terça-feira, 12 de maio de 2015

Ouvir Chet Baker que morreu há 27 anos.E ouvir "Almost blue"...

Chesney Henry “Chet” Baker Jr. é um músico de jazz, americano. Nasceu em 23 de Dezembro de 1929 e morreu num dia 13 de Maio, em 1988: faz amanhã 27 anos. 
Era novo ainda, tinha 58 anos, no entanto estava gasto e amargurado pela vida. Era um ser vulnerável e frágil, como certos artistas.
O pai de Chet era guitarrista profissional e a mãe (com origens norueguesas) era uma pianista de talento. Chet começou a cantar no coro da Igreja, como tantos outros músicos de jazz. Mais tarde, começou a tocar trombone, influenciado pelo pai, e depois trompete- porque o trombone era demasiado grande.
Espírito instável, a sua vida é um entrar e sair de vários "estádios" e ambientes.
Estuda uns anos na Glendale Junior High School mas aos 16 anos deixa a escola e alista-se no Exército, em 1946. Colocado em Berlim, entra para a Orquestra do Exército (a 298th Army Band)
Por curiosidade, recordo que John Coltrane fez mais ou menos o mesmo “percurso” – só que se alista na Marinha.
Chet Baker deixa o exército em 1948 e vai estudar Teoria e Harmonia no El Camino College de Los Angeles. Volta a deixar a escola e a alistar-se no Exército em 1950 onde entra noutra Banda do exército.
Trompetista de jazz de génio – e tocador de flugel horn (espécie de trompete com uma abertura) é considerado ainda hoje um dos melhores. 
o flugel horn 
Outra das suas qualidades é a voz maravilhosa, diferente. Vários álbuns, especialmente dos anos 50, chamaram a atenção da crítica para este vocalista: "Chet Baker Sings" ou "It Could Happen to You”. 
Depressa, porém, começa a tocar nos jazz clubs de San Francisco. E volta a deixar o exército para prosseguir a carreira de músico profissional.
Um historiador do jazz, David Gelly, considerou-o "um misto de Frank Sinatra, James Dean e Bix" (1). Bix muito anterior e pouco conhecido do público de hoje - era Leon Bix Beiderbecke (1903-1931).

O jazz de Chet é um jazz cool, menos barulhento, mais próximo do West Coast Jazz (2).
A sua carreira é marcada pelo encontro com o grande Charlie Parker (Bird) com quem toca em 1952. 

Toca também com o saxofonista  Gerry Mulligan e o seu Quarteto. Ou com Miles Davis.

Chet Baker, Miles Davis e Eric Rolfson

Em 1953, a revista "Metronome" considera-o "Top Trumpet".
Em 1954, grava um dos álbuns mais famosos "Let’s get lost" e realiza vátias tournées pela Europa.

Chet Baker e Art Pepper

Nos anos 60, os problemas com a heroína e os tratamentos com metadona desequilibram-no e “marcam-lhe” o destino. Foi preso várias vezes e, em 1966, foi espancado  por “dealers” a quem não teria pago a droga. E partiram-lhe os dentes. Esteve vários anos sem tocar.
Chet Baker, 1983
Os seus problemas com as drogas deram-lhe notoriedade. Passava o tempo a entrar e a sair da cadeia e falava-se dele. Até que, nos anos 70/80, o sucesso volta, e a carreira ressurge.
Para isso é o músico Dizzy Gillespie quem, nos anos 70, o ajuda, organizando um concerto no New York City Half Note Club. São dois trompetistas fantásticos e o sucesso estava garantido.
a trompete de Dizzy Gillespie


Toca com Stan Getz -como tocara com tantos outros. Viaja, tem sucesso.
Chet Baker e Stan Getz, 1983

Em 1988, depois de um concerto em Hannover, morre de modo misterioso –suicídio, acidente? É encontrado morto em frente do hotel , em Amesterdão, e a janela do seu quarto no 2º andar estava aberta.
Mais tarde, em 1997, sai a biografia incompleta “Como Se Tivesse Asas” (As Though I Had Wings) e a biografia de James Gavin Deep in a Dream: The Long Night of Chet Baker, de 2002, que trouxeram novas luzes sobre o grande músico.
o vulnerável Chet Baker

A canção que escolhi Almost Blue (Quase Azul) creio que está dentro do que ele desejou: asas, céu azul, absoluto inalcançável. 
Quase...
Como não pensar em Mário Sá-Carneiro?


"Um pouco mais de sol –eu era brasa,
Um pouco mais de azul –eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe d’asa…
Se ao menos eu permanecesse aquém."



(1)  Bix era pianista cornetista e compositor de jazz. 
Outros "videos" de Chet Baker:




4 comentários:

  1. Gosto de o ouvir.
    É pena que tantos grandes talentos, mesmo actualmente, morram jovens entregues às drogas e ao álcool. O que lhes pesa tanto, na vida, se aparentemente têm tudo para lhes ser leve?...

    Um beijinho:)

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  2. São vidas difíceis, que nós nem imaginamos. E ele era um génio, o que torna tudo mais difícil ainda...

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  3. FANTÁSTICO! Magnífico músico; Magnificas músicas.

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  4. ~ ~ ~
    ~~ Excelente, em nota máxima, não apenas como músico, mas também
    pela extraordinária sensibilidade das suas interpretações.
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
    ~~~~~ Beijinho. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
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