Leonard Cohen o insatisfeito - o caminhante da vida, o viajante à procura de um sentido para caminhar - o homem que espera um chamamento de algures. (1) Que espera um absoluto terreno. Antes do outro "absoluto" - incerto esse – que pode nunca chegar.
Era um caminhante da vida, um caminhante das várias estradas da vida. Sabia que é na vida que tudo se joga. Leonard Cohen era um judeu e um homem religioso à procura de uma resposta - mas um lutador que nunca desistiu de nada.
Um caminhante que amou, amou, amou... Com raiva e ódio também. As canções de amor e de revolta mostram muito mais do que julgamos saber. Recordo a canção que sempre me atraiu: “First we take Manhattan”.
“They sentenced
me to 20 years of boredom
For trying to change the system from within
I'm coming now, I'm coming to reward them
First we take Manhattan, then we take Berlin..."
Judeu como se sentia e era -"this birthmark on my skin"- durante a Guerra do Yom Kipur em 1973 vai para Israel fazer uma série de espectáculos grátis para os soldados israelitas - o álbum "Who by fire" é dessa altura.
Em 1973, durante a Guerra do Yom Kipur, fez uma série de espectáculos grátis para os soldados israelitas. O álbum "Who by fire" é dessa altura e alguns cantores israelitas estavam presentes - como Matti Caspi ainda hoje conhecido em Israel.
Continua a vida na abertura a tudo, escreve canções atrás de canções numa insatisfação contínua.
Vive, ama, é amado e escreve poesias. Canções de amor e de revolta
mostram muito mais do que julgamos saber. Canções de protesto, de desilusão, de desânimo.
o pequeno Budha (foto de Marisa Volonterio)
Mais tarde, Leonard procura o Zen. Aproxima-se da espiritualidade do Budismo -o que o leva a retirar-se num ambiente "Zen", com o Mestre para quem cozinhava e onde, “imprescindível, havia uma máquina de café expresso”, como contava. E Leonard Cohen chega a ser monge budista.
Em 1994 Cohen retirara-se par um mosteiro budista, perto de Los Angeles. Fecha-se, ouve o seu Mestre e, no isolamento e no silêncio, talvez tenha encontrado uma forma de paz - ou de aceitação.
Terá sido ordenado monge em 1995 com o nome de Dharma (o silencioso) nome talvez escolhido – quem sabe?- a pensar no silêncio de Deus.
Na constante interrogação e interpelação de um 'deus silencioso' com quem fala directamente -no modo judaico de orar- procura, intensa e continuamente, uma resposta. O que faz quer na poesia quer na música que cria.
Por vezes a sua interrogação a um deus que se dizia humano é apenas um monólogo, torturado e sofredor. Monólogo destinado ao Deus bíblico a quem cantava os seus salmos de amor e de dúvida, tal como o Rei David. Sem esquecer, porém, os seus demónios.
E as perguntas difíceis: Por quê viver, sofrer, morrer? Por quê ódio, medo, amor, morte? Qual o sentido do absurdo de viver para se morrer? Essas perguntas era ao Deus bíblico que as fazia.
As canções - que quereriam ser um diálogo - não têm resposta e as suas "conversas" são um "monólogo".
(1) Leonard Cohen nasceu no Canadá em 1934 em Westmount, cidade na província do Québec da ilha de Montreal e morreu nos Estados Unidos, em 2015, na sua casa de Los Angeles. Além de grande compositor de músicas e canções, publicou romances e alguns livros de Poesia. Leonard Cohen já não vai poder ganhar o Prémio Nobel de Poesia. E lamento-o, confesso. Este poeta 'troubadour' - eu preferia-o a Bob Dylan.
Também prefiro o Leonard Cohen ao Bob Dylan (de quem também gosto).
ResponderEliminarTenho pena de ter perdido uma oportunidade única de o ter ouvido ao vivo, mas na altura não imaginei que fosse o seu último concerto em Portugal. Fico com os discos.
Beijinhos e Continuação de boa semana:))
Tens razão, foi uma pena não o teres visto e ouvido cantar. Eu também nunca o vi e ouço só em discos ou no yuotube. Beijinhos
Eliminar" ....Nunca lamentar-nos gratuitamente. E se queremos expressar a grande e enevitável derrota que nos espera a todos, temos que fazê-lo dentro dos limites estrictos da dignidade e da beleza". Leonard Cohen, Discurso da entrega do Premio Príncipe de Asturias, 2011.
ResponderEliminarFoi sem dúvida um grande, como músico e como homem.
Era de facto além de um poeta e grande cantor um Homem sério e esta frase que tu citas e que eu não conhecia prova-o. Ainda bem que também gostas dele!
ResponderEliminarComecei a escutar as suas músicas porque uma das minhas irmãs era fã e também me tornei fã
ResponderEliminarum beijinho e uma boa seman