domingo, 21 de junho de 2015

O ZAC E O CAMELO!

Zac, na Kikar Atarim, Telavive

As histórias do meu cão Zac são memórias inesquecíveis, de momentos de felicidade e companhia. De alguma angústia também, sobretudo quando caiu por uma ribanceira abaixo, na catarata de São Nicolau, ou foi perseguido por uma porca enfurecida, para os lados da Pousada, em São Tomé.
Sorrio. Porque é a ternura que volta por aquele 'ser' amigo e inteligente que viveu ao nosso lado quase 14 anos - que foram maravilhosos!
Há dias, vi uma fotografia, e recordei a história dele com os camelos de Jerusalém! 
Lá estava o Zac, à entrada da cidade velha, indignado, de rabo alçado, a ladrar a um camelo pacífico e ensonado, indiferente aos seus protestos. 
A verdade é que o Zac já vira camelos em Israel, mas permanecera desinteressado e fingira nem os ver, deitado no assento do carro. 
 Estávamos de passeio pelo Sul, perto do deserto do Neguev, e fomos até Bersheva com o Diogo.

Por quê tanta cólera e antipatia desta vez, em Jerusalém? Para o compreender, temos de voltar uns anos atrás, a Roma, era ele ainda um cachorrinho...

Numa noite de Verão, a Gui leva-o ao cinema ao ar livre, como era habitual tem Roma, nas longas e quentes noites de Verão. E continua a haver dessas "arenas", pois vi uma fotografia deste ano, com 'cinema no Trastevere'!
cinema ao ar livre (2015)

 Nem eu nem ela nos lembramos hoje que filme era, mas passava-se no deserto e entravam camelos! 
E o Zac, cãozinho sempre doce, enervou-se e saltou para o corredor, entre as fileiras de cadeiras dos espectadores, e começou num estardalhaço de gritos agudos e irritados. 
Recordo bem esses seus ladridos de indignação em que quase perdia a voz e se engasgava. 
Depois ficava pensativo, deitava-se na manta, como se fizesse um exame de consciência...

Imagino a Gui a puxá-lo pela trela – a sua trela vermelha de cabedal que lhe passava debaixo dos braços para não magoar o pescoço – e a ralhar-lhe. E ele, a virar-se para o écran, de patas fincadas no chão, continuando a ladrar àquele odiado bicho desconhecido. Tiveram de sair os dois do cinema e a Gui zangou-se e levou-o para casa de castigo. E voltou a sair de certeza. E ele ficou furioso!

Compreendo, pois, o espanto dele quando, muitos anos mais tarde  -até tínhamos vivido 5 anos em São Tomé e vivido tantas coisas juntos!-ele voltou a ver o animal que odiara.
Zac, em São Tomé

E agora, na terra santa, depara-se-lhe um camelo autêntico! O mais engraçado, é que era outra vez a Gui que o levava pela trela. Nessa altura vivíamos em Telavive e tínhamos ido a Jerusalém, íamos a caminho do Muro das Lamentações.

E volta o espectáculo de fúria incontida do meu cão: de patas fincadas na terra e a voz esganiçada, o Zac põe-se a ladrar ao camelo. Outro camelo, sim, mas igual no comportamento que lhe desagradara da primeira vez, e ignoraremos sempre qual fora a razão dessa embirração.

Zac, em Jerusalém

Na fotografia, está ele a cheirar o chão, depois de passada a irritação e calados os ladridos. E a Gui, impávida, a puxá-lo e a olhar para ele com ternura.
Belas recordações!

7 comentários:

  1. Que giro!
    O Zac devia ser mesmo engraçado e um pouquinho temperamental!!
    A Maria João e os animais...fazem histórias de encantar!
    E as pombas já partiram?...

    Gostei muito de ver as fotos que aqui colocou:)

    Um beijinho grande:)

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  2. ~~~
    ~~ Uma narrativa muito interessante e divertida.
    ~~Também gosto de cães e tenho saudades
    semelhantes do meu Óscar, um pastor alemão.

    ~~~ Um Verão excelente e ótima semana. ~~~

    ~~~~~~ Beijinho. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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  3. Tens uma vida cargada de exotismo, inveja me dás.
    Os cães têm uma memória emocional incrível, para o bom e para o mau. Muito temos que aprender desses animais maravilhosos que sabem querer melhor que nós.
    Está um dia fresquinho! Sabe a glória bendita.

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  4. Personalidade forte, a do Zac...
    Belas recordações, sem dúvida!
    Das que ficam para sempre!

    Um beijinho grande.:))

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  5. Maria João,
    Não seria O Lawrence da Arábia, o filme em causa?
    Gostei muito desta história de família. Sim os animais são família, fazem parte dela.
    Beijinho. :))

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    1. Também me lembrei desse filme, Ana... Numa noite de Verão, céu aberto, só podia ser Lawrence da Arábia! Beijinhos

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