sexta-feira, 23 de maio de 2014

No domingo vamos TODOS votar!




“Oh! O políticos são todos iguais”, ouve-se frequentemente nos tempos que correr.

Isso é um alibi que arranjamos para não nos “comprometermos” com o que aí vier: “Eu cá não tenho nada com isso, eu nem votei neles.”


Seria um erro, um grande erro porque quem não vota, não está “vivo” politicamente! 

Não intervindo na “polis”, não participando nas decisões, não existe, logo, não vive:  está fora da “cidade”. Porque a "cidade" é de nós todos e todos somos "políticos". 

E temos o direito ( e a possibilidade, desde o 25 de Abril 1974) de o fazer! 

Não, os políticos não são todos iguais…

Há tempos li um artigo no jornal catalão, Público (20 de Abril de 2104). O artigo era de Juan Carlos Monedero e intitulava-se: “O que é ser de esquerda”?

Monedero interroga-se e responde às próprias perguntas, as vezes com outras perguntas...

“É de esquerda alguém que impede as gerações futuras de desfrutar de um meio ambiente mais saudável? É de esquerda quem luta contra a exploração laboral, mas debaixo da mesa usa serviços de prostituição e despreza os imigrantes?"


Não. Então o que é ser de esquerda?

“É mais fácil ser de esquerda um 'programa político' do que um 'partido'. A realidade é sempre mestiçada e estamos todos cheios de contradições. E ter qualidades morais superiores tanto podem pertencera uma pessoa que esteja abaixo, como em cima: Não basta ser-se subalterno, para se ser de esquerda e ter qualidades morais superiores aos que estão acima dele… 
É tudo mais complicado. As qualidades morais superiores pertencem aos que se preocupam com o respeito e a justiça para todos e não apenas para si próprios".

Então “ser de esquerda" exige não se ser egoísta? Talvez sim. E o articulista continua : 

É ter simpatia, compaixão -mesmo com seres de outras espécies.
É fazer  dialogar constantemente a felicidade pessoal com a felicidade do grupo. É ter coragem para afastar os abusadores."


Um Chagall azul, de esperança!

E nós temos abusadores a afastar!

"É buscar um equilíbrio – que nunca será fixo, claro- entre a liberdade individual e o colectivo. É deixar que cada pessoa seja livre de tomar as próprias decisões, ensinar a cada um que deve ser consequente com os seus actos e exigir responsabilidades pelos mesmos. E é, finalmente, converter todas estas intenções em realidades sociais”.



Eu sou de esquerda! Acredito que deve existir uma igualdade de oportunidades à partida. Acredito que ao fundo deste "buraco" vai surgir uma luz. O socialismo é isso e eu acredito nos valores que ele defende. E sei que há partidos que têm um programa que  defende aquilo mesmo em que eu acredito. 

E há outros partidos que se preocupam com aspectos que não me interessam: os do "lucro", do "produto", da "finança" em que as pessoas são "coisas", meros peões com quem se joga, e se não respeitam para "ganhar mais". Eles, claro. Os amigos e eles.
A expensas dos outros: de um desemprego brutal, e da fuga, às centenas, da nossa "intelligenzia" jovem.


Acredito na liberdade, sim, mas na qual haja justiça para todos : um equilíbrio entre as habilitações e as qualidades das pessoas para os lugares que vão preencher. As quais devem ter as competência requeridas e "a quem se deve ensinar que devem ser consequentes com os seus actos" e, depois, "exigir as responsabilidades pelos mesmos."
o líder da extrema-direita holandesa, Geert Wilders

Não podemos esquecer que há uma subida demasiadamente forte dos partidos de extrema-direita na Europa. Não podemos ficar indiferentes! Há nacionalismos insuportáveis! Fascismos de novo. Assassinos. 


o fascio

classismos, racismos, egoísmos, que se “escudam” nessa ideia de defender o país, o “nacional”, criando inimigos em tudo o que vem de fora. O país é de todos os cidadãos, não é só deles!

Há falsidade nessa gente. Há perigo! Sim, penso que a Europa corre o perigo de se ver envolvida nessa teia funesta da qual nunca mais se libertará, dos fascismos vários que pareciam ter “morrido” mas que renascem como a fénix, das cinzas. 


hoje, a extrema-direita, na Ucrânia (2)

Cheios de vitalidade, de ódio e de raiva, estendendo os tentáculos à procura da ignorância e do mal-estar e da deficiente consciência política dos "descontentes"!


Não, os políticos não são todos iguais: e nós sabemos que não são! 

No domingo...vamos votar na esperança? "Oh", dirão alguns desistentes: "O quê? Mais Utopia?" 

Sim, claro! Ou, pelo menos, votar para correr com quem tanto mal nos fez: este governo de caricatos e de incompetentes! Tubarões de terra que nada contenta...



Escolher não é simples. Mas é possível, acho eu. Têm um dia inteiro para pensar...


No  domingo, quando formos votar (sim porque vamos votar todos!), pensemos nos “programas” que são de esquerda, que defendam os nossos direitos de sermos livres e iguais, que tenham preocupações de defender os valores sagrados do trabalho, da educação, da saúde. E, finalmente, "converter todas estas intenções em realidades sociais”.

(1) Juan Carlos Monedero:  Ensaísta e professor de Ciência Política e Administracion, na Universidade Complutense de Madrid.



6 comentários:

  1. Desta vez também estou sem nenhuma vontade de ir votar. Eu sei que tem razão. Devemos exercer esse direito fundamental, que nos permite escolher o que queremos, mas estou tão desiludida, que se calhar desta vez não vou mesmo.

    Um beijinho grande :)

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    1. Isabel! Venho solenemente dizer-te que tens de ir votar! No que tu quiseres, com alguma esperança sempre! Não podes sair pela janela... No domingo, pensa no que te digo... Um beijinho e tens ainda um dia para pensar... Eu vou! Mais o Manuel e a Gui. O Diogo está lá fora, não pode votar...

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    2. E fui!
      Maior que a desilusão foi o sentido do cumprimento de um dever/de um direito.
      Eu sei que não vale de nada...mas lá fui! E sinto-me bem por tê-lo feito.
      Um beijinho grande :)

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  2. Penso como tu, há gente conservadora e gente progressista, gente honrada e gente desonesta, gente solidária e gente cruel, gente podre, estúpida, maldita. Devíamos ter para escolher, e saber fazê-lo. Por desgraça nem sempre as pessoas são o que prometem ser.
    Todos a votar, claro, ainda que seja só para procurar do mal o menos. Beijinho

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    1. É o risco que temos de correr, mas ninguém nos pode tirar este direito que tão difícil foi de conquistar! Se nos enganarem, para a próxima mudamos!
      beijos

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  3. Um excelente registo. O polvo e o fascio causaram arrepio mas fez bem em os colocar, terá mais força a mensagem da liberdade.

    Também vou e irei sempre exercer o meu direito de cidadania.
    Não conhecia esta tela de Chagall, é lindíssima.
    Beijinho. :))

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