domingo, 27 de agosto de 2017

O que fazem os livros...



Não me canso de ler nem de falar de livros. Porque os livros abrem os espíritos e trazem-nos dúvidas. E apontam-nos utopias. E, quando julgamos saber tudo, percebemos que afinal não percebemos o que julgávamos saber.
Quando se fecha um livro, encontramos respostas mas surgem sempre outras perguntas a fazer. Outras atitudes a querer tomar.
Hoje a minha amiga Luísa falava disso: um livro acabado, difícil de ler e que a deixou ainda mais perplexa sobre o sentido de muitas coisas. “Livro que fala daquilo que faz o ser humano (…) Um livro que questiona e convida a pensar. Agora ali arrumado na estante parece continuar a provocar as minhas certezas”.

Claro que tem de provocar as nossas certezas. Tem de acentuar as dúvidas. Porque só os idiotas ou os que desistiram de viver é que têm certezas definitivas.
“O problema do mundo de hoje, dizia Bertrand Russel (*) é que as pessoas inteligentes estão cheia de dúvidas e os idiotas cheios de certezas”.

O 'hoje' dele é o 'ontem' que temos, o nosso passado, o de há anos e anos  pois o filósofo, Prémio Nobel de Literatura em 1950, nasceu em 1872 e morreu em 1970, aos 98 anos com uma gripe. Quase 100 anos de vida com esta crença...
E, sempre, os idiotas continuam a ter a certeza de tudo e os inteligentes e abertos às novidades julgam só ter dúvidas

A vida é uma aprendizagem eterna. Com bons e maus lados. Mas os livros estão do lado bom e ajudam-nos a abrir as portas fechadas! As portas de tudo, que podem ser de percepções outras, que podem ser de coisas banais em que nunca tínhamos pensado daquela maneira.

E voltarei para falar dos livros esquecidos! Dos que ensinam sempre.

* * *
(*) Desde muito novo que Bertrand Russell se interessou pelos problemas sociais e pela emancipação feminina. 
Durante a Iª Guerra, foi preso por actividades pacifistas. Passou cinco meses na prisão durante os quais escreveu "Introdução à Física Matemática" - publicada em 1919. Depois da IIª Guerra mundial tornou-se um dos principais opositores às armas nucleares.
(*)Lembro outro pacifista, Romain Rolland que teve uma atitude semelhante.
Em 24 de Dezembro de 2014, Jean Daniel escreve no semanário francês, Nouvel Observateur, na sua mensagem, apelando para um Ano Novo de Paz: 
Houve um escritor muito importante, Romain Rolland, Prémio Nobel de Literatura que teve a independência de espírito para ir à Suíça, país que fez da paz a sua identidade, para condenar  guerra e chamar os homens à razão.” 

7 comentários:

  1. É curioso, mas comprei hoje "Utopia" do Thomas More, um livro que estava esgotado e que tentava comprar, posso dizer: há anos! Fiquei tão feliz quando o vi hoje na livraria, que peguei logo nele!

    Comprei outros, que a sede de saber é muita, mas o tempo para ler é pouco...vai-se lendo!

    Um beijinho grande e continue a trazer-nos estes post!

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    1. Fico muito contente quando te vejo ir comprar mais livros! A sede de saber é a coisa melhor do mundo e tu sabes bem isso! Vai metendo sempre uma leitura aos bocadinhos. Também me vejo aflita mas sem um ou dois ou mesmo três livros à mão...sinto-me morrer! Beijinhos

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  2. Obrigada Maria João por tudo o que sempre me ensina!! Enorme beijinho

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  3. Livros... por muitos que tenha, acho sempre poucos!
    Umas leituras levam a outras e quando damos conta, estamos a ler temas que pensávamos dificilmente ler.
    Não há dúvida que quanto mais lemos e sabemos, maior é a certeza do tamanho da nossa ignorância...
    Beijinhos para as minhas amigas.:))

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  4. Vou ficar à espera do texto ou textos sobre os livros esquecidos

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  5. Muito bom apontamento, a chamar-nos à realidade. Por mais que saibamos, nunca teremos a "verdade" na mão. Mas temos a possibilidade de procurar respostas, afinal perguntas que interminavelmente se levantam.
    Basta reconhecer na simples constipação a incomodidade da sombra que atingiu BR. Ora, os tolos, nem se dão ao trabalho de aceitar uma coisa tão linear por incapacidade de pensar.

    Bj.

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