Mais
um Verão que ‘entra’, extemporâneo, sem sequer ligar à data do Verão! O tempo
corre, o tempo muda, o tempo cansa, o calor insiste e a terra protesta.
Bem,
para acalmar o espírito, aqui vai uma nova leitura policial que aconselho: o
escritor italiano Gianrico Carofiglio.
O livro, “Testimone inconsapevole" (2002), encontrei-o, em Itália, e foi-me aconselhado por uma amiga veneziana, a Nicoletta, filha de um amigo maravilhoso, Bruno Trentin.
Conversávamos num dos poucos restaurantes tranquilos
de Veneza, à noite. Passaram quase dois anos! E falámos - entre outras coisas- de romances policiais...
O livro, “Testimone inconsapevole" (2002), encontrei-o, em Itália, e foi-me aconselhado por uma amiga veneziana, a Nicoletta, filha de um amigo maravilhoso, Bruno Trentin.
Veneza, 2016 (MJF)
O livro comprei-o, depois, em Trieste na
Livraria que fica no interior do Palazzo Tergeste
- onde hoje já não existe o velho Café
Tergeste mas há livrarias, cafetarias e outros cafés e restaurantes debaixo
da bela vidraça do telhado – tudo restaurado.
Gianrico Carofiglio
é um escritor do Sul de Itália, de Bari, onde nasceu em 1961. Magistrado de
profissão, durante
muitos anos Juiz Procurador anti-máfia em Roma, foi de 2007-2013 membro do Senado Italiano.
Escreve livros policiais sobre a realidade da sua terra: romances directa ou indirectamente ligados à sua profissão.
Fala da sua Bari “que
não é real, é produto da imaginação”. Porque, diz ele citando Proust, os escritores “não descobrem sítios novos, a novidade está no modo como vê o
mesmo sítio com olhos diferentes".
A "visão" de cada um é única, original, na sinceridade que se põe nela, e essa originalidade depende do grau de entrega do escritor ao que escreve.
O protagonista é o advogado Guido Guerrieri que vai ser o herói dos futuros livros.
Interessante a escolha deste 'herói' advogado, pois fala dessa realidade no campo oposto ao da sua profissão.
Sendo o protagonista dos seus romances um advogado, logo terá uma óptica e um objectivo muito diferentes do magistrado que ele é. Se bem que ambos procurem a justiça, fazem-no com perspectivas diferentes, por vezes, mesmo, em conflito.
Escreve livros policiais sobre a realidade da sua terra: romances directa ou indirectamente ligados à sua profissão.
Bari, o bairro Monopoli (net)
A "visão" de cada um é única, original, na sinceridade que se põe nela, e essa originalidade depende do grau de entrega do escritor ao que escreve.
O protagonista é o advogado Guido Guerrieri que vai ser o herói dos futuros livros.
Interessante a escolha deste 'herói' advogado, pois fala dessa realidade no campo oposto ao da sua profissão.
Sendo o protagonista dos seus romances um advogado, logo terá uma óptica e um objectivo muito diferentes do magistrado que ele é. Se bem que ambos procurem a justiça, fazem-no com perspectivas diferentes, por vezes, mesmo, em conflito.
Este caso envolve uma outra
problemática à qual o autor está ligado: a dos estrangeiros, dos refugiados à espera de visto para ficarem
em Itália.
Escreve livros policiais sobre a realidade da sua terra: romances ligados à sua profissão. O protagonista é o advogado Guido Guerrieri que vai ser o herói dos futuros livros.
Num
dia de calor, Guido Guerriri –que vive uma crise psicológica adiada e tratada com muito álcool e depressões- é abordado
por uma senhora senegalesa que lhe pede que vá ver um seu concidadão, acusado
de um crime que ela sabe que ele não cometeu.
As esperanças de o seu cliente, o vendedor ambulante Abdou Thiam, ser absolvido são muito ténues. Inicialmente, sem interesse pelo caso, Guerrieri segue em frente apenas porque ela lhe quis pagar a defesa adiantada e sente-se 'obrigado' por isso.
Bari, 'orla del sole' (net)
Abri, praia (net)
Envolve
problemas dum bairro difícil da cidade, ao pé da praia e do porto, com gente
que passa, vai e volta, vendedores ilegais que palmilham as praias com as suas mercadorias.
E vai encontrar um ‘racismo inconsciente’ por parte das testemunhas que julgam ‘ver’ Abdou Thiam perto do lugar do assassínio, no dia em que este ocorre.
E vai encontrar um ‘racismo inconsciente’ por parte das testemunhas que julgam ‘ver’ Abdou Thiam perto do lugar do assassínio, no dia em que este ocorre.
São testemunhas que "erram" mas ‘involuntáriamente’; pessoas que giram por ali, à porta dos bares e cafés, "inconsapevoli", sem a noção do que realmente sabem e viram.
Porque, no fim e ao cabo, para as testemunhas, “eles andam por aí e são todos iguais, podem confundir-se uns com os outros…”
"Erram sem querer" - explicam, quase ingenuamente.
O trabalho de procura e reconstituição dos factos de Guido Guerrieri, como “detective” autêntico, um pouco à maneira do Marlowe de Chandler, de bar em bar, interrogando, ouvindo, provocando, é que vai decidir da sorte do senegalês.
Este livrinho é da preciosa colecção ‘Sellerio editore Palermo’. Tem uma bela capa, com um pormenor dum quadro de Hopper.
Este livrinho é da preciosa colecção ‘Sellerio editore Palermo’. Tem uma bela capa, com um pormenor dum quadro de Hopper.
o Ouricinho gostou...
Os livros do autor estão traduzidos em todo o mundo. Em português, o romance as "As perfeições provisórias" saiu na Porto Editora, em 2013. Espero que outras traduções se sigam a esta...