domingo, 5 de maio de 2013

Lembrando a minha mãe...




Quando eu nasci, os meus pais viviam em Alegrete, uma vila no sopé da Serra de S. Mamede.
anos mais tarde, em Sesimbra

Onde o meu pai era médico.

A minha mãe veio para a cidade quando eu estava para nascer e, assim, nasci na casa dos meus avós, a que mais tarde seria a casa amarela da minha infância.
o meu pai, estudante de Medicina


Há muitas histórias da passagem deles por Alegrete, histórias que me foram contadas por várias pessoas. 

Muitas ouvi-as da minha mãe.

Pouco tempo lá  vivi e não tenho recordações - talvez o perfume das flores e a imagem de uma varanda com paredes brancas cobertas de trepadeiras com flores coloridas, talvez malvas, rosas, muita folhagem e muito sol, onde o meu pai se sentava ao nosso lado enquanto a minha mãe tirava a fotografia. 
a minha irmã à esquerda, de chapéu, eu ao colo do meu pai

É pela fotografia que o imagino?... Ou foi o que a minha mãe me contou que eu lembro agora?

A minha mãe chegou à vila, acabada de casar. Contava-nos que trouxe, no seu enxoval, camisas de dormir de seda, com grandes decotes nas costas, que copiara dos vestidos dos filmes da época.



Contava-nos como tinha frio de noite, quando vieram as duras noites de Inverno. Até que um dia decidiu pedir à minha avó que lhe mandasse camisas de flanela quentinhas.

Muitas dessas camisas às florinhas serviram depois para fazer vestidos às meninas da sua rua, quando iam à festa.

Havia pobreza naquela terra. O meu pai não podia pedir dinheiro a quem o não tinha e ia recebendo uma galinha, uns ovos, umas alfaces, uns bolinhos “para as meninas e para a senhora”, mas isso não chegava para nos fazer viver sem a ajuda dos avós.

 Ou tudo isto foi apenas o que a minha mãe me contou?



O meu pai teve de partir um dia, triste e desiludido, porque o dinheiro não chegava e não podia manter a família - se continuasse em Alegrete. 
Hoje lembrei-me da minha mãe...


7 comentários:

  1. Lindo!
    São as memórias que mantêm junto de nós os que partiram.
    Porque continuam sempre connosco.

    Um beijinho grande

    (Cá estou eu! :) ... )

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  2. Por tudo o que já contaste dela, gosto da tua mãe como se a tivesse conhecido, ou ainda melhor, sonho-a à minha medida... Beijinho

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  3. Lembro-me muitas vezes da Dona Zélia, dos saltos altos no quintal, da ternura risonha. Saudades...

    Beijos
    Luísa

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  4. Maria João, por muitos anos que passem, o passado estará sempre bem presente! As recordações são uma parte importante da vida.

    São elas, contadas ou vividas, que nos ajudam a compreender muitas coisas... a aceitar, a crescer!

    Um beijinho grande.:))

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  5. Maria João,
    Uma história bonita, o melhor presente para uma mãe mesmo que ausente.
    Gostei muito.
    Alegrete, a terra do vinho, não é?
    S. Mamede é uma serra muito bonita. tenho que a revisitar e ir a Alegrete. A sua mãe devia ser uma jóia. Julgo que já disse mas não me recordo, a sua mãe também era alentejana?
    Beijinho. :))

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  6. Recordações da nossa infância que ficam sempre presentes.
    A tua mãe devia ser uma mulher muito linda, pois as filhas são lindíssimas. O pai também era que eu vejo eu todos os dias numa foto no meu serviço, eheh.
    Beijinhos meu Belo Falcão Lunar
    Carlota Pires Dacosta

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  7. Era muito bonita. As filhas não sei. O tempo passou tanto e tão depressa: que reste-t-il de lajeunesse & etc e tal...n'est-ce pas?
    beijinhos querida Charlotte!

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