Refiro-me ao filme (que ainda não vi), pela “voz” de Daniel Cohn-Bendit. Na revista “Le Nouvel Observateur”, de 19-25 de Janeiro, na crónica semanal, intitulada: "Chronique d’un Cosmopolite", escreve:
“Um filme que nos esclarece sobre as realidades em vez de as escamotear. O Havre conta a história de um homem digno ( um “mensch”) e ultrapassado que ajuda um jovem migrante que ele vê sair de um container, onde viera escondido.”
E Cohn-Bendit refere o duplo sentido da palavra Le Havre/porto no norte da França e “havre”/porto de abrigo, sítio seguro contra a adversidade (diz o dicionário Larousse de Poche).
“Um “havre”, um porto de mar, um lugar de passagem, de trânsito das mercadorias e das pessoas. (...) Pontos de abertura sobre o mundo podem ser igualmente lugares de controle, de detenção, de recusa do Outro.”
Do que vem de fora, do estrangeiro, claro, do “méthèque” da canção de Georges Moustaki:
"Avec ma gueule de métèque
De juif errant, de pâtre grec
Et mes cheveux aux quatre vents
Avec mes yeux tous délavés
Qui me donnent l'air de rêver
Moi qui ne rêve plus souvent..."
“Kaurismäki consegue dar a outra dimensão do “Havre”: a de um refúgio, de um ligar protegido pelo interesse (engagement) quotidiano dos homens. Aqui é a solidariedade dos humildes e dos "socialmente desclassificados" que dá ao filme o seu calor utópico”.
"Avec ma gueule de métèque
De juif errant, de pâtre grec
Et mes cheveux aux quatre vents
Avec mes yeux tous délavés
Qui me donnent l'air de rêver
Moi qui ne rêve plus souvent..."
“Kaurismäki consegue dar a outra dimensão do “Havre”: a de um refúgio, de um ligar protegido pelo interesse (engagement) quotidiano dos homens. Aqui é a solidariedade dos humildes e dos "socialmente desclassificados" que dá ao filme o seu calor utópico”.
Afinal a utopia ainda não morreu!
Quero ver este filme!
O actor é André Wilms que já entrara em La vie de Bohème em 1991 e em "O Homem Sem passado", de 2002 (**). A mulher dele no filme é a actriz finlandesa Kati Outinen.
Representa aqui um escritor frustrado que se exila voluntariamente na cidade do Havre, em França. Aí abandona as ambições literárias e vive uma vida tranquila, de que participa a mulher, o bar da esquina e a sua profissão de engraxador.
Até que um dia chega um jovem africano migrante.
“Não tenho soluções para o problema, diz Kaurismäki, mas gostava de tocar o assunto, neste meu filme não-realista.”
Os membros do Júri do Festival de Cannes atribuíram-lhe o Fipresci Award (*):
Os membros do Júri do Festival de Cannes atribuíram-lhe o Fipresci Award (*):
“Le Havre é uma ode à esperança à esperança, à solidariedade, à fraternidade”, disseram eles.
(**) Aki Kaurismäki nasceu em 4 de Abril de 1957 em Orimattila, na Finlândia, e o seu primeiro filme foi Crime e Castigo, tirado do romance de Dostoievsky (1983), ambientado na moderna Helsinki.
Segundo alguns, o realizador finlandês sofreu a influência de Jean-Pierre Melville e de Robert Bresson e, até certo ponto, do alemão Rainer Werner Fassbinder.
(*) A FIPRESCI é a Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica
Esse filme vem aqui ao Cine-Teatro no dia 6 de Março. quero ir vê-lo.
ResponderEliminarPelo resumo que vem na agenda cultural, fiquei com imensa vontade de o ir ver, agora com o seu post, mais ainda.
Um beijinho
Vai ver, Isabel, e depois diz-me... Por aqui não o estou a ver...
Eliminarbeijinhos
Pelo ao menos enquanto vida tivermos Falcão, a utopia existe...plantemos então.
ResponderEliminarbj cara amiga
zerafim
Querida Zerafim! Viva a Utopia se não não vale a pena viver: vegeta-se apenas...
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