segunda-feira, 19 de março de 2012

Respostas inteligentes: Daniel Pennac e os professores. Obrigada, Professor Pennac!


 Há dias ouvi uma resposta interessante a uma pergunta sobre uma proposta estúpida...

A proposta foi do Presidente – cessante-  da República Francesa apresentou, há tempos, uma nova medida na sua pré- campanha eleitoral (enquanto ainda não era candidato, mas “falava” como se o fosse, dispondo do tempo de antena que a sua função de presidente lhe dava, naturalmente, mas que ele usava, indevidamente, para a sua campanha):

 “Os professores devem trabalhar mais e, assim, podem ganhar mais... Se trabalharem nas suas escolas mais horas, podem perfeitamente ganhar mais 500 euros por mês...”

Como se o problema para um professor fosse "ganhar" mais ou "ganhar" menos...
Como se fosse por isso que entre a "categoria" dos professores se contam as maiores percentagens de depressões. Os professores que  desesperam, lutam, sofrem e se matam!
fotografia de Nouvel Observateur

A resposta foi do escritor Daniel Pennac, professor, pedagogo, autor de livros cheios de interesse "Como um romance", por exemplo, responde a um jornalista que o entrevista a propósito do seu último livro, Journal d'un corps:


Essa afirmação é simplesmente nojenta! Um professor não trabalha para “ganhar” mais. Trabalha o suficiente, já... Quando muito, trabalharia para ensinar mais. Ou melhor. A ideia de rebaixar o trabalho de um professor a mero “ganho” é de um absurdo e de uma ignorância tremendos!”


Gostei mesmo! Obrigada Professor Pennac! 


Quem é Daniel Pennac? para os que o não conheçam ainda:  Daniel Pennac ( Daniel Pennacchioni de seu verdadeiro nome) nasceu em Casablanca, Marrocos, filho de judeus franceses em 1 de Dezembro de 1944. Vem para França ainda adolescente e estuda em Nice.

Faz o curso de professor dos liceus.

Escreve vários livros sobre pedagogia, literatura e o romance (uma trilogia) sobre a Família Malaussène, emigrantes de Marrocos em França. 

O seu livro "Comme un roman" é um "discorrer" sobre livros e leituras e Literatura. Como transmitir o "vírus" da leitura, aos pequeninos? Filhos, sobrinhos, netos renitentes à leitura? Se estiverem interessados, leiam o livro, diz lá tudo...

A sua obra está praticamente toda publicada na edição de bolso Folio.

Em 2007 recebe o Prix Renaudot pelo ensaio “Chagrin d’école” (Gallimard). Em 

Em Fevereiro passado, saiu o livro "Journal d'un corps" (Gallimard)


7 comentários:

  1. Bravo!
    Aplaudo de pé esta resposta.
    Já li "Como um romance", de Daniel Pennac. É fantástico. Trata da liberdade do leitor perante o livro. Ler ou não ler, ler tudo ou parte; saltar folhas. O que ler e como ler.
    Gostei.
    Beijinhos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada, querida Cláudia. O que faz é também um trabalho maravilhoso: e abre os espíritos, como diz a Maria!
      Esse livro faz-me rir e dá-me conforto porque é essa liberdade! Quantas vezes o fazemos (salto 3 páginas, venho relê-las quando me apetece...)mas não sabíamos que ele o aconselhava quase...
      Ler histórias ao deitar aos meus filhos também li.

      Eliminar
  2. Ensinar é comunicar-se, eu sinto a necesidade de "passar" aos meus filhos tudo o que a vida me vai ensinando, sou bastante chata (e completamente gratis...)
    Nem toda a gente pode entender o que é ser professor, sentir esse prazer de contribuir a abrir os espìritos.
    Como vai esse olho?
    Beijinhos grandes

    ResponderEliminar
  3. Tens toda a razão, maria. ensinar é isso mesmo: abrir os espíritos. Tu sabes...
    O olho vai bem, mas amanhã recomeço...
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  4. Também já li "Como um Romance" E gostei.
    Quem fala do trabalho dos professores, e nunca foi professor, bastava fazer uma semana de substituições e já ficava a saber o que é ser professor "no terreno". Mas falam sem saber...
    Beijinhos.
    (É amanhã ou depois de amanhã que recomeça?)

    ResponderEliminar
  5. Hoje não "recomeças", hoje terminas!
    Alegro-me de que voltes a ter esses olhos cheios de luz que vêm tão longe e tão puro.
    Dois beijinhos, um por olho...

    ResponderEliminar
  6. Quem não conhece, no mundo dos professores, o autor dos Direitos do Leitor?! Eu também li essa notícia e aplaudi com entusiasmo. Um país que não valoriza os seus professores, que não olha a Educação como pilar base da sociedade, é um país condenado ao insucesso ou, se calhar..., condenado à actualidade!
    Beijinhos e saudades

    ResponderEliminar