quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

EM DEFESA DAS LIVRARIAS! A LIVRARIA GALILEU DE CASCAIS

Venho, pois, falar de livros, de escritores e de leitores. Hoje venho em defesa das livrarias. Das livrarias e do difícil papel do "livreiro", da dificuldade que é para uma livraria manter o “nível” alto ou, nalguns casos, apenas sobreviver.

Manter o nível no fundo é isto: não terem de se "rebaixar" a seguir as modas literários,  “livros do dia”, os best-sellers daqui e dali. Há literatura tantas-vezes-lixo, tão vendida pela alta publicidade, tão ao sabor dos dos-livros-que-se-vendem.

"montra" com Paula Rego

Quero hoje bater-me pelas pessoas extraordinárias que vendem os livro. E conheço muitas! Em Lisboa, no Porto, em Portalegre, em Cascais! As que amam os livros, que sabem tudo deles, que sabem o lugar exacto onde eles estão, que não precisam de ir ao computador e que não confundem os escritores uns com outros, que sabem de que século é o autor.

Essas pessoas estão em riscos de acabar ou de terem de procurar outro emprego. Ou de se reformarem.

Porque os tempos estão difíceis, crises varias (já nem falo do Covid-19) e devem fazer-se escolhas porque há  contas no fim do mês. Mas se amar a leitura há sempre um modo de poder ler, há muitas livrarias com preços convenientes. E que apresentam os livros com os escritores.

O vício de ler adquire-se cedo mas a verdade é que conheço muito boa gente que começou tarde e leu tudo e mais alguma coisa. Seja como for, é um vício bom. Mas há diversões mais fáceis: a televisão, os jogos virtuais, os Big Brothers que arrastam para outros assuntos vazios.

Falo hoje da Livraria Galileu de Cascais que conheço bem. Vi uma série de fotografias no Facebook com muitos jovens alunos a espreitarem os livros e a dona da livraria, Caroline Tyssen, desabafava, feliz:

Jovens na Galileu. LUZ! Um deles ficou muito admirado de ver um livro por abrir – nunca tinha visto).

E penso quanto seria útil o “passeio” (mensal, semanal anual!) do professor com os seus alunos -de todas as idades e níveis- que os levasse a uma livraria. 

 

Onde encontrariam tudo, onde podiam manusear os livros, pôr-lhes as mãos em cima, criarem uma relação de simpatia. Saber que se pode ter um livro com imagens de ballet, de pintura, livros valiosos que são primeiras edições de há quase cem anos.

Mostrar que o livro tem uma existência, o papel nem sempre é igual, um mais fino, outro mais rugoso e escurecido pelo tempo, uns estão fechados mas hoje a maioria está aberta.

A culpa não é com certeza dos professores que aceitariam fazê-lo mas sim de uma certa forma de burocracia a que os professores são “obrigados” – relatórios, estatísticas, actas, papeladas - em detrimento do tempo a dedicar a actividades culturais.

Quero deixar a frase que Caroline Tyssen escreveu no início de Fevereiro, em modo de poema:

 

 “Acabou Janeiro.
Toca a arregaçar as mangas para Fevereiro.
Cascais é um deserto.
O comércio está todo parado.
Restaurantes fechados.
Estou sem imaginação.”

Mas a imaginação está lá. Basta ir ver algumas das fotografias que “roubei” da sua página Facebook.

Ler abre os espíritos, torna-os maleáveis e aptos a receber conhecimentos.  E  destrói a ignorância, a intolerância e outros males. Os jovens têm que "apanhar" o vício de ler.

Leiam! Leiam! Leiam!

3 comentários:

  1. Maravilha de post! Concordo com tudo o que diz! E matei saudades dessa livraria de que gosto tanto.

    Beijinhos e venham mais posts desses! Em defesa dos livros e das boas livrarias! Sempre!!

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  2. Acho que a televisão é muito educativa. Todas as vezes que alguém liga o aparelho, vou para a outra sala e leio um livro.

    Groucho Marx

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  3. Nasci no meio dos livros, andei sempre com eles no bolso ou na mala, conheço a livraria de que fala, entramos sempre nela quando vamos a Cascais e se tiver fechada ficamos a admirar as suas montras. Nos últimos tempos à noite damos connosco, muitas vezes, sentados no sofá a ler e de televisão apagada Como refere a Isabel, este post é maravilhoso.
    Muito boa tarde!
    Rui

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