terça-feira, 17 de setembro de 2013

José Régio faria 112 anos hoje... E pensei em Chagall e na Flauta Mágica do Poeta...


Chagall, A Flauta Mágica


Estava hoje a ler um belíssimo artigo de Régio sobre Antero de Quental. Um artigo que saíu n' A Rabeca,  nº1221, em 18 de Abril de 1942, intitulado apenas "Antero".

Nem me lembrava do aniversário do seu nascimento. Dá-me sempre prazer lê-lo, pela clareza e pela evidência do que escreve... 
José Régio em Vila do Conde



Como nesta passagem:

"Em muito sentidos se pode tomar a palavra poeta; o que significa, afinal, que todos esses vários sentidos são incompletos: na sua amplitude, a palavra não tem senão um, que os  abrange a todos. 
É no mais amplo sentido da palavra que Antero foi um grande poeta.

 (...) 

Chagall e as suas recordações: A Aldeia Russa

Versos e prosas não foram para Antero senão um meio de exprimir a quase insuportável riqueza da sua vida interior. Quase insuportável, -porque, as mais das vezes, se torna o peso dessa riqueza um tormento para o homem que as incompreensões e hostilidades do meio ambiente bem assim as fatalidades do temperamento ou circunstâncias biográficas, impedem de realizar entre os homens a missão a que parecera vir destinado." (*)


Sim, Poeta, poeta é o que tem que revelar o que se passa dentro de si, a sua particularidade, o que tem de exprimir a quase insuportável riqueza da sua vida interior, seja em prosa como em verso...


Chagall, Amantes Voando


 O que serviu a Régio para falar de Antero, serve-me para falar dele - que dedicou toda a vida a exprimir os sentimentos, as recordações, o divertimento e a dor: enfim, a sua insuportável riqueza interior.



Chagall, Circus

Relembro o final de um seu soneto sobre o Poeta e a Morte:

Para reaver, porém, todo o Universo,
E amar! E crer! E achar meus mil sentidos!...
Basta-me o gesto de contar um verso.”


Chagall, O Poeta no Campo

José Régio, retratado por Ventura Porfírio

Marc Chagall, retrato em frente do seu quadro A Canção de David


(*) No precioso livrinho “Escritos de Portalegre” (recolha, introdução e notas de António Ventura), Portalegre, 1984

3 comentários:

  1. Maria João,
    Uma evocação muito bonita e feita em parte com o próprio poeta. :))
    Beijinho e agradeço esta partilha. Chagall fica muito bem aqui.

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  2. Qualquer dia vou visitar a Casa-Museu !

    Esta postagem a tal me obriga.

    Um beijo muito grato.

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  3. Gostei imenso deste e do post que vem a seguir.
    Gostei do que escreveu e gostei muito das pinturas escolhidas.

    Também tinha ideia de ir visitar a Casa-Museu durante as férias e acabei não indo, agora não sei quando...tenho muita vontade de a conhecer e de ir a Portalegre onde não vou há muitos anos.

    Um beijinho grande.

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