No Orchids For Miss Blandish
James Hardley Chase é o pseudónimo do escritor inglês René Lodge Brabazon Raymond.
Há muitos anos que o conheço e o leio. De facto, No
Orchids For Miss Blandish foi um dos livros que mais me impressionou, pela
violência, pela maneira forte como está escrito, pela dureza do tema, pela
realidade com que apresenta um “gang”, uma família de gangsters, aliás.
René Raymond nasceu em Ealing, em 24 de Dezembro de 1906 e morreu, em 1985,
em 6 de Fevereiro, em Vevey, na Suíça.
O pai de Raymond-Chase era um coronel do exército colonial britânico na Índia
e o seu sonho era que o filho estudasse ciências. Assim, René Raymond esteve no King’s School em
Rochester (Kent).
Viveu também com a família em Calcutá onde estudou alguns anos.
Mas, aos 18 anos, sai de casa, arranja vários empregos temporários: trabalhou
numa biblioteca, foi caixeiro-viajante durante dois anos, vendedor de
enciclopédias juvenis, etc.
O seu sonho era escrever... Até que um dia se retirou para escrever a tempo
inteiro.
Casa em 1933 com Silvia Ray de quem teve um filho. Durante a Guerra, alista-se na Royal Air Force, e escreve um diário, The Royal Air Force Journal.
Um dia
entusiasma-se com o livro de James M. Cain “The postman rings allways twice”
(1934) e decide escrever o seu primeiro livro policial.
A Grande Depressão instalara-se (1929-1933), os tempos eram difíceis para todos, o gangsterismo surgira, e, com ele, a “cultura do gangster”. Decide escrever um romance ambientado nessa época.
E escreve, então, em quatro semanas, um romance "negro": “No Orchids to Miss Blandish” - traduzido em Portugal por "A Carne da Orquídea" e no Brasil por "Não enviem Orquídeas para Miss Blandish".
Estávamos em
1939.
É a história do rapto da filha de um milionário, Barbara Blandish, de um pedido de resgate. Uma história que tem de acabar mal, porque no meio de tudo um dos gangsters, um desquilibrado, apaixona-se por Miss Blandish...
Linden Travers (no filme de Clowes)
Vai-se tornar rapidamente num best-seller,
vendido aos milhares. Um dos livros mais vendidos durante essa década. O sucesso também se deve aos filmes que nele se inspiraram, claro.
René Raymond iniciara a sua carreira literária, que hoje conta mais de 80 títulos.
O livro foi adpatado para o teatro e representado no West End, em Londres.
Em 1948, é adaptado e levado pela primeira vez ao cinema por St. John Legh Clowes
num grande filme de gangsters como os ingleses sabem fazer.
Outros filmes, por outros realizadores, lhe irão suceder...
Instala-se em França, em 1955. Em 1963, o realizador francês Julien Duvivier inspira-se no seu primeiro romance para realizar “Chair de poule” (título da tradução francesa do livro na Colecção Série Noire), com Robert Hossein.
Na colecção "Folio" chamar-se-à : "Pas d'Orchidées pour Miss Blandish"
Assim, em 1971, nos USA, torna-se noutro sucesso, filmado por Robert Aldrich, com a jovem Kim Darby, e tem como título: The Grissom
gang.
Em 1975, Patrice Chereau apresenta em França o filme “Chair d’Orchidée”, com Charlotte Rampling e Bruno Cremer.
Chase vivia na Suíça, desde 1961, na zona do Lago de Genève. A
partir de 1970, muda-se para Corseaux-sur-Vevey onde morre, em 1985.
Interessante ver que os seus livros que se passam numa Nova
Iorque violenta, onde o escritor nunca viveu... A realidade é que esteve apenas algum tempo em
Miami e em Nova Orleans. A inspiração foi buscá-la a livros e enciclopédias,
incluindo dicionários do calão americano.
Os seu livros tiveram enorme sucesso não
só na Europa como na América e na Ásia. Foram adaptados várias vezes ao cinema, por franceses, americanos e italianos. No tempo da "perestroika" tiveram grande sucesso na Rússia.
Em França, Jean Duvivier –antes de Pas d’Orchidée pour Miss Blandish, título francês - adptara o livro "Tiger by the
tail" (L’Homme à l’imperméable, 1957) e, Yves Allegret leva ao cinema o seu "Miss
Gallaghan Comes to a Grief" (Méfiez-vous fillettes, 1957).
Era a altura dos grandes filmes “série noire” franceses, era
inevitável que os seus livros “duros” atraíssem os realizadores desses
anos.
James Hardley Chase escreveu também sob os pseudónimos de James L. Docherty,
Ambrose Grant e Raymond Marshall.
Outros
títulos:
“The Dead Stay Dumb” (1939); “Miss Gallaghan Comes to a Grief” (1941); “Eva” (1944); “Just
the way it is” (1944); "Miss Shumay Waves a Hand" (1944); "More Deadly than the Male" (1945); “Blonde’s
Requiem” (1946); “Make the Corps Walk” (1946).