Hoje
é dia de ‘ferragosto’ em Itália! Para nós, aqui, é um feriado como um outro, o da Senhora
da Alegria, como sei que ainda é costume festejar lá no Alentejo, em Alegrete,
no dia 15 de Agosto.
Pequenina, lembro-me de ir a essa festa cheia de cores e
de música. O meu pai foi médico em Alegrete talvez dois anos e sei recordo-me
de uma noite, alguns anos depois em que voltámos para ver a festa da Senhora da
Alegria.
Em
Itália, habituei-me a ver nessa data o dia em que acabava o Verão! A cidade
esvaziava-se e as piazze e as ruas e
os monumentos belíssimos de Roma ficavam só para nós, “romanos” que decidíramos
ficar com a nossa “Rometta”.
no interior do Pantheon
(Porque
depois de viver 15 anos em Roma tenho de me sentir romana!)
A
Piazza Navona, antes do mais, a nossa piazza preferida de sempre, ficava sem gente.
a Piazza Navona
Podíamos
devagar ver os quatro rios, decifrar os rostos do rio da Plata, do Nilo e dos outros. O Pantheon
imponente tinha lá dentro toda a frescura do mundo!
A Piazza de Santa Maria
sopra Minerva, pequenina ficava mais pequenina com o seu elefantezinho português
lá no meio. Depois de atravessar o Campo de’ Fiori, com o cinema Farnese entre
as duas ruas que levam ao Ghetto, chegávamos à Piazza Farnese cheia de classe
com as suas duas bacias oblongas e o repuxo no meio.
A Piazza del Popolo parecia
ainda maior e era fantástica no meio do calor, na frescura do café - e as duas
igrejas com os Caravaggio só para nós!
Passávamos
debaixo da Porta del Popolo (sem “ingorghi”, aqueles engarrafamentos monstros
em que havia três filas a atravessar para cá e para lá a porta) toda aberta para o nosso “bolinhas”, o Fiat 126 vermelho -como um Ferrari – que
podia passar à sua vontade.
os cavalos do Bernini, Piazza Navona
Era
um tempo diferente para os que decidiam ficar na cidade: os romanos mais
agitados iam para as praias, ou para a Sicília, e os que apreciavam o sossego e
“la quieta vita” deixavam-se ficar por casa e aproveitavam a maravilha de ter
Roma para si, de dia como de noite.
E nós partíamos à procura da cidade livre, dos cantos sem gente,
das igrejas refrescantes e quase vazias, e tirar partido do que nos era
concedido: uma cidade sem barulho, sem confusão, sem carros, sem frenesim, quase
sem gente!
Nesses
tempos ainda não havia a chamada “peste” do turismo barbárico, viam-se
famílias, pequenos grupos a passear e a ver – realmente ver!- que nada tinham
de comum com os enxames de hoje, gente com os smartphones cheios de paus como vassouras a fotografar tudo mesmo
sem verem o que estão a fotografar. Um dia verão…em casa, depois das férias!
Depois
do ferragosto começavam as chuvas, quase diluvianas… mas depois de um longo Verão -pois o calor chegava por meados de Maio- sabia bem aquele tempo.
Também não existia o aquecimento global, nem as alterações climáticas e as chuvas chegavam pontuais.
Sim, tenho muitas saudades!
Gostei desta viagem por Roma
ResponderEliminarum beijinho e bom feriado
Era um mundo com menos stress, tanto lá como cá!
ResponderEliminarBeijinhos e continuação de boa semana:)
Querida Maria João, conserve essas belas recordações, pois agora em nenhuma época do ano encontraria essa tranquilidade!
ResponderEliminarComo disse a Isabel, nem lá nem cá!
Um beijinho.:)
Mais uma bela viagem
ResponderEliminarUm relógio de pêndulo
Bj
E o que nos resta? A adaptação de viver com estes novos tempos, tão acelerados, tensos, multidão que ferve...
ResponderEliminarE o que disse aqui:"...smartphones cheios de paus como vassouras a fotografar tudo mesmo sem verem o que estão a fotografar." Eu concordo com cada palavra, Maria!
Não se vive mais no presente momento, não se sente os aromas das ruas, não se percebe o andar das pessoas locais, para entender um pouco da cultura, digo o modo de vida.
Gostei mesmo do 'tempo', até os anos 80, do século passado. O 'tempo' que me desculpe, mas atualmente ele está completamente desinteressante.