O belo e intraduzível soneto de Rimbaud, em alexandrinos, Le Dormeur du Val, é uma
poesia que nos comove diria mesmo até às lágrimas. Quem a não ouviu ou leu? Quem não pensou na injustiça da guerra, das vidas jovens, ceifadas num segundo?
Nos corpos massacrados, nos membros amputados? No choro quase de criança que eles choram.
Num momento em que a morte voltou a rondar pelo mundo, sem respeito por nada, lembrei-me de Rimbaud e do seu maravilhoso "Dormeur du Val". Deixo uma imagem de Gustave Courbet, O homem ferido.
Nos corpos massacrados, nos membros amputados? No choro quase de criança que eles choram.
Rimbaud, desenhado por Valentine Hugo
Accrochant follement aux herbes des haillons
D’argent; où le soleil de la montagne fière,
Luit: c’est un petit val qui mousse de rayons.
Un soldat jeune, bouche ouverte, tête nue,
Et la nuque baignant dans le frais cresson bleu,
Dort; il est étendu dans l’herbe, sous la nue,
Pâle dans son lit vert où la lumière pleut.
Les pieds dans les glaïeuls, il dort. Souriant
Comme sourirait un enfant malade, il fait un
somme:
Nature, berce-le chaudement: il a froid.
Les parfums ne font pas frissonner sa narine;
Il dort dans le soleil, la main sur sa poitrine
Tranquille. Il a deux trous rouges au côté droit.” (*)
Poema que se encontra nos Cahiers de Douai, ou Cahiers de
Demeny ou ainda Recueil de Douai - que
contem 22 poemas de Rimbaud adolescente - que ele confia ao poeta, seu amigo e também de
Victor Hugo, Paul Demeny (1844 -1919).
Rimbaud, o revoltado, o fugitivo, o aventureiro descobre-se, em 1870, com 16 anos, anti-bonapartista (Napoleão III) e contra a guerra franco-prussiana, onde morreram milhares de jovens.
(*) Deixo uma tradução do (intraduzível) soneto ("O Adormecido do Vale")
http://antoniocicero.blogspot.pt/2010/01/arthur-rimbaud-le-dormeur-du-val-o.html
(*) Deixo uma tradução do (intraduzível) soneto ("O Adormecido do Vale")
http://antoniocicero.blogspot.pt/2010/01/arthur-rimbaud-le-dormeur-du-val-o.html
E a voz de Serge Reggiani que tão bem "diz" o poema, antes de cantar "Le déserteur", de Boris Vian.
Obrigada! Não conhecia nada dele, penso.
ResponderEliminarBeijinhos da "adormecida"...
~~~
ResponderEliminarMuito interessante MJ.
Lembrei
o «Menino de Sua Mãe»
de Fernando Pessoa...
~~~ Beijinho. ~~~~~~~
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar~~~
EliminarDesculpe o meu desabafo, MJ...
Umas palavras simpáticas - de vez em quando - às suas leitoras, torna o convívio mais agradável.
~~~ Beijinho. ~~~
Como poderia antipatizar consigo que é tão agradável e interessada, Majo? Eu é que respondo raramente aos comentários se for ver. Por uma questão de tempo, confesso, o meu tempo é um assunto estranho. MUito obrigada por vir ver o que escrevo e por me deixar um testemunho! Desculpe, mas não foi por não "gostar" de si. Nem seria possível, é uma pessoa sensível e gosto de si! Um beijinho.
ResponderEliminarSim, Pessoa e o menino de sua mãe... Pessoa era um grande poeta. E culto. E leu Rimbaud de certeza.
Boa noite, Majo