22 de Abril de 1909, Rita Levi Montalcini, morreu hoje, com 103 anos, na sua casa de Roma - lúcida, ainda, e serena. 
Cansado,  talvez, o coração parou de bater.

Grande perda no mundo científico, “desapareceu uma das ícones da investigação italiana”, clamam em La Stampa.

Eu diria mais, grande perda para a Humanidade onde aqueles que se preocupam com os valores realmente “humanos”, que exigem a solidariedade, procuram a Ética vão desaparecendo perante a força de arrasto do interesse "pessoal" e fácil, do ganho e da indiferença!


Prémio Nobel da Medicina em 1986, toda a vida trabalhou nos bancos de laboratório, toda a vida se bateu igualmente pelo reconhecimento dos direitos da mulher, no seu empenho e na sua capacidade no mundo do trabalho. 

Antes dos anos 70 já ela militava no Movimento di Liberazione Femminile, lutando pela regulamentação do aborto, por exemplo.


Desde cedo, se especializou no estudo do sistema nervoso, e toda a vida se interessou pelo Homem e acreditou no futuro e na capacidade inovadoras do ser humano, como na igualdade entre homens e mulheres.

O seu contributo para a vida política e cultural da Itália e a sua capacidade invulgar de acreditar no mistério da vida com os olhos laicos e serenos de quem procura a verdade da razão, fazem dela uma figura única.” 
(Testemunho do Presidente da Câmara de Turim,  Piero Frassino, onde Levi Montalcini vivera  e onde recebera, em 1887, a cidadania honorária.)

Perseguida durante os tempos de Mussolini, devido à sua origem judaica, impedida de estudar, a sua luta foi sempre a favor da liberdade, do saber, do conhecimento, da ciência.

Diz o Salmo 39: “Com efeito, o homem passa como uma sombra; em vão se inquieta; amontoa tesouros e não sabe quem os levará”. (Salmo 39.6). 

Mas há pessoas que trazem com elas uma luz que nunca as deixa: esses não procuraram os bens  terrestres mas sim as conquistas da mente, não lhes interessa o corpo, mas aquilo a que os conduzia o espírito: a descoberta, a ciência, o conhecimento. 

Assim foi Rita Levi Montalcini. Como uma estrela mais, ela vai brilhar no céu, esta noite, ainda antes do ano acabar...

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Um pintor que não conhecia: Emmanuel Mané-Katz!

flores

Emmanuel Mané-Katz, pintor judeu russo - naturalizado francês-  nasceu em 5 de Junho de 1894, na Ucrânia, em Kremenchuk, e morreu em Haifa (Israel) em 8 de Setembro de 1962. O pai queria que ele estudasse para rabino, mas ele inclinava-se desde sempre para as Artes.
Kremenshuk, anos 50

Paisagem ucraniana

Paris, Raoul Dufy

Em 1913 mudou-se para Paris, para estudar arte. Foi grande amigo de Picasso. Quando estala a Iª guerra volta à Ucrânia e é nomeado professor da Academia de Kharkov. Em 27 regressa a Paris, onde pede a nacionalidade francesa e vive até à invasão nazi.  Depois, refugia-se em Nova Iorque de 40 a 45.
Paris, Mané-Katz



Confesso que foi a sua série de pinturas de cavalos selvagens que me atraiu o olhar antes do mais. Depois, as cores, os ambientes, a atmosfera judaica que conheci em tantos lugares de Israel. 

O lembrar-me talvez Chagall, um pouco de outros pintores expressionistas, por que não Soutine, ou Rouault?... Próximo dos fauvistas, admirador de Derain.
Tudo me encantou e fui-o descobrindo pouco a pouco.

Três homens

retrato de homem

Foi grande amigo de Picasso. Pintor de estilo acentuadamente expressionista, pertenceu à célebre "École de Paris". Também, com outros pintores, foi conhecido como pertencendo à Escola Judaica de Paris. 

Muro das lamentações, 1931

Em 1931, o quadro "Muro das lamentações" ganhou uma medalha de ouro, na Feira Mundial de Paris.
Retrato de homem, 1950

De início, num estilo clássico e sombrio, escolhia cores apagadas, depois passou a cores brilhantes e vivas. 

Pinta uma série magnífica de cavalos, sobretudo cavalos selvagens, cavalos brancos de crinas ao vento, cavalos correndo, que se empinam, rebeldes,  sem freio ou de freio nos dentes.



Cavalos selvagens


Mãe e filho


Matrimónio judaico

Os músicos

O quarteto

O "ghetto"

Refere temas judeus que, com a passagem do tempo, passaram a ser dominantes na sua obra.
A dada altura, decide ir viver para Israel, que considerava o seu mundo "espiritual"...
Monte Carmel

Haifa

No final da vida o alcaide da cidade de Haifa ofereceu-lhe uma casa, no Monte Carmel, para poder dedicar-se a pintar. É ali que se encontra hoje o Museu Mané Katz...