terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Há 46 anos, morria José Régio: um grande "criador" de mundos!


Benilde, desenho de José Régio (1953)


Falar de José Régio é importante. Sim, em 1969, morria Régio, em Vila do Conde, com 68 anos - que hoje não é idade para se morrer.
Parece-me tão esquecido: quem fala nele? Lá há quem se lembre da poesia e recite o seu grande grito "Não vou por aí!" mas pouco mais se recorda ou se aprende dele nas escolas. E tão grande é a sua obra! 
E tão variada: vai da poesia, aos contos magistrais e ao romance, passando pelo teatro, pelos desenhos e pelos ensaios - estes sempre lúcidos e claros de entender.
"Há mais mundos"


Lembro O Príncipe com Orelhas de Burro, um dos livros "sérios" que mais adorei ler na adolescência. Este romance é uma bela história de amor e de infelicidade. E é um romance quase desconhecido em Portugal!


Como desconhecido é outro romance de Régio, “Jogo da Cabra-Cega” (1ª ed. edições “Presença”, 1934, e proibido pela censura pouco depois). Em 2000, foi traduzido em francês "Collin-Maillard" (tradução de Jorge Sedas Nunes, Bibliothèque Portugaise, ed. Métailié).

Pensei na sua “Benilde ou a Virgem Mãe", que foi publicada no Porto,  em 1958. 


Maria Barroso

Levada à cena, no dia 25 de Novembro de 1947, pela companhia Amélia Rey Colaço/Robles Monteiro, no Teatro nacional D. Maria II, em Lisboa, com Maria Barroso no papel de Benilde. Durante anos não foi representada, porque a Comissão de Censura a proibiu. 

Aproveito para recordar a grande actriz que foi Maria Barroso. Grande actriz e grande mulher de Cultura. E amiga de José Régio, que a admirava! Via-a e ouvi-a pela primeira vez, em Portalegre, era eu uma miúda, declamar os versos de Régio, numa Sessão de Apoio ao General Humberto Delgado.
Muitos anos mais tarde, em 1975, Manoel de Oliveira fará uma longa-metragem baseada na peça.
Como desconhecida é a sua pentalogia “A velha Casa”: cinco volumes cheios de gente, de vida, de sonhos fantásticos! De  desespero e de expectativas. Como é próprio da condição humana.


Bem se lamentava o Poeta, o fundador da magnífica e moderna revista "presença" (cujo 1º número é publicado, em Coimbra, em 10 de Março de 1927), que a sua prosa fosse -injustamente- mal apreciada. Ninguém se referia a ela no seu tempo. Quem se refere a ela, à sua bela obra em prosa, nos tempos de hoje?

E, no entanto, a riqueza dessa prosa, desse universo bem seu que nos faz viver e querer viver ainda mais outras coisas, ter outros destinos, bem merecia outro...destino!
Vem aí o Natal. É altura de comprar, ler -ou reler- José  Régio! Muito podem encontrar na Livraria Lumière do Porto!

5 comentários:

  1. ~ Uma apreciação deliciosa...
    ~~~ Beijinhos, MJ. ~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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  2. Eu gostei muito de O Príncipe de Orelhas de Burro.
    E agora passei aqui para desejar um Natal muito Feliz, com tudo de bom, saúde, família, amigos, calor, comida e prendas.
    um grande beijinho
    Gábi

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  3. Então desejo-lhe um feliz natal, alegre, puro, amável, gentil, com muitos sorrisos, beijos e abraços de todos os seus queridos.
    Um forte abraço.

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  4. José Régio... grande José Régio!
    Sim, merecia ser mais lembrado e lido!
    E tem livros para todos os gostos, desde poesia, ao romance, em ensaio, ao teatro...
    Um Natal muito feliz, Maria João.
    Um beijinho grande!.:))

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  5. Obrigado pela dica, MJ.
    Não tenho nada de José Régio em casa. Tudo o que conheço dele foi de leituras avulso de poesia e excertos de prosa em manuais.

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