imagem retirada do "Nouvel Observateur", Bob Marley, Mick Jaegger e Peter Tosh
FALANDO DE PETER TOSH, REGGAE E MORTE...
Fiquei contente porque uma revista séria falou há pouco de
Peter Tosh, que há anos não ouvia e que ouvia bastante! (*)
No dia 11 de Setembro de 1987, Peter Tosh foi assassinado, na
sua casa de Kingston na Jamaica, quando estava reunido com os amigos e a mulher
Marlene Brown. Ela recebe uma bala na nuca mas sobrevive, outros dois amigos de Tosh morrem. Ele, atingido por várias balas de espingarda morre imediatamente.
O seu assassino foi Dennis "Teppe" Lobban, um “bad boy” que saíra da cadeia onde cumprira 13 anos e que, possivelmente, vinha à procura de dinheiro.
O seu assassino foi Dennis "Teppe" Lobban, um “bad boy” que saíra da cadeia onde cumprira 13 anos e que, possivelmente, vinha à procura de dinheiro.
Tosh era já uma “star” do reggae, bem conhecida por todo o mundo. Famoso.
Ninguém sabe realmente por que razão Lobban o matou, nem se alguém
lhe pagou para o fazer. O seu julgamento durou, de facto, apenas 11 minutos e a sentença de morte
foi comutada em prisão perpétua rapidamente.
Peter Tosh era um revoltado, um “indignado” avant-la-lettre, que
não aceitava as injustiças do mundo. Um sonhador, talvez.
Agiu contra esse estado de coisas. Cantou essa revolta. Incomodou o governo da Jamaica.
Peter Tosh nasceu perto de Kingston, Jamaica, em 9 de Outubro de 1944.
Menino meio-negro e pobre, cedo conhece a injustiça e o
sofrimento. Depressa descobriu o quanto era duro ser negro e ainda por cima pobre...
Por que não era igual aos outros, pensava, ainda miúdo? Por que razão ele era negro?
Por que não era igual aos outros, pensava, ainda miúdo? Por que razão ele era negro?
Nunca esquecera o pastor que lhe explicou que a cor era “porque
tinha nascido no pecado” .
“Leva-me senhor e ficarei mais branco do que a neve” ...
Então, só a morte o libertaria dessa cor e da diferença?
Revoltou-se. Queria que a sua família saísse da miséria. Eram
gente!
Ganhou alguma coisa? Sim. Foi famoso, respeitado...
Nunca parou de lutar, mas viveu até morrer na angústia e no
medo. Receava as forças do mal, explicava ele, de modo vago. Pensava que as
venceria.
“As forças do mal estão à nossa volta. (...) Mas há algo que
se chama determinação que as pode vencer, que é mais forte do que a morte.”
Com essa determinação, protestou e lutou, tendo em mira as
brutalidades de todo o género, políticas e sociais. Gritou contra o colonianismo, a
desigualdade, o racismo - coisas que denunciou sempre.
O mais terrível é que ele se sentia perseguido desde criança
pelo Anjo da Morte e sabia que um dia acabaria mal. Era o Demónio? A marca do Anjo, à nascença?
Crenças como esta, ligadas ao obeah (magia negra? ), existiam na Jamaica. Os “duffies”,
presenças malignas estavam enraizadas na sua mente, na sua cultura.
Usava drogas, sim "erva", e foi preso por isso. Bateram-lhe, quase
até morrer. A posse de droga era um pretexto. Queriam calar a sua voz.
Depois do discurso apaziguador de Marley, ele veio e ergue a voz, violentamente, contra as desigualdades e injustiças:
“Todos reclamam a paz. Mas ninguém reclama justiça”.
E confessa que esteve para não estar presente no Concerto porque não
acreditava que levasse a lado nenhum esse Concerto para a Paz...
Mas um dia, a morte chega, e as forças do mal, surpreendem-no.
As forças do mal têm muitos rostos, é verdade...
As forças do mal têm muitos rostos, é verdade...
* *
O primeiro álbum gravado chamava-se The Wailers (1964-65): os
Walers eram Peter Tosh (nome verdadeiro Hubert Winston McIntosh), Bunny Wailer (Neville Livingstone
Wailer) e Bob Marley (Robert Rasta Marley).
E, depois, tocou em solo muitos anos.
(*) Le Nouvel Observateur de 15-21 Agosto 2013, “Peter Tosh: la
mort aux trousses”, de Bernard Loupic.
Here comes the sun
Peace Concert
O legado de Peter Tosh continua vigente nas pessoas rebeldes e insubmissas: " Eu não quero paz, quero igualdade e justiça!!"
ResponderEliminarTinha a minha idade, morreu com 43 anos. A sua vida e morte davam uma grande novela sobre a condição humana. Está considerado o melhor músico do reggae. Fizeste bem em recordá-lo, tinha um ollhar fascinante. As grandes vidas acontecem, passam, e não fica quase nada, embora na Jamaica seja um personagem que nunca esquecerão.
Estás bem? Mando-te um beijinho muito fresquinho, e já são onze e meia (aqui).. Estive a fazer yoga, e agora dói-me a cintura, ainda não estou bem da lumbalgia tão forte que me deu.
belo texto ,fala a real
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