Camões, o retrato vermelho de Fernão Gomes
Hoje,
Dia de Camões, falarei de Fernão Gomes, que foi um pintor português de origem
espanhola, nascido perto de Badajoz.
Era o tempo de Carlos V -ou Carlos II de Espanha-,
Imperador da Áustria e, assim, Gomes foi estudar para Delft, na Holanda - que
pertencia ao Império.
Carlos V , pintado (talvez) por Tiziano
Carlos V , pintado (talvez) por Tiziano
Ali trabalhou
com o Mestre Anthonie Blockglandt (1570-1572). Depois veio para Portugal à
procura de um lugar onde pudesse desenvolver a sua obra.
Fernão Gomes afasta-se da pintura holandesa e tem já outros "traços" e a escolha de apresentar as figuras religiosas, de modo "maneirista", dos pintores do "maneirismo italiano" e que a Igreja censura.
De facto a sua "Soror Maria da Visitação" -quadro pintado para o Mosteiro da Anunciada- desaparece não durante o Terramoto de 1755, como infelizmente outras obras suas, mas "às mãos" do Santo Ofício que a manda destruir.
Fernão Gomes afasta-se da pintura holandesa e tem já outros "traços" e a escolha de apresentar as figuras religiosas, de modo "maneirista", dos pintores do "maneirismo italiano" e que a Igreja censura.
Giacomo da Pontormo, Deposição do Cristo
Rosso Fiorentino, Moises defende as filhas de Jehtro
De facto a sua "Soror Maria da Visitação" -quadro pintado para o Mosteiro da Anunciada- desaparece não durante o Terramoto de 1755, como infelizmente outras obras suas, mas "às mãos" do Santo Ofício que a manda destruir.
É
da sua autoria o único retrato verdadeiro de Camões, provavelmente realizado
entre 1573-75, “retrato pintado a vermelho do poeta Luís de Camões
(…) único e precioso documento fidedigno” que representa o poeta. E que é, afinal, uma cópia do original de Gomes.
Este artista trabalhou com Simão Rodrigues (outro pintor manierista) na execução do Retábulo da Sé de Portalegre, em 1595, por isso me interessei por ele.
Fernão Gomes, na Sé do Funchal
Trata-se de uma cópia executada, a pedido do Duque de Lafões, por José Luís Pereira de Resende (1760-1847), "a partir
do original, que
fora encontrado num saco de seda verde nos escombros do incêndio do “magnífico e
grandioso palácio dos Condes da Ericeira (…) e que entretanto desapareceu.” (*)Este artista trabalhou com Simão Rodrigues (outro pintor manierista) na execução do Retábulo da Sé de Portalegre, em 1595, por isso me interessei por ele.
Fernão Gomes foi nomeado “pintor da Ordem de sua Majestade", por Filipe II, em 1594. E, em 1601, “pintor dos Mestrados das Ordens Militares". Em 1602, é um dos nove pintores que fundam a 'Irmandade de S. Lucas', confraria dos pintores da cidade.
Em 1612, ano da sua morte, vem a ser, ainda, um dos doze pintores que “assumem um movimento de reivindicação que vai conduzir ao reconhecimento da Pintura como “Arte liberal”.
Em 1612, ano da sua morte, vem a ser, ainda, um dos doze pintores que “assumem um movimento de reivindicação que vai conduzir ao reconhecimento da Pintura como “Arte liberal”.
“Soror
Maria da Visitação” quadro pintado para o Mosteiro da Anunciada desaparece não
durante o Terramoto de 1755 mas às mãos do Santo Ofício.
Nascido Em Espanha, como referi atrás, em Albuquerque em 1548, Fernão Gomes (Hernán Gomez Román), ou Fernando Gomes morre em Lisboa, em 1612.
Muitas das suas obras desapareceram no Terramoto de Lisboa de 1755.
Muitas das suas obras desapareceram no Terramoto de Lisboa de 1755.
(*)
“O retrato pintado a vermelho”, V. Graça Moura, aparece na revista Oceanos, em Junho 1989.
Mais
tarde sai um livro da autoria de Graça Moura e Vítor Serrão, "Fernão Gomes e o retrato de Camões", saído aquando da Comemoração das Viagens Portuguesas, editado pela Fundação do Oriente/Imprensa Nacional-Casa
da Moeda, 1989.
( **) Ainda o retrato:
“O que se conhece
desse retrato é uma cópia, feita a pedido do 3º duque de Lafões, executada por
Luís José Pereira de Resende (1760-1847) entre 1819 e 1844, a partir do
original que foi encontrado num saco de seda verde nos escombros do incêndio do 'magnífico e grandioso palácio dos Ex.mos Condes da Ericeira, Marqueses de
Louriçal, junto da Annunciada' e que entretanto desapareceu.
É uma «fidelíssima cópia» que, "pelas dimensões restritas do desenho, a textura da sanguínea, criando manchas de distribuição dos valores, o rigor dos contornos e a definição dos planos contrastados, o neutro reticulado que harmoniza o fundo e faz ressaltar o busto do retratado, o tipo da barra envolvente nos limites da qual corre em baixo a esclarecedora assinatura.
Enfim, o aparato simbólico da imagem, captada em pose de ilustração gráfica de livro, «se devia destinar à abertura de uma gravura a buril sobre chapa cúprica», «para ilustração de uma das primeiras edições de Os Lusíadas».
É uma «fidelíssima cópia» que, "pelas dimensões restritas do desenho, a textura da sanguínea, criando manchas de distribuição dos valores, o rigor dos contornos e a definição dos planos contrastados, o neutro reticulado que harmoniza o fundo e faz ressaltar o busto do retratado, o tipo da barra envolvente nos limites da qual corre em baixo a esclarecedora assinatura.
Enfim, o aparato simbólico da imagem, captada em pose de ilustração gráfica de livro, «se devia destinar à abertura de uma gravura a buril sobre chapa cúprica», «para ilustração de uma das primeiras edições de Os Lusíadas».
Gostei de saber, tudo sobre o meu adorado Camões é sempre interessante! O que nunca se saberá ao certo é quem fez mais dano à cultura portuguesa, se o terramoto de 1755 ou o Santo Ofício....
ResponderEliminarUm beijo
Sabes como eu, Maria, que foi o Santo Ofício...
EliminarUma grande surpresa, MJ.
ResponderEliminarSempre ouvi dizer, em muitas fontes, que não havia nenhum documento sobre a real da figura do Poeta.
Perante este retrato, há representações assaz grosseiras...
Gostei muito de saber.
Beijinhos
~~~~