domingo, 25 de janeiro de 2015

Tempo de mudança ou o tempo de Syrisa..


imagem da Grécia clássica: a Vitória de Samotrácia

A Grécia está a votar hoje o que é normal nas democracias. E a Grécia foi a primeira democracia.
Simplesmente, aconteceu um fenómeno especial na Grécia nos últimos tempos: a subida de um partido que se revoltou contra a austeridade forçada do país e recusou que essa tenha trazido algum benefício. E se reuniu com outros partidos e formaram a coligação (de esquerda radical) 'Syrisa'. 
E pode ser o vencedor das eleições,como mostram os primeiros resultados...
Penso na Grécia Antiga, na (velha) Democracia Ateniense...


Descobri num antigo El País, de 22 de janeiro de 2005um artigo que fala de um grande estudioso da Grécia, Francisco Rodríguez Adrados (*), onde refere a dívida das democracias actuais para com a Grécia clássica. 


Um povo tão pequeno e dividido e conseguiram dar um salto em frente tão tremendo!", diz o escritor Adrado.
"Não foi só a democracia que nos 'deu' o exemplo, ou o teatro. Foram eles os primeiros a assinar os poemas, as estátuas. Têm orgulho nas obras que criam, eram indivíduos: uma verdadeira Humanidade. A Democracia não é senão um aspecto dessa Humanidade nova.

Nessa entrevista, quando lhe perguntam 'por que nasceu Atenas?', entusiasma-se e responde:

Houve uma preparação intelectual, claro. Como na Revolução Francesa com as Luzes. Falava-se do homem como ser único, falava-se de igualdade, liberdade…aí temos os pré-socráticos… E houve um momento que foi um acontecimento político. Governam os tiranos e, abaixo deles, os nobres e mais abaixo o povo. A democracia surge como um acordo ‘fora os tiranos’ entre os nobres e o povo. Para correr com eles e repartir o poder.

E à pergunta: 'sobreviverá a democracia, hoje?', responde:
Sim, É o único modelo universal, melhor ou pior, mas fluido, aberto, variável. Tem inimigos radicais, claro. Os islamistas dirão que o poder vem de Deus e nada de votos, que isso é  relíquia do passado.”


Continuaria a traduzir-vos o artigo de tão interessante que é, mas não  devo cansar os meus leitores improváveis. Deixei o link para o poderem ler, se estiverem interessados! Vale a pena.

Jogando com as palavras e com o nome da canção famosa "Le temps des cerises", o jornal francês Libération trazia ontem o sugestivo título: 'Grèce, le temps des Syrisa?' O tempo das cerejas, como na canção inventada durante a Comuna de Paris?

Hoje  é um grande dia para a Grécia: novos desafios, e mudança! 
O tempo de Syrisa? Terá razão o Libération?
E lembro a canção “Le temps des cerises”. 
(*)
Francisco Rodriguez Adrados nasceu em 22 de Março de 22 em Salamanca.
Linguista e filósofo, dedicou-se aos estudos clássicos, à Grécia em especial. Traduziu para espanhol muitas obras da Antiguidade grega.
Entre outros prémios e distinções, em 2012, recebeu o Prémio Nacional das Letras Espanholas.


2 comentários:

  1. Ficamos à espera do que vai mudar...

    Um beijinho grande e uma boa semana:)

    ResponderEliminar
  2. Pois é, querida Isabel, vamos esperar... Para já, vou deixar de me preocupar... até às próximas eleições!
    Beijinhos

    ResponderEliminar