Recebi um livro muito interessante. Gosto muito de ter prendas como qualquer pessoa de bom gosto -e mimosa.
Quando era miúda lembro-me de ir chorar para um cantinho quando as minhas irmãs faziam anos - e eu não recebia nada. Até que um dia a minha mãe viu e a partir daí tive sempre uma prenda no dia dos anos delas, uma em Março e outra em Junho e eu em Outubro!
Assim juntei uma colecção de lencinhos de assoar que descobri há dias numa caixa escondida no alto de um armário. Muitos datavam da minha infância.
A Gui que me conhece bem e sabe que temos gostos parecidos nas leituras mandou-me o livro da Shulamit Lapid, um livro policial chamado “Mecomon” ou, melhor, em português: “Da nossa correspondente da Gazeta do Sul"
Escritora israelita Shulamit Lapid nasceu em 1934 nos arredores de Telavive durante a era do Mandato Britânico.
O pai que viera da Transilvânia para Israel e era um tradutor e jornalista conhecido, um dos fundadores do jornal Maariv, jornal da tarde ainda hoje publicado em Israel.
Licenciada na Universidade de Jerusalém em Estudos do Médio Oriente e em Literatura Inglesa, é uma personalidade conhecida dos meios literários e jornalísticos e activista feminista.
Casou com Yosef “Tommy” Lapid (1931-2008), apresentador televisivo, jornalista e político ligado ao Partido Shinui (‘Partido da Mudança’ de tendência liberal) foi Ministro da Justiça.
Lapid é um judeu originário da Hungria cuja família foi enviada para o Ghetto de Budapest e dali deportada para um campo de concentração. Apenas ele e a mãe sobreviveram – salvos por Raoul Wallenberg (1) – e foram viver para Israel em 1948.
No livro Gai Oni (“Valley of Strenght” ou “O vale da força”), um dos seus primeiros livros, Shulamit conta a história dos primeiros imigrantes vindos da Europa Central, no século XIX, para Israel.
Em 2010, o realizador Dan Wolman faz um filme baseado no livro Gai Oni que no fundo refere a criação do Kibbutz de Rosh Pina.
Num outro livro, intitulado “Havat Haalamot” (“A quinta das donzelas”), Shulamit vai descrever a realização do projecto especialmente dedicado às mulheres.
Um lugar onde aprendem a ser iguais aos homens a trabalhar a terra, tarefa essencial para o desenvolvimento da agricultura e manutenção da sobrevivência nas unidades de produção agrícola, o Kibbutz.
Continua a escrever e -entre outros assuntos- muitos livros para crianças e jovens.
E um dia decide dedicar-se à literatura policial e de espionagem, criando uma personagem feminina Lizzy Badihi.
Shulamit é apreciada e ganhou o Prémio Stimatzky, nome da mais famosa cadeia de livrarias de Israel.
Esta personagem vai entrar em todos os seis romances “thriller”. Não posso dizer que seja uma heroína como geralmente se imagina – elegante, viva, figura agradável.
Lizzy é apenas uma criatura normal, de cerca trinta anos de idade, não muito alta, nada bonita e com uns pés enormes “que faziam lembrar as barbatanas de uma foca” – cruel descrição da autora – e quando saía à noite usava um bâton bem vermelho e “uns brincos de plástico muito grandes pendurados das orelhas”.
O que estou a ler, na tradução italiana, é o primeiro de uma série de seis e saiu em 1989. A heroína, Lizzy Badihi, é jornalista num jornal de Beersheva, o “Hazman Darom” (O tempo do Sul, ou a Gazeta do Sul).
Beersheva é a cidade mais importante da parte Sul de Israel, perto do deserto do Neguev, a Princesa do Neguev.
Ao contrário do que os outros pensavam, Lizzy insiste teimosamente em resolver mistérios que ninguém queria que resolvesse. Arrastando os sapatos grandes, segue em frente.
Quando estava em Telavive, onde vivemos cinco anos, lembro-me de que ouvia falar de Yosef Lapid na televisão ou nos jornais - e o mais curioso é não sabia que moravam na rua em que nós morávamos, a saudosa Rehov Lassale.
legenda: Susanne Heffez, eu, o meu Zac, a Pizzy e o Gelsomino
Talvez até em conversas com a inesquecível amiga, Susanne Heffez que, adolescente, estivera com a família num campo de trabalho e, depois, no campo de concentração de Auschwitz. Tive a sorte de a conhecer - era uma mulher admirável, culta e corajosa - nunca a esquecerei agora que já não existe.
Nós, perto do Hayarkon e da Promenade que segue ao longo da praia até Jaffa, e eles perto da esquina da Lassalle com a Ben Yehuda.
Para já estou a gostar!
Em tempos de “coronavirus” nada melhor do que ter um bom policial ao lado. Faz esquecer muita coisa desagradável. Depois digo como é o livro.
***
(1(1) Raoul Wallenberg foi um arquitecto e diplomata sueco que, em Budapeste, durante a Guerra salvou dezenas de milhares de judeus húngaros, na Budapeste ocupada pelos Nazis.
https://pt.qwe.wiki/wiki/Shulamit_Lapid
Então, boa leitura!
ResponderEliminarBeijinhos e bom domingo:))
Lembrei-me que quando era criança, parecia-me que não havia muito tempo para mim porque fazia anos no Inverno, mas comigo foi a minha avó que reparou e me deu uma Cindy porque as minhas duas irmãs tinham recebido uma pelos seus aniversários em Maio e em Julho
ResponderEliminarum beijinho e uma boa semana