terça-feira, 15 de agosto de 2017

HOJE É DIA DE FERRAGOSTO, EM ROMA~


Hoje é dia de ‘ferragosto’ em Itália! Para nós,  aqui, é um feriado como um outro, o da Senhora da Alegria, como sei que ainda é costume festejar lá no Alentejo, em Alegrete, no dia 15 de Agosto. 

Pequenina, lembro-me de ir a essa festa cheia de cores e de música. O meu pai foi médico em Alegrete talvez dois anos e sei recordo-me de uma noite, alguns anos depois em que voltámos para ver a festa da Senhora da Alegria.
Em Itália, habituei-me a ver nessa data o dia em que acabava o Verão! A cidade esvaziava-se e as piazze e as ruas e os monumentos belíssimos de Roma ficavam só para nós, “romanos” que decidíramos ficar com a nossa “Rometta”.
no interior do Pantheon


(Porque depois de viver 15 anos em Roma tenho de me sentir romana!)
A Piazza Navona, antes do mais, a nossa piazza preferida de sempre, ficava sem gente. 
a Piazza Navona


Podíamos devagar ver os quatro rios, decifrar os rostos do rio da Plata, do Nilo e dos outros. O Pantheon imponente tinha lá dentro toda a frescura do mundo! 
A Piazza de Santa Maria sopra Minerva, pequenina ficava mais pequenina com o seu elefantezinho português lá no meio. Depois de atravessar o Campo de’ Fiori, com o cinema Farnese entre as duas ruas que levam ao Ghetto, chegávamos à Piazza Farnese cheia de classe com as suas duas bacias oblongas e o repuxo no meio. 
A Piazza del Popolo parecia ainda maior e era fantástica no meio do calor, na frescura do café - e as duas igrejas com os Caravaggio só para nós! 

Passávamos debaixo da Porta del Popolo (sem “ingorghi”, aqueles engarrafamentos monstros em que havia três filas a atravessar para cá e para lá a porta)  toda aberta para o nosso “bolinhas”, o Fiat 126 vermelho -como um Ferrari – que podia passar à sua vontade.
os cavalos do Bernini, Piazza Navona


Era um tempo diferente para os que decidiam ficar na cidade: os romanos mais agitados iam para as praias, ou para a Sicília, e os que apreciavam o sossego e “la quieta vita” deixavam-se ficar por casa e aproveitavam a maravilha de ter Roma para si, de dia como de noite. 

E nós partíamos à procura da cidade livre, dos cantos sem gente, das igrejas refrescantes e quase vazias, e tirar partido do que nos era concedido: uma cidade sem barulho, sem confusão, sem carros, sem frenesim, quase sem gente!

Nesses tempos ainda não havia a chamada “peste” do turismo barbárico, viam-se famílias, pequenos grupos a passear e a ver – realmente ver!- que nada tinham de comum com os enxames de hoje, gente com os smartphones cheios de paus como vassouras a fotografar tudo mesmo sem verem o que estão a fotografar. Um dia verão…em casa, depois das férias!

Depois do ferragosto começavam as chuvas, quase diluvianas… mas depois de um longo Verão -pois o calor chegava por meados de Maio- sabia bem aquele tempo.

Também não existia o aquecimento global, nem as alterações climáticas e as chuvas chegavam pontuais.
Sim, tenho muitas saudades!

5 comentários:

  1. Gostei desta viagem por Roma

    um beijinho e bom feriado

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  2. Era um mundo com menos stress, tanto lá como cá!

    Beijinhos e continuação de boa semana:)

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  3. Querida Maria João, conserve essas belas recordações, pois agora em nenhuma época do ano encontraria essa tranquilidade!
    Como disse a Isabel, nem lá nem cá!
    Um beijinho.:)

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  4. Mais uma bela viagem
    Um relógio de pêndulo
    Bj

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  5. E o que nos resta? A adaptação de viver com estes novos tempos, tão acelerados, tensos, multidão que ferve...
    E o que disse aqui:"...smartphones cheios de paus como vassouras a fotografar tudo mesmo sem verem o que estão a fotografar." Eu concordo com cada palavra, Maria!
    Não se vive mais no presente momento, não se sente os aromas das ruas, não se percebe o andar das pessoas locais, para entender um pouco da cultura, digo o modo de vida.
    Gostei mesmo do 'tempo', até os anos 80, do século passado. O 'tempo' que me desculpe, mas atualmente ele está completamente desinteressante.

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