JAZZ E OUTRAS COISAS

A minha preferência musical é, creio, o Jazz. É, pelo menos, o ritmo que me repousa mas, ao mesmo tempo, alguma coisa se agita em mim e me dá vontade de seguir em frente. Ou, talvez seja apenas uma mania mas essa motivação, esse movimento interior - de facto acontecem.

Neste preciso momento estou a ouvir um cantor de Jazz que penso nunca ter sido suficientemente conhecido. Foi considerado, porém, um dos grandes cantores de baladas de Jazz e uma das mais belas vozes masculinas da América já nem sei em que ano.

 O seu nome é Johnny Hartman. Nasceu na Louisiana, em Houma, em 3 de Julho de 1923, mas foi criado em Chicago, onde vai frequentar a escola. Nada se sabe mais sobre a vida do cantor.

Começou a cantar -e a tocar piano- era ainda um rapazinho de 8 anos, em Chicago. Estudou música na DuSable High School com o violinista e educador Walter Dyett (2) que ensinou nas mais conhecidas universidades para Afro-americanos.

Mais tarde, Hartman ganhou uma bolsa de estudo para ir frequentar o Chicago Musical College.

Alistou-se no Exército, durante a II Guerra Mundial, e foi membro do 'Coro do Exército' - mas o seu primeiro trabalho como profissional começa em Setembro de 1946, no momento em que ganhou um concurso - cujo prémio era um contrato para participar, durante uma semana, na Orquestra de Earl Hines, como cantor. 

 

 a Orquestra de Earl Hines

Percebendo as qualidades dele, Hines contratou-o imediatamente para o ano seguinte. Esse trabalho com Hines chamou a atenção dos meios musicais sobre Hartman.

Quando a orquestra se disfaz, em 1948, Dizzy Gillespie (o grande músico, saxofonista, de jazz convida-o para se juntar à sua Big Band. Tratava-se de um “Tour” de oito semanas na Califórnia mas Dizzy Gillespie era famoso e foi importante para a carreira de Hartman.

 

Dizzy Gillespie

Quando deixa a Big Band de Gillespie, vai gravar com o pianista Erroll Garner durante algum tempo.

Em 1956, grava em solo o álbum intitulado Songs from the Heart. Segundo escreve o crítico John Bush, as suaves baladas de jazz cantadas por Hartman ganham imenso “com a sua bela voz evocativa que as torna um tesouro especial.”

Em 1963, trabalha em conjunto com o grande saxofonista John Coltrane, sendo esse o momento do seu maior sucesso. Sobretudo com os álbuns que gravaram: “Lush Life” e “John Coltrane and Johnny Hartman”.

Sobre o álbum “John Coltrane and Johnny Hartman”, escreve um admirador, no “youtube”, que assina John C. Livio: 
“Uma vez perguntei por que razão Johnny Hartman não era tão conhecido (divulgado) como outros, como por exemplo Nat King Cole - uma vez que é tão bom como ele. 

Disseram-me que a marca Records queria limitar-se a ter apenas gravações de um ou dois cantores afro-americanos, por isso a oportunidade era limitada para tão grandes intérpretes. Adoro este álbum desde há 30 anos. É uma obra-prima”.

Dos dois juntei alguns CDs que ontem fui buscar e estive a ouvir. É uma sensação nova ouvir velhas músicas há muito esquecidas.

Johnny Hartman morreu em Nova Iorque, em 15 de Setembro de 1983. Existe uma biografia dele, escrita por Dr. Gregg Akkerman, The Johnny Hartman Story, saída em Junho de 2012.

Em 2008, acontece o fogo gigantesco nos Estúdios Universal de Hollywood. 

Em 2019, um artigo de “The New York Times Magazine” incluiu a obra do cantor na lista das centenas de artistas cuja obra material foi  destruída no fogo. Perda irreparável de músicas e de velhos filmes.

(1)"Dedicated to you"...

https://www.youtube.com/watch?v=DJCfmcUgT6U

(2) DuSable High School
O educador, músico e violinista Walter Dyett (1901-1969) ensina nessa
  escola e é professor de música de Hartman.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Earl_Hines

https://www.allaboutjazz.com/the-last-balladeer-the-johnny-hartman-story-johnny-hartman-by-gregg-akkerman.php

https://www.nytimes.com/2019/06/25/magazine/universal-music-fire-bands-list-umg.html