domingo, 7 de junho de 2015

Uma visita mais interesseira da mãe pomba...


Esta manhã vim espreitar os pombos. O que eles cresceram nos últimos dias é espantoso! Pensei logo que tinha que mostrar aos leitores do meu blogue o seguimento desta aventura!

Quando bebés, os pombos estavam de dia e de noite cobertos pela mãe – e pelo pai- que se alternavam para lhes dar calor. Eram umas bolinhas amarelas de penugem que tanto podiam ser um pintainho como outro passarinho pequeno. 

Começaram a ser alimentados - e era um encanto ver a pomba e os dois pombinhos quase dependurados do bico dela a comer a comida que, suponho, ela tinha semi-digerido.

Já me esqueci como as outras aves dão de comer aos filhos, só tenho a imagem de certos pássaros a darem uns bichinhos a comer aos filhos e estes com grandes bicos abertos. Aqui, eles têm o bico fechado mas, naquela agitação toda, comem do bico da mãe, não param de dar às asas e põem-se a descansar. E a mãe – ou o pai, depende do momento e da hora – vão-se embora.

De repente, cresceram os meninos. E mudaram a penugem amarelinha para umas penas cinzentas que vão crescendo de dia para dia.
Um deles é maior, e já abre as grandes asas a mostrar-se maior do que é. O outro – ou será que devo dizer a “outra”? - é mais franzino e tem menos vivacidade, é mais calmo e pachorrento. Mas a verdade é que eles têm uma diferença de uns dois ou três dias e, nestas coisas dos pombos, já percebi que três dias é muito tempo.

Têm resistido ao calor, à frescura e ao vento da noite, encostadinhos um ao outro. Suponho (não tenho visto, confesso) que à noite os pais –um deles- vêm para os agasalhar porque as noites ainda estão frias.
De manhã, porém, começaram a deixá-los cada vez mais cedo e eles passam grandes bocados do dia sozinhos. Creio que brincam, coçam-se com o bico, brincam com os bicos como se estivessem zangados. Depois adormecem de cabeça encostada.



Hoje, reparei que a pomba veio duas ou três vezes espreitar-me quando fui à varanda. E antes de vir para dentro, vi os pratos vazios onde às vezes lhes ponho cevadinha e outras coisas que descubro por casa. Pensei que ela tinha fome. 

Provavelmente com os filhos a crescerem a esta velocidade não lhe chega a comida que encontra lá por fora.

Conclusão, fui encher os pratinhos com comida. 
Ela que girava perto, no parapeito da outra varanda, veio logo. Movendo-se devagarinho, andou a ver tudo, depois comeu tudo e bebeu a água. Subiu ao parapeito, deu outras voltas. 
Como tenho andado desconfiada de que dá menos atenção aos filhos, julguei que se ia embora. Mas, não. Saltou para o vaso dos ibiscos, coitadinhos quase todos secos, e lá começou a cena de dar o almoço, com muitos ruídos de alegria e asas por todos os lados!

Não é abandono quando não vem tratar deles. De resto, está sempre por perto a vigiar. A verdade é que a mãe-pomba lhes tem-lhes  ido dando gradualmente independência!
E pensei: "com os pombos e com a mãe-natureza muito se aprende".
Ela deve deixá-los mais livres, pouco a pouco. Os filhinhos estão adolescentes, têm que mexer as asas para se desenvolverem e se ela os apertar e mimar demasiado eles nunca terão asas boas para voar. Eles estão a ficar crescidos. 

A mãe não os deve prender, deve ajudá-los a deixar o ninho e a voar sozinhos! 
O meu problema agora é se ela volta e vem pôr mais ovinhos na varanda! 
De tarde, andou a espreitar por detrás dos vasos, subiu e desceu do poial, e tinha ar de andar à procura de um poiso. 
Bem, mas desta vez acho que vou pôr um letreiro lá fora a dizer que está a "lotação esgotada" na varanda! A verdade é que já tenho bastantes preocupações com o Ratinho Poeta e com o Ouricinho. Para não falar da Gatinha japonesa ...e de todos os outros!



6 comentários:

  1. Adoro a sua forma de contar estas histórias!
    Os pombinhos cresceram imenso. Um dia destes começam a aventurar-se fora do ninho. É o que eu digo: ainda vai sentir saudades deles:)

    Pois é, já tem os outros amiguinhos com que se preocupar...e a acrescentar a isso, a ciumeira deles...mas pronto, eles vão acabar por entender que cada um tem o seu lugar e o seu espaço!

    Ai estas histórias que me encantam!

    Vá contando mais por favor...

    Um beijinho grande e uma boa semana:)

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  2. No ninho das andorinhas

    este ano já são duas gerações

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  3. Simplesmente uma delícia!
    Como estão crescidos os pombinhos... Um dia destes lá se aventuram em dar às asas... A Maria João vai ficar triste em vê-los partir... mas por um lado é bom, é sinal que cresceram e ganharam a sua independência.
    A mãe pomba é que parece que gostou da estadia... Adorei a "lotação esgotada"... Talvez a pomba não saiba ler...:))

    Um beijinho.:))

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  4. Sem ternura, o que seria do mundo!!

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  5. ~~~
    ~ ~ Uma narrativa encantadora, MJ...~ ~

    ~ Vão ficar tão elegantes como a mãe...~

    ~~~~ Beijinho.~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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  6. Venho dar-lhe um beijinho e desejar um bom feriado:)

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