sábado, 30 de novembro de 2013

Bom weekend! "And.... just Hit the road, Jack! and don't you back no more!" Canta Ray Charles...


a good road...

a good car...



(Hit the road, Jack and don't you come back no more,
no more, no more, no more)
(Hit the road, Jack and don't you come back no more)
What you say?
(Hit the road, Jack and don't you come back no more,
no more, no more, no more)
(Hit the road, Jack and don't you come back no more)
Woah, Woman, oh woman, don't treat me so mean
You're the meanest old woman that I've ever seen
I guess if you said so
I'd have to pack my things and go (That's right)
(Hit the road, Jack and don't you come back no more,
no more, no more, no more)
(Hit the road, Jack and don't you come back no more)
What you say?
(Hit the road, Jack and don't you come back no more,
no more, no more, no more)
(Hit the road, Jack and don't you come back no more)
Now baby, listen, baby, don't ya treat me this-a way
Cause I'll be back on my feet some day
(Don't care if you do 'cause it's understood)
(You ain't got no money you just ain't no good)
Well, I guess if you say so
I'd have to pack my things and go (That's right)
(Hit the road, Jack and don't you come back no more,
no more, no more, no more)
(Hit the road, Jack and don't you come back no more)
[break]
(Hit the road, Jack and don't you come back no more,
no more, no more, no more)
(Hit the road, Jack and don't you come back no more)
What you say?
(Hit the road, Jack and don't you come back no more,
no more, no more, no more)
(Hit the road, Jack and don't you come back no more)
(Don't you come back no more)
(Don't you come back no more)
(Don't you come back no more)
(Don't you come back no more)
Well
(Don't you come back no more)
Uh, what you say?
(Don't you come back no more)
I didn't understand you!
(Don't you come back no more)
You can't mean that!
(Don't you come back no more)
Oh, now baby, please!
(Don't you come back no more)
What you tryin' to do to me?
(Don't you come back no more)
Oh, don't treat me like that!
(Don't you come back no more)
(Don't you come back no more)

I didn't understand you!
(Don't you come back no more)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

JOSÉ RÉGIO E ALBERTO DE SERPA


As palavras de um amigo sincero que acompanham o folheto em modo de introdução.

Tenho de ser a testemunha inconfidente e íntima de um jovem e de um homem – José Régio nunca foi um velho- que acompanhei o melhor que soube e pude nas horas boas e nas más.”


Trata-se de um poema inédito de José Régio, Declaração, publicado, por Alberto de Serpa,  em Setembro de 1970 (*).

Continuando mais adiante a dizer:

Jovem e homem da sua pátria (...) sempre a adiar ir mais além, mas de todo o mundo, pelas curiosidades de um espírito insatisfeito e exigente que chamava e recebia todos os ventos, só a poucos se vergando, intransigente à ideia  de uma pátria reduzida (...)”

DECLARAÇÃO

Teorias são brinquedos
Que, por mim, não tomo a sério.
Tomo a sério os meus enredos.
Crer... só sei crer no Mistério.
De doutrinas não me importo!
Sinto-me bem no mar alto.
Só me recolho ao meu porto.
Convidam-me, e sempre eu falto.
De escolas, não sou aluno.
Se comunico, é em verso.
Sou muito diverso,
E uno.

(*) Alberto de Serpa, "Retrato Imperfeito de José Régio com uma sua poesia inédita",  Setembro 1970, Imprensa Portuguesa, Porto


E a noite caía no meu jardim de África...





O dia amanhecera cheio de sol. 

Mas a noite vinha  à mesma hora, monotonamente, durante o ano inteiro, chovesse ou fizesse sol, fosse a estação das chuvas ou a Gravana...  


E era como se uma cortina se cerrasse de repente e tudo escurecesse à minha volta.

Sempre igual, a noite sucedia ao dia.

Cinco da manhã? De súbito a claridade jorrava nas janelas, com o ruído dos pássaros acordando para a vida!



Cinco da tarde? Era o manto negro e aveludado da noite que me envolvia.

E acentuava-se o perfume enjoativo das flores, o cheiro da terra molhada entranhava-se na noite e a humidade entrava nos ossos.



O dia chegava ao fim e parecia-me nada ter acontecido de especial enquanto passara.  Sentia, porém,  que cada momento desse dia fora único, à força de o inventar, para mim, todos os dias diferente.

Sim, era necessário inventar os dias! Tudo sempre igual. Sim, era preciso querer! Porque era difícil...



No olhar, voluntariamente diferente, com que cada manhã, cada tarde,  me debruçava sobre as pequenas coisas insignificantes da vida, tentava encher os minutos que teimavam em não passar.



Por vezes a chuva caía, violenta, mas depressa o sol brilhava.

Deitada na minha rede, ao fim da tarde, quantas vezes contemplei o intenso colorido da realidade que me rodeava e que, tempos antes, desconhecera: as cores quase agressivas do crepúsculo, o pôr do sol e o céu rubro, as árvores desenhadas a pincel negro.

Via as flores com folhas carnudas, mais resistentes, mais brilhantes, com um cheiro tão diferente,  plantas que não existiam na minha terra...

À tardinha, no ligeiríssimo vento que surgia, lembro-me de passar a mão pelos braços e pela cara, perlados de suor, procurando enxugá-los, para sentir melhor o vento.

E todas as tardes me espantava agradavelmente com aquele momento de frescura que desaparecia, rápido, na noite abafada.

As noites eram iguais às noites já passadas, na ilha:  o céu escuro sarapintado com as mesmas estrelas do dia anterior e que, imóveis, brilhavam altas e indiferentes.

o Cruzeiro do Sul e a Cassiopeia


Pouco antes, no lusco-fusco, ouvira os risos abafados da miudagem e os ralhetes da Milly, a preparar a trouxa para voltarem à casa da Chácara, onde iam dormir.

A Milly e a casa da Chácara

A escuridão trazia um silêncio tão completo que eu quase não respirava. Era bom aquele silêncio! Repousava-me. Queria que não acabasse nunca...
Durava pouco. Logo sentia o ruído do ar condicionado, a arrefecer a casa, quando havia luz.

E, pouco a pouco, chegavam os ruídos da minha rua, que eu já esperava. O barulho dos pratos e panelas, as gargalhadas dos vizinhos, a televisão em altos berros, uma música cantarolada, interrompida por risos...

Sim, poreque - e isso também era para mim uma novidade- havia canções na minha rua, havia gritos, palmas, sinais da alegria de uma gente boa que sabia ser alegre.

Depois, seguia-se o deambular dos cães vadios, que davam a volta ao quarteirão, com ladridos agudos que se aproximavam e se afastavam. O meu cão Zac, que descansava na relva ao meu lado, levantava-se e corria dum lado ao outro do jardim, a ladrar, num nervosismo que todas as noites se repetia.


A noite parecia abafar os ruídos, por momentos, ou talvez fosse eu que me abstraía nos pensamentos.
Era a hora da nostalgia, das saudades da casa, dos filhos, dos amigos, dos dias que me pareciam tão cheios...

Os mosquitos começavam a descer dos coqueiros e das mangueiras, o zumbido suave e irritativo aproximava-se, e vinham, em voo picado, atacar os meus braços nus.

O encanto da noite terminara. Recolhia a casa com o meu cão. O ar condicionado parara. Mais um dia fora embora...


Na penumbra da sala,  era no sofá de flores azuladas de linho inglês que me sentava. De cabeça encostada na mão, perdida nas lembranças outra vez, punha-me a olhar a escuridão lá fora, enquanto o Zac, companheiro fiel,  deitava a cabeça no meu colo.


(Nota: Usei apenas as  fotografias tiradas em São Tomé, penso que poderão ilustrar melhor o que conto.)

Bom dia! Dave Brubeck - Take The 'A' Train - 1966

~
a capa do CD é de Juan Miró

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Histórias de uma cidade: Portalegre e os primeiros transportes...

Saiu há pouco, em Portalegre, um livro que fala de um aspecto da minha cidade: os transportes, a camionagem desde a sua origem nos inícios do século XX.



E fala também da história de uma família  a eles ligada: a família Murta. 


Intitula-se: A Empresa de Viação Murta”, e foi publicado pela Chiado Editora. O autor é Luís Miguel Murta Gomes que é bisneto do fundador da Empresa - o que dá um côté afectivo ao texto, quando se refere à família, mas que se revela cuidadoso e bem informado sobre os factos.

Portalegre-Central da camionagem Murta, 1931


No Prefácio lê-se: “A história de uma cidade é feita pelas gerações que nela vivem e labutaram. Este livro revela-nos uma Família empreendedora que, ao longo de décadas, foi uma referência na vida citadina contribuindo para quebrar o isolamento de Portalegre.”


contra-capa do livro

É de facto o recurso aos transportes de viação, inicialmente  "com a tracção animal, os coches (sentido vulgar de carruagem puxada a cavalos) que foram os primeiros veículos a efectuar transportes de passageiros de mercadorias." 

meninas em frente da camioneta

Seguindo a evolução e o progresso, a empresa vai durar de 1910 a 1970.

Principiou tudo em Alter do Chão, porque Luiz Murta ali vivia. A "aventura" incluía já o serviço de “mala-posta”. 
Alter do Chão, distrito de Portalegre

Em 1915, a família muda-se para Portalegre, “trazendo armas e bagagens e os cavalos e os carros"
a casa da Boavista, hoje

E instalaram-se na Boavista. Construíram uma casa grande para guardar os transportes e onde viviam, no primeiro andar.

A Praça da República, perto da Boavista

Até 1920-1930, os cavalos, as mulas e os burrinhos - e os carros puxados por cavalos-  continuaram a ser o meio de deslocação.

Muito cedo, porém, o proprietário, Luiz Trindade Murta, investiu na compra dos primeiros veículos automóveis. E o progresso chegou. Eram uma série de pequenos autocarros que percorriam a cidade e os arredores.

os logotipos usados

Em 1927, “A Rabeca” publicita já os novos serviços: “Dentro do percurso, o passageiro pode apear-se em qualquer ponto que deseje sem alteração do preço estabelecido. Preço 9$50."


Curioso ler o livro, agora, e pensar que andei por esses lugares, na minha infância, e que andei nessas mesmas camionetas, quando ia estudar para Castelo Branco, onde fui acabar o meu 7º ano.

É sempre bom ler coisas que falam da nossa terra natal!


Lembrando António Gedeão e o seu poema inesquecível! Canta Manuel Freire -"Pedra filosofal"


Van Gogh, "Retrato de Marguerite Gachet, no jardim"

uma orquídea efémera... e a fragilidade do sonho...

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

BOA NOITE! "PARIS MA ROSE", canta SERGE REGGIANI




Le pont Mirabeau

E um pouco do belo poema de Apollinaire, dito por Reggiani, sempre magnífico!

"Passent les jours et passent les semaines
 Ni temps passé
Ni les amours reviennent
Sous le pont Mirabeau coule la Seine.

Vienne la nuit sonne l’heure
les jours s’en vont je demeure."
(Apollinaire) 

Apollinaire visto por Vlaminck (1903)

Marie Laurencin, "Grupo" (no centro do quadro, Apollinaire)



terça-feira, 19 de novembro de 2013

Eric Karpeles e as Pinturas, em Proust (Paintings in Proust).



capa do livro de Eric Karpeles

Descobri por acaso esta indicação, através do jornal El País: um livro do escritor inglês Eric Karpeles sobre as Pinturas em Proust (Paintings in Proust). Saído em 2005, creio.
Jacques-Émile Blanche, "Retrato de Marcel Proust" (1892)

Pormenor de um quadro de Vermeer

Segundo refere uma nota do New York Observer pode apreciar-se o livro sem conhecer a obra de Proust. No entanto, “tal como em tantas coisas na vida, quanto mais se souber, mais nos divertimos”.

Não creio que seja apenas uma questão de “divertimento”. Para mim o importante é descobrir o modo como “foram vistas por outros” as eternas personagens de Proust que encontramos iguais (ou melhores?) quando o lemos.  


Pierre-Auguste Renoir, "O Camarote"


Acontece-me ler, apenas, poucas páginas. E volta o encanto do livro e das personagens mesmas. Voltam os cheiros e as imagens e as flores e as pessoas no seu movimento.

Vuillard, Interior

Ilustração de "À La recherche du temps perdu" não identificada

Jacques-Émile Blanche, Os Ballets Russos: "L'oiseau de feu"


Mais de 200 lindas reproduções de pinturas, desenhos, gravuras e acompanhados por textos (nesta edição inglesa, a tradução é de Moncrieff/Kilmartin/enright)  que vai fazer parte do universo infindável dos “'proustianos'”.


Vermeer, Vue de Delft, um quadro que Proust amava

Vermeer, "A carta"

Este é um grupo muito especial e heteróclito, completamente à parte, onde tanto pode haver um chauffeur de táxi “adicto”(dependente/viciado) ao escritor, tal como um universitário, ou uma jovem de 24 anos...


Pierre-Auguste Renoir, "La première sortie"


Pierre-Auguste Renoir, "Au bord de la mer" (1878)

Conheço uma jovem que o descobriu, há pouco mais de uma ano, e a quem vou oferecendo volume após volume de "La Recherche” (na excelente tradução de Pedro Tamen).

François Hélleu, "Jeune Femme"

Jacques-Émile Blanche, "Le Concert" (1910)

"Eric Karpeles identificou os lugares e localizou todas as pinturas às quais o romance se refere. Onde surge apenas o nome de um pintor, ele acrescenta uma obra que possa ilustrar a impressão que Proust quis evocar.”

Jacques-Émile Blanche, "A Leitura" (1890)

Pensei que, no centenário da publicação do 1º volume de A la Recherche du Temps Terdu, resolvesse alguma curiosidade este artigo...


Pierre-Auguste Renoir, "Mme Monet com o filho" (1872)

Escolhi estas imagens dos pintores que eram alguns dos preferidos de Proust e, quanto a mim, ilustram bem a atmosfera proustiana...


Jacques-Émile Blanche, "Menina com um carrinho de linhas" (1892)


Nota: 

"Eric Karpeles é um pintor que estudou na Universidade de Oxford e na New School de Nova Iorque. Nos anos 70 viveu em França, onde encontrou amigos, pintores como ele, em "La Cité des Arts", em Paris, ou na "Fundação Camarga", em Cassis. Escreveu ensaios sobre pintura, poesia e estética." 

Links:



Sobre o pintor Jacques-Émile Blanche: