segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Soneto de Camões, para um Amigo que vive na dor e no sofrimento do passado...


Claude Monet, Palazzo Mula 

Vittore Carpaccio, "Duas damas venezianas"

 uma desconhecida, em Veneza

Soneto 157

Lembranças, que lembrais meu bem passado,
Pera que sinta mais o mal presente,
Deixai-me, se quereis, viver contente,
Não me deixeis morrer em tal estado.

Mas se também de tudo é ordenado
Viver, como se vê, tão descontente,
Venha, se vier, o bem por acidente,
E dê a morte fim ao meu cuidado.

Que muito melhor é perder a vida,
Perdendo-se as lembranças da memória,
Pois fazem tanto dano ao pensamento.

Assi que nada perde quem perdida
A sua esperança traz de sua glória
Se esta vida há-de ser sempre em tormento.



8 comentários:

  1. Muito bonito tudo, as imagens e a escolha do soneto.
    Já viu a "Vida de Pi?".
    Gostei de ver a "desconhecida". :))
    Beijinho.

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  2. Obrigada. Estamos para ir ver o Pi. Ainda por cima gosto dos filmes do Ang Lee beijos!

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  3. Bonito mas triste.
    Se essa dor do seu amigo não é física, diga-lhe que guarde o passado e viva o presente. Tem pelos menos amigos maravilhosos que se preocupam com ele.
    Um beijinho grande

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  4. Espero que o amigo consiga ultrapassar a dor e o sofrimento do passado.
    um beijinho
    Gábi

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  5. Ai que dor tão dolorida,as lembranças que lembram o que já lá vai!
    Melhor é viver o presente, para não viver, como se vê, tão descontente!
    Que não pode ser melhor o perder tudo, quando depois desta vida não há mais mundo!

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    1. Em versos quase camonianos! Muito bem tudo o que dizes. mas o que queres? Há sempre o contentamento/descontente e o paradoxo nesta vida - que não há outra, e é uma pena perder o tempo a sofrer!

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