terça-feira, 24 de abril de 2012

ABRIL VOLTARÁ SEMPRE! FLORES PARA UMA REVOLUÇÃO...


"Salvar Abril", Henrique de Matos


Faz-me impressão pensar quantos jovens não sabem nos tempos que passam o que foi o 25 de Abril!
Porque  nunca lhes falaram nisso?
É certo, muitos deles não foram “informados”...

Porque lhes parece longe de mais esse dia?
Nada do que é verdadeiramente importante tem tempo...

Para que foi afinal?, podem perguntar hoje.

Talvez muitos, face aos problemas que se lhes deparam na vida, um futuro que não é futuro nem é nada, sem trabalho à vista, no desemprego,em fuga para o estrangeiro à procura do Eldorado que já não há, possam perguntar:
Para estar tudo assim?”

Sim, compreendo alguma desilusão... 
Talvez compreenda que nem queiram saber o que "isso do 25 de Abril" foi...

No entanto, é importante que saibam! A culpa desta desgraça de hoje não é desse dia...

Porque o 25 de Abril foi generoso e feito para eles. Na manhã do 25 de Abril houve soldados que vieram trazer-nos o que já não esperávamos: a liberdade. E,quando passaram no Mercado da Ribeira, as mulheres vieram trazer-lhes o que tinham: era o mês dos cravos e deram-lhes cravos vermelhos...

Há dias ouvi uma amiga, a Elisabete, que me contou ter explicava à filha, estudante universitária:

Tu tens de ir para a rua! Quem tem medo, compra um cão! Porque se não fosse o 25 de Abril tu não tinhas chegado à Universidade! A tua avó, eu mesma, lutámos por ti, pelo teu futuro! Agora é a tua vez de lutares! E de ires lá!”


Conheço há muito tempo  a força desta jovem mulher decidida, sincera  e corajosa. 

Sorri e gostei de a ouvir. 


Porque ela lutou toda a vida por condições melhores, avançou, conquistou um lugar digno, e não quer que volte tudo onde estava no 24 de Abril: quando só estudavam os filhos de pais ricos!

Lutou para que todos os outros, pobres, menos pobres,  tivessem regalias, mais direitos, do que os pais e os avós tiveram!

Para que todos pudessem partir do mesmo ponto: crescer, poder estudar e avançar.
Para que o analfabetismo brutal -que existia antes- fosse “apagado”!

Perdeu-se pelo caminho a chama frágil?

Não creio. Há sempre alguns que acreditam e continuam a lutar.
Porque não se pode baixar os braços. 

Muito menos agora.

Há quem queira voltar atrás? E esquecer de vez essa revolução “gentil”, com cravos e sem sangue?!...

Claro que há. Logo no dia 26 de Abril houve, e desde aí houve todos os dias quem quisesse voltar atrás. A força dessas forças foi enorme durante estes anos todos.
Não julgo ninguém: o 25 de Abril foi feito para que todos pudessem ter a sua opinião: diferente e em liberdade!

Por mim, penso que, numa sociedade, se deve devemos pensar no bem de todos – o que nem sempre é fácil.

Sobretudo numa sociedade (esta em que hoje vivemos) que criou “necessidades” e que abafou esse sopro.

Há a força negativas ( e retrógrada!) do capitalismo selvagem trazido pelos anos da "férrea" Thatcher, na Europa, e pelo actor Ronald Reagan na América e nunca mais nada foi como era...

Criando “a concorrência selvagem”, criaram terreno para a falta de escrúpulos, para a ausência de solidariedade, a começar nos bancos dos liceus...

Eu é que tenho que estar à frente e não tu!”, pensaram.

Muito se perdeu dos valores em que acreditávamos. Mas eles continuam lá e o saldo continua positivo.

Hoje nada se respeita das “conquistas” e ideais, mas eles existem.

É só ir buscá-los onde estão: e lá vem a solidariedade, a igualdade, a fraternidade - que devem continuar a ser valores!  


E estiveram nesse dia do 25 de Abril de 1974.

Vamos festejar amanhã o 25 de Abril!

Porque Abril volta sempre. Basta que chegue a Primavera...

 E que se queira acreditar outra vez!

Mas há sempre uma candeia/dentro da própria desgraça/Há sempre alguém que semeia/canções no tempo que passa...", diz Manuel Alegre.

E, ainda:

"Mesmo na noite mais triste
 Em tempo de servidão
 Há sempre alguém que resiste
 Há sempre alguém que diz não.”

Não deixemos cair por terra e ser espezinhado o gesto generoso dessa manhã de Abril!
Mário Soares, Vasco Lourenço e Otelo Saraiva de Carvalho



"Grândola, Vila Morena", canta Zeca Afonso: a canção que "acompanhou" o dia  25 de Abril de 1974.

Associação 25 de Abril:

15 comentários:

  1. E vamos continuar plantando o sonho para lutarmos de novo e mais uma vez pela liberdade nossa de cada dia.

    bjs muitos de todas nós.

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  2. Gosto de falar aos meus pequenos alunos, deste dia e do que significa e ainda de como a revolução foi um exemplo, porque foi pacífica.
    Falo-lhes de Salgueiro Maia.
    Muitos dizem que às vezes o avô conta...
    Admiram-se do que não se podia fazer, do que não tinhamos, de como a escola era tão diferente...
    É dificil para quem nasceu na liberdade, dar-lhe valor, porque para eles e para os pais é uma coisa natural, tão natural muitas vezes, que se esquecem da liberdade dos outros e de a respeitar.
    Úm pormenor engraçado: admiram-se muito de "naquele tempo" não haver cá coca-cola.

    Contei-lhes a história "O tesouro" de Manuel António Pina e gostaram muito.

    Um beijinho e feliz dia da Liberdade!

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  3. Já voltei, obrigada pelas palavras. Roubei-te a papoila.
    Letra para um hino

    É possível falar sem um nó na garganta
    é possível amar sem que venham proibir
    é possível correr sem que seja fugir.
    Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

    É possível andar sem olhar para o chão
    é possível viver sem que seja de rastos.
    Os teus olhos nasceram para olhar os astros
    se te apetece dizer não grita comigo: não.

    É possível viver de outro modo. É
    possível transformares em arma a tua mão.
    É possível o amor. É possível o pão.
    É possível viver de pé.

    Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
    É possível viver sem fingir que se vive.
    É possível ser homem.
    É possível ser livre livre livre.


    Manuel Alegre

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  4. Assassinam a pessoas,nunca conseguirão assassinar ideias,por mais que tentem.

    Um abraço,
    mário

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  5. Esqueci-me de dizer que a papoila vermelha foi "rouubada" no blog "Trepadeira"!

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  6. Abril não se fez em 1974, apenas se iniciou então. Foi o grande e corajoso começo de uma empreitada inacabada. Cabe-nos a tod@s contribuir para que seja cada vez mais justa e generosa. Não há desculpas inter-geracionais. Não preciso de ter vivido em ditadura para saber que não a quero e, sobretudo, para valorizar a democracia, imperfeita, é certo, mas como diz o Sérgio Godinho "a democracia é o pior de todos os sistemas com excepção de todos os outros"! :)
    Um abraço e 25 de Abril Sempre!!

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  7. Acabo de descobrir un fotógrafo que é um grande artista, e que casualmente é teu cunhado, e uma mulher interessantemente bela, que também por acaso é tua irmã...
    PARABÉNS!!
    Fiquei "flipada"!

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  8. Talvez seja urgente recuperar o ideal de Liberdade.
    Beijinhos
    Luísa

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  9. O quanto é importante que se explique às crianças/jovens o que foi e para que serviu o 25 de Abril. Para que se respeite o outro, a sua liberdade. Para que seja possível viver sem medo. Submissão, NUNCA! Igualdade, SEMPRE!
    Beijinhos

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  10. Pode parecer palermice ou pieguice mas é o que sinto: A LUTA CONTINUA!
    Enquanto persistir esta ignorância que por aí se vê; enquanto houver trastes e figurões a querer matar a memória; enquanto houver cravos vermelhos por abrir; enquaNto o obscurantismo persistir nas mentes agrilhoadas pela ignorância... eu gritarei: A LUTA CONTINUA!
    ABRIL SEMPRE!!!!!!!!!

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  11. Saudações Mrs. Falcão, uma rápida passagem pra deixar um eterno abraço de final de semana, de muita paz e prosperidade. Saluto

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