Santo António de Lisboa ou de Pádua?

Para a Madade...

E Santo António quem era? Onde nasceu? Onde viveu? Onde morreu É o padroeiro de Lisboa ou o Santo de Pádua?

Chamam-lhe  os italianos "Santo Antonio di Padova"...

Viveu muitos anos da sua vida em Pádua.  E, sempre, na bela Igreja de Santo Antonio di Padova, a basilica del Santo assim se chama - onde está a lindíssima Capella degli Scrovegni, é Rei e Senhor.

Antonius Padua, de Alvise Vivarini (1)

Capella degli Scrovegni (1303)

Santo António, em Ávila.

António nasceu em Lisboa, no século XII, e foi batizado como o nome de Fernando Martim de Bulhões (possivelmente descendente de Godofredo de Bulhões). 

Filippino Lippi (2), Madonna e Santo António e um frade

Era de família nobre e abastada, mas tudo abandonou e, como São Francisco, fez voto de pobreza. Talvez por isso (é sempre bom um pouco de humor...) lhe tenham dedicado, em Portugal, no tempo do Salazar, uma nota de 20 escudos apenas...

Dá-se como data de nascimento o dia 15 de Agosto de 1191. No entanto, a única data que parece certa da vida do santo é mesmo só a da sua morte: 13 de Junho de 1231. 

Frei António, como lhe chamavam, morreu hóspede do Mosteiro de Santa Maria de Cella (Arcella), de freiras Clarissas. 

E disseram: "È morto il Santo!"

Santo Antonio in Arcella

Santo respeitado lá em Itália, como cá, pela sua justiça. 

Assim não estranhamos o Padre António Vieira "dizer", no "Sermão de Santo António aos Peixes": 

“Não haveis de pedir a Santo António como aos outros, nem como quem pede graça e favor, senão como quem pede justiça.”

Santo António e São Francisco, de Simone Martini (3)

Talvez por isso eu goste tanto destes dois santos!
O que importa é que este Santo António é uma das figuras “mais populares” da Igreja e,  por cá, foi ontem -e vai ser hoje-  um motivo de festa!

De alegria, de músicas criativas e de marchas populares com um espírito inventivo - mantendo entre cada bairro um enorme segredo- que todos os anos se procura superar. 

E a festa dura até tarde pelos velhos bairros de Lisboa, do bairro Alto à Madragoa, passando pelo Castelo... Lembro-me da Glykhéria, minha queria aluna que, no Hospital, se lamentou por não poder ir festejar o Santo, com sardinhas assadas! 

restaurante Santo António, em Alfama

Entre sardinhas assadas, febras na brasa e os vasos de manjericos que se oferecem à amada. 

Com tanta conversa fiada! 
Até deixo uma quadra de Fernando Pessoa (3) que nasceu hoje, dia de Santo António, e vem mesmo a propósito:

"Entreguei-te o coração,

E que tratos tu lhe deste!

É talvez por estar estragado

Que ainda não mo devolveste…"

ou ainda esta outra:

"O vaso de manjerico

Caiu da janela abaixo.

Vai busca-lo, que aqui fico,

A ver se sem ti te acho."

Bem, não falemos de corações nem de manjericos esquecidos: pensemos nas marchas populares! 

Este ano ganhou a marcha de Alfama. Uma Alfama cheia de girassóis de cores e de sol!

"Ai ó meu rico sant'Antoninho", cantava a minha avó... E eu cantava com ela. Claro que esqueci o resto dos versos!

(1) Alvise Vivarini (1446-1502), o mais importante pintor de Veneza antes de Giovanni Bellini (1430-1516).

(2) Fra Filippino Lippi (1457–1504), nasce e estuda em Florença, com Raffaello Sanzio. Era filho de Fra Filippo Lippi, frade florentino - conhecido também por Lippo Lippi (1406-1469).

(3) Simone Martini (1284-1344), nascido em Siena. Morre em Avinhão.

(4) Fernando Pessoa que nasceu em Lisboa, num 13 de Junho (1888) e, em Lisboa morre, a 30 de Novembro de 1935.