domingo, 26 de fevereiro de 2012

Um livro, ou um escritor: Jane Austen e Winchester


Livros e escritores: Jane Austen!

Viajando, viajando, há pouco fui parar a Winchester!

Lembrava-me da canção dos Beatles, “Winchester Cathedral”, mas havia outra memória que não identificava no momento. Para mim  Winchester era algo mais!

Para começar, uma linda catedral. 

A construção da Old Minster, a catedral saxónica, é iniciada por meados de 648. Foi substituída pela Catedral Normanda e finalmente demolida em 1093 quando o velho e o novo edifício se transformam num só. 

Reconstruída, destruída, restaurada... e os séculos vão passando sobre  ela. O  tempo passa por cima dela e  deixa as suas marcas.

Como os diversos estilos que vai acumulando. 

A aparência é grandiosa, sobretudo a vista sobre a Catedral do lado noroeste, mostrando a fachada oeste, a torre, o transepto, a imensa nave...

Relvado em volta, comum em toda a Inglaterra.

Frente à Catedral um adro espaçoso,  lajeado. 

Em redor, a cidade velha, os jardins, as flores, as árvores,  o verde imaculado que nos espreita por toda a parte.

A linda nave central, infinita, os tectos pintados e esculpidos em madeira - que se podem ver nos seus pormenores, através de espelhos sabiamente colocados.

Um jogo de espelhos, de cores, de dourados, de pedra branca.

(Oh! como a Agatha Christie devia gostar disto ela que tanto escreveu sobre os jogos de espelhos.)

Dentro, a luz, os vitrais, as ogivas, os espaços abertos. 

Entusiasmei-me, gostei, e andei de cabeça no ar a ver tudo. 

Um grupo de jovens preparava um concerto e arrastam o peso dos violoncelos até se conseguirem organizar e começar a tocar.

Vou lendo o Guia que comprei à entrada. E, de repente, descubro aquilo de que me esquecera: a escritora Jane Austen está ali enterrada, na Catedral! Era a memória esquecida...

Procuro a nave lateral esquerda. Lá está, na parede de pedra,  a lápide negra com letras gravadas a ouro.

Em baixo, no degrau, um ramo de flores brancas que me pareceu sem vida.
Tinha preferido que não estivesse lá.
Ao lado, havia uma Exposição sobre Jane Austen e os lugares nos arredores de Winchester por onde ela passara, vivera: Bath, Southampton, Chawton, Winchester...

... Até morrer, com uma doença incurável, ainda hoje incerta, na cidade de  Winchester, acompanhada apenas pela irmã, e grande amiga, Cassandra.

É uma personalidade que admiro muito.

Relembro coisas da biografia dela, das opiniões dela, do que ia descobrindo dentro das pessoas em toda a parte.
NOTA: Existe um blog completíssimo sobre Jane Austen: 

Jane Austen nasceu em Steventon e passa muitos anos com  a família no Presbitério (o pai de Jane era Presbítero).


Quando fala, por exemplo, da  realidade -a matéria prima, podíamos dizer...-  sobre a qual escreveu.

Diz em carta de 9 de Setembro de 1814:

"Há três ou quatro famílias nesta aldeia campestre: é o que tenho para trabalhar!”

As mesmas aldeias provincianas de sempre - e as suas gentes –foram o seu material.

Houve, em tempos passados, ainda o pai era vivo, uma estadia em Bath com a família, no ano de 1801.
Bath e as férias


Bath era um local de termas, de convívio nas férias, e aparece muitas vezes citado nos seus romances.

A seguir à morte do pai, em 1806, há a mudança para Southampton com a mãe e as irmãs.

Mais tarde, em 1809, mudam de novo, devido a dificuldades financeiras, para Chawton onde o irmão, rico, lhes empresta a casa.

Muito doente, em 24 de Maio de 1817, decide ir viver para Winchester à procura de um tratamento que a salve. Ali  vai morrer,  em 18 de Julho de 1817.

Segundo a sua biógrafa, Claire Tomalin, nada de especialmente traumático se passara durante a vida dela (tal como, aparentemente, na vida das crianças de que falou Dickens)- tudo parece tão vulgar, tão banal.
Catredal de Winchester, Precinto
Mas não significa que, se olharmos atentamente para a sua infância, tenha sido sempre calma a vida dela no presbitério...

Foi, pelo contrário, -continua Claire Tomalin- uma infância cheia de eventos, de tristeza e de alguns acontecimentos que deixaram nela as suas marcas. (...) Coisas que, no entanto, soube ultrapassar.”

E das quais falou maravilhosamente...

Muito doente, em 24 de Maio de 1817, decide ir viver para Winchester à procura de um tratamento que a salve.

Ali  vai morrer,  em Julho de 1817. 

Deixo-vos o que vi... E com o que escolhi para lerem...
As fotografias de Winchester que não estão legendadas são minhas...

13 comentários:

  1. Belíssimo post.
    Gosto da Jane Austen.
    Capas de livros muito bonitas. Tenho esse "Sensibilidade e bom senso".

    Um beijinho grande e uma boa semana

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  2. Confesso que só vi o filme «Sensibilidade e Bom Senso», de que gostei muito. Bjs!

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    1. Tem de ler, Margarida! penso que a sua sensibilidade vai-se sentir em boa companhia!

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  3. Um post fantástico.
    Uma escritora que tenho que ler. O Orgulho e preconceito anda aqui ao lado do pc há meses, eheheh.
    Beijo meu belo Falcão Lunar.

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  4. Que bom que estiveste em Winchester!
    Viste a Mesa Redonda do Castelo?
    Sei que gostas muito de Jane Austen, só li dela Orgulho e Preconceito.
    Muitos beijinhos

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    1. Sim, É tudo lindo! Vou-te mandar uns links com fotografias.
      Beijinhos

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  5. Postagem muito bela. Há um livro que me despertou um grande interesse: "Aula na Biblioteca", não conhecia.
    Também vi "Sensibilidade e Bom Senso" que me encantou.
    Beijinhos!:)

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    1. Penso que não é um livro, mas sim um poster a falar de uma conferência sobre ela, no Brasil, pela Adriana Zardini que dirige um blog "só" sobre Jane Austen. Muito interessante. beijinhos
      http://www.janeaustenbrasil.com.br/2012/02/mansfield-park-e-para-se-ler-com-calma.html

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  6. MJ,
    Obrigada, não tinha reparado que era um post. Li as suas palavras vi as imagens mas não me detive nelas.
    Corro o risco de superficialidade mas é a vontade de a ver e de não poder estar muito tempo.
    Beijinho.

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  7. MJ,
    Acabei de fazer uma longa a maravilhosa viagem!! Muito obrigada.
    Mas tenho urgentemente que regressar ao trabalho.
    Beijinhos

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