quinta-feira, 14 de novembro de 2013

RACISMO TOUT COURT! INDIGNO-ME!


Já agora, outro assunto directamente ligado com  o post de há dias, "O medo e o ódio". No fundo, mais uma forma de racismo... 

Refiro-me desta vez a um artigo de Jean Birnbaum, em Le Monde, a propósito das manifestações de racismo que surgiram e ofenderam a ministra da Justiça francesa, Christiane Taubira,  originária da Guiana Francesa, nascida em 2 de Fevereiro de 1952, em Cayenne.



Em 2001 é a inspiradora, a pedido de Lionel Jospin (então Primeiro Ministro PS), da lei que vai ter o seu nome: a "Loi Taubira" (21 de maio de 2001) que reconhece como "lei memorial o crime contra a humanidade das tratas da escravatura dos negreiros."





 do pintor brasileiro, Pedro Américo: Libertação dos Escravos (1889)

No dia 25 de Outubro passado, a ministra foi recebida, em Angers, poruma manifestação de jovens ligados ao movimento “Manif” - que, antes se criara para protestar contra "le mariage pour tous": movimento anti-gay (e anti uma série de coisas que reflictam o progresso das ideias), aproximando-se na escolha dos "temas" do partido da extrema direita, o FN. 

A Ministra estivera na base da lei que passou, há pouco tempo, do "casamento para todos". Houve uma série de manifestações contra a lei, e criou-se, contra ela, o movimento "manif para todos".


Christiane Taubira, felicitada por Jean-Marc Ayraut, Primeiro Ministro

Christiane Taubira, fotografada há poucos dias

Traziam bananas e gritavam  slogans do tipo: “Para quem é a banana? Para a macaca!”

Birnbaum protesta e indigna-se: “Como foi possível acontecer?”

Mas ele sabe que foi possível e poir que razão o foi. Explica que, no fundo, foi fácil acontecer tanta é a repetição, no quotidiano, de actos e factos de racismo, e o sentimento de impunidade dos mesmos.


A introdução ao livro é de Christiane Taubira


 “O que me chocou foi ver como o racismo se tornou banal. Chocou-me a falta de reprovação que existe contra estes crimes.”

 Os movimentos racistas manifestam-se cada vez mais às claras, na Europa. Passamos da Grécia com o seu movimento neo-nazi, "Aurora Dorada", aos movimentos xenófobos que levaram, na Noruega, à matança de setenta e tal jovens socialistas - só porque o partido de Governo, na altura trabalhista, defendia os emigrantes.

um dos dirigentes de Aurora Dourada, preso depois do assassinato de um jovem "rapista"



Poucos dias antes”, conta  uma candidata do Front National apresentou na sua página FB duas imagens: à esquerda via-se um macaquinho bébé, e, à direita, estava uma fotografia da ministra. A legenda era: “Ela era assim aos oito meses ... e hoje é assim”. 

(...) O mal é que quem ouve ou vê não protesta, não se indigna, finge que não ouviu é  como se  não se passasse nada.”

E continua:

Racismo, homofobia, misoginia, tudo passa, nos tempos que  correm. As pessoas não se querem manifestar contra, com medo do ridículo. Porque a grande diversão do nosso tempo é gritar: “Fora com o politicamente correcto!”

Ora esse politicamente correcto, lembra ele, era, segundo o filósofo Derrida,  um slogan armado: é o pensamento que  critica. 

Criado pelos poderosos grupos conservadores nos USA pretendia ridicularizar uma certa esquerda intelectual – e acabou por se dirigir a todo aquele que protestava contra a injustiça política.

Hoje a afirmação fartos do politicamente correcto é uma forma de intimidação sobre todos os que querem ainda lembrar os princípios e fazer valer a ética.”

Tem razão Birnbaum. Há palavras e afirmações que se tornaram perigosas nos dias de hoje: desabafos como “fartos dos políticos!” ou  “fartos do politicamente correcto!” são slogans de conteúdo vazio, penso, que pode ser preenchido com ideologias populistas ou nacionalistas.


Politicamente correcto é importante que exista essa "ideia". Impedir esse ideal é atacar todo o pensamento crítico. 

Perigoso, portanto!


Flores para Christiane Taubira...

6 comentários:

  1. Os lírios brancos são lindos. O tema narrado é pertinente e faz-nos pensar.
    Obrigada.
    Beijinho. :))

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  2. É muito difícil mudar mentalidades!

    Um beijinho grande :)

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  3. Enquanto existirem muito pobres
    e muito ricos
    o racismo existe
    e deve ser combatido

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  4. Parabéns pela coragem,
    parabéns por pensar com a alma na ponta da língua e da caneta.

    zerafim
    de volta

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  5. Quando há uma crise económica severa, os extremismos conservadores fazem o seu agosto. é sempre assim. Parece incrível que coisas como esta estejam a passar em França, cuna das liberdades e dos direitos humanos. Temos que estar alerta sempre, porque esta gente, embora minoritária, espero que para sempre, em países civilizados, é muito perigosa.
    Beijos

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  6. Parei, lí umas 4 vezes o seu post.
    Procurei mais informação e pensei: meu Deus, tudo de novo. As vezes penso que o que tanto ofende é a própria burrice, o não ser igual, o querer a infelicidade alheia por não não conseguir ser superior.

    Racismo é doença, é medo e por vezes penso até que é falta de surra. O termo poderia ser trocado por "ser humano, decente, honesto, digno".
    Graças que a terra não escolhe ricos e nem pobres, apenas nos engolem, simples assim.
    Os países devem fazer cumprir a igualdade e a dignidade humana, independente da etnia ou da condição de pele que possuam. Vou morrer me indignando, mas peço a Deula que me deixe morrer com força o suficiente para lutar contra essa vergonha que é o racismo.

    bjs sempre

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